domingo, 5 de julho de 2009

Todos tendemos a acreditar que o sofrimento é um sinal de amor verdadeiro, que se recusar a sofrer por amor é egoísmo, e que se um homem tem um problema a mulher deveria, então, ajudá-lo a mudar.
Estas são algumas das crenças que ajudam a criar os sintomas de “mulheres que amam demais”, o vício de amar.
Quando amar significa sofrer, não é amor, é dor.
E dor é sinal de que algo está mal ou doente e precisa ser tratado, cuidado.
Isto não pode ser feito pelo parceiro, não adianta querer que ele faça os curativos, amando incondicionalmente e que proteja de dores passadas e futuras.
Quando atribuímos ao outro o poder de nos fazer felizes é porque temos dificuldade de gostar de nós mesmos, é falta de auto estima e de auto valorização.
Enfim, é falta de amor próprio, e amor próprio não diz respeito ao outro, mas a nós mesmos.
Antes de ser uma dificuldade de relacionar-se com o outro, é uma dificuldade de relacionar-se consigo mesmo.
Como uma pessoa que não se ama pode conseguir acreditar que um outro poderia amá-la?
Parece difícil, não?
Não se sentir digna de amor e incapaz de cuidar de si mesma gera uma imensa necessidade de ser amada, para cobrir esse vazio, e um grande medo de ser rejeitada e abandonada.
Esta é uma crença bastante limitante e, portanto, um caminho estreito em direção ao sofrimento.
Esta postura mental certamente é refletida a nível comportamental, passando uma mensagem inconsciente que atrairá homens inadequados e inacessíveis para cumprir a auto profecia criada pela crença que diz que ela será abandonada por não merecer amor.
Uma pessoa com este padrão mental conseguirá somente relacionamentos difíceis e sofridos, o que não é nada sadio.
Mas, apesar de sofrer, não quer sentir a dor do abandono e quer acreditar que a força do seu amor ou do seu sofrimento poderá mudar o comportamento do outro e obter o amor que deseja.
Assim se esforça e “ama” cada vez mais e mais.
É assim que o amor se torna um vício, onde a mulher se sente dependente deste homem.
A função do vício de uma forma geral é anestesiar a dor de uma realidade intolerável.
No caso do vício de amar, a euforia da paixão e até mesmo o sofrimento anestesia a dor maior de não se amar e de não se sentir capaz de cuidar de si mesma.
Sair desse círculo vicioso sozinha é quase impossível.
É necessária a ajuda de uma terapia e apoio de um grupo terapêutico com profissionais especializados em relacionamentos.
O primeiro passo é o reconhecimento e o caminho para resgatar o poder pessoal é o auto conhecimento.
Crenças e valores funcionam em um nível diferente da realidade e por isso difíceis de mudar com regras de pensamento lógico e racional.
Quanto menos nos conhecemos, mais chance temos de achar que somos errados enquanto pessoa.
Através do auto conhecimento, aprendemos a arte de acreditar que podemos ser felizes e aumentamos nosso potencial para tanto.
Reconhecemos em nós crenças e talentos fortalecedores e transformamos as crenças que nos limitavam criando assim condições para sermos verdadeiramente felizes e conseqüentemente nos relacionarmos mais saudavelmente.
Ser feliz no amor é possível.
Para isso é preciso amar o outro.
Para amar o outro é preciso amar a si mesmo.
Para se amar, é preciso se respeitar.
Para se respeitar é preciso se aceitar.
Para se aceitar é preciso se conhecer.
Seja feliz.

(Eliana Guimarães e Sonia Belotti)

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