segunda-feira, 30 de agosto de 2010


Pensar de forma mais rigorosa é condição necessária para quem deseja ser mais feliz.

1. Pensamos por meio de palavras e frases.
Em nosso processo de reflexão elas desempenham um papel semelhante ao dos números na matemática. Qualquer erro no uso das palavras determina um engano que, na seqüência dos pensamentos, tenderá a se amplificar e nos conduzirá a conclusões cada vez mais equivocadas.
Não se trata de insistir para que sejamos mais atentos ao significado das palavras que utilizamos apenas por purismo ou por um anseio perfeccionista.
Trata-se de não utilizarmos mal nossa mente, já que ela funciona a partir das palavras, frases e suas conclusões que delas extraímos.
Qualquer erro poderá ter conseqüências desastrosas para nosso futuro.
O mais grave é que teremos cada vez mais dificuldade para detectar onde ele está, já que ele costuma se perder na cadeia das nossas reflexões.
2. A forma mais comum de engano no nosso sistema de pensamento deriva de usarmos uma mesma palavra com mais de um sentido.
No caso em questão, a palavra é AMOR.
Na linguagem coloquial, amor é usado como sinônimo de solidariedade, como amor por tudo e por todos aqueles que estão sobre a Terra.
“Eu te amo” é uma expressão usada por um sedutor que conheceu sua "vítima" há poucos minutos e deseja levá-la para a cama.
Pessoas alegres e pouco criteriosas se dizem encantadas e amam com facilidade cada nova pessoa que conhecem.
Uma pessoa egoísta empenhada em se mostrar feliz consigo mesma não titubeia em afirmar: “eu me amo”.
Estamos diante de diferentes usos da mesma palavra: uso equivocado, vazio, idealizado ou maroto. Usamos a palavra amor como o coringa em certos jogos: ela serve para todos os momentos e para todas as situações.
3. Amor é palavra usada e abusada.
É dita por quem tem alguma idéia acerca do seu significado e também por aqueles que a repetem apenas por imitação.
Usa-se mais a palavra amor do que vive-se o sentimento.
E quantas são as pessoas que se sentem felizes no amor?
Pouquíssimas.
E quem é capaz de definir o que seja o amor?
Quase ninguém.
E como podemos pretender nos dar bem nesse campo se não sabemos nem mesmo como conceituar o sentimento?
Peço licença para propor uma definição de amor. Sugiro que acompanhem com atenção a seqüência do pensamento para que possamos iniciar a desenrolar esse intrincado novelo de lã.
A questão é fundamental, pois envolve emoções que nos são fundamentais e em torno das quais temos sofrido muito.
Envolve também um exercício de reflexão, uma introdução à arte de pensar com rigor e precisão, condição importantíssima a ser respeitada quando pretendemos nos aprofundar em qualquer setor da nossa subjetividade -- ao menos por aqueles que pretendam desenvolver uma vida íntima rica, gratificante e criativa.
4. Defino o amor como o sentimento que vivenciamos em relação àquela pessoa cuja presença nos provoca a agradável sensação de aconchego.
O aconchego é fundamental para nós, já que, desde o nascimento, nos sentimos desamparados, ameaçados, inseguros e incompletos.
Nosso primeiro objeto do amor é nossa mãe.
O objeto do amor vai se modificando ao longo da vida, mas em cada fase corresponde a um objeto definido.
Assim, o amor é um fenômeno interpessoal, já que amamos alguém cuja presença nos aconchega.
De acordo com essa definição, não pode existir amor por si mesmo, posto que não me sinto completo e aconchegado quando estou sozinho.
Se me sentisse assim pleno em mim mesmo, o mais provável é que não existiria o amor por outra pessoa, uma vez que o convívio íntimo implica em concessões e dificuldades que só são enfrentadas em decorrência dos benefícios que experimentamos a partir dessa intimidade.
5. Não tenho a menor dúvida de que sexo e amor correspondem a impulsos completamente diferentes, apesar de que sempre foram tratados com parte de um mesmo instinto, especialmente por parte da psicologia psicanalítica tão influente no século XX.
Temos que ter a coragem de discordar até mesmo dos grandes mestres.
Não podemos continuar a repetir suas falas como papagaios.
Temos que poder pensar por conta própria.
Do meu ponto de vista o sexo corresponde a um fenômeno instintivo que se caracteriza pela sensação de excitação que experimentamos ao tocarmos nossas zonas erógenas.
Essa é sua manifestação primeira e que se dá pelo fim do primeiro ano de vida.
É evidente que o processo se sofistica principalmente a partir da puberdade, quando surgem as diferenças físicas entre os sexos e onde entra em cena a excitação que deriva dos estímulos visuais e também aqueles que derivam de fantasias que nossa mente é capaz de construir.
De todo o modo, as diferenças entre amor e sexo são gritantes: amor é a sensação de prazer que deriva do fim da dor relacionada com o desamparo; sexo é um prazer positivo, já que independe da existência prévia de uma dor ou desconforto.
O amor é interpessoal, uma vez que o aconchego depende da presença de uma outra pessoa; o sexo é pessoal, posto que a estimulação das zonas erógenas pode ser feita pela própria pessoa.
O amor é sentido por um objeto definido, ao passo que a excitação sexual independe de objeto definido e pode ser despertada por múltiplas pessoas em um tempo muito curto.
Amor e sexo são impulsos completamente diferentes, que podem ser vivenciados separadamente.
É claro também que combinam muito bem e nada é mais agradável do que trocar carícias eróticas com aquela pessoa que também nos provoca a sensação de aconchego!
6. A partir dessas definições precisas -- e que podem não ser as melhores, substituíveis a qualquer momento por outras igualmente rigorosas -- fica claro como é difícil sustentar como interessantes as expressões “amor próprio”, “amor ao próximo” e principalmente “fazer amor”.
Fica difícil também entender como é que se perpetuou o uso de “auto-estima”, já que, de alguma forma significa o mesmo que amor por si mesmo.
Vamos tentar desfazer essa confusão passo por passo. Fazer amor é expressão usada como sinônimo de trocas eróticas, o que não tem nada a ver com o fenômeno amoroso.
Acredito que a expressão foi cunhada com o intuito de “purificar” os “pecados” do sexo, uma vez que a palavra “amor” daria dignidade e beleza ao que era visto como sujo e indigno.
Amor é um sentimento e não se “faz” um sentimento.
É comum que as trocas eróticas se dêem entre aqueles que se amam.
Porém, não sei se a prática sexual não é mais comum entre os que não se amam -- e que muitas vezes nem mesmo se conhecem.
Transar é expressão bastante mais adequada para descrever as trocas eróticas que envolvem um relacionamento sexual.
7. Amor ao próximo pressupõe um sentimento difuso de amor por todas as pessoas, o que não está de acordo com a idéia de que o sentimento só se manifesta em relação a quem nos provoca aconchego.
Pode existir uma certa sensação de aconchego quando nos sentimos integrados em um grupo maior, como por exemplo quando nos sentimos parte de um povo, de uma pátria.
Penso que a melhor palavra para definir esse outro tipo de aconchego derivado de nos sentirmos integrados em um todo maior é solidariedade.
Solidariedade é um sentimento humano sofisticado, através do qual nos integramos em uma dada comunidade.
Nos sentimos parte dela, co-responsáveis por seu destino e dispostos mesmo a morrer em sua defesa. Nossa identidade se afrouxa, de modo que nos tornamos antes uma ínfima parte daquele todo e depois nós mesmos.
Nosso destino se identifica com o destino daquele grupo.
O sentimento pode nos fazer integrado a toda a humanidade, o nos permite entender as palavras do poeta quando ele fala “desses pobres de nós seres humanos”.
8. Outras vezes usamos, inadequadamente, a expressão amor ao próximo para descrever situações nas quais não estamos integrados mas estamos preocupados com as pessoas que nos cercam.
Compaixão descreve um sentimento derivado de nos sentirmos sofridos em virtude de nos identificarmos com o sofrimento daqueles que estão à nossa volta.
Determina um desejo de ajudar aqueles que estão necessitados.
É um sentimento vivido por alguém que se encontra em uma boa condição mas que se incomoda com o fato dela não ser compartilhada por outros membros do grupo.
Na solidariedade, somos parte do grupo e nos sentimos integrados nele.
Na compaixão, estamos fora do grupo e sofremos com as dores dele. Em nenhum dos casos cabe a expressão “amor ao próximo”, quase sempre usada quando nos preocupamos com o destino daqueles que nos cercam e principalmente quando nos preocupamos em ajudar os que estão próximos.
Daí outra confusão, através da qual se costuma dizer que “amar é dar”.
Amar é amar e dar é dar! Trata-se de dois verbos com significado completamente diferente.
9. Amor próprio e auto-estima derivam da idéia de que existiria um efetivo amor por si mesmo, o que contraria frontalmente a definição de amor que venho defendendo há 25 anos.
Acontece que existe alguma coisa que sentimos em relação a nós mesmos.
Só que não se trata de um ingrediente amoroso e sim sexual.
Não existe amor por si mesmo mas existe um importante elemento auto-erótico.
Existe um tipo de excitação sexual que deriva de nos sentirmos importantes, valorizados, olhados com admiração.
Corresponde ao que chamo de vaidade.
Vaidade é conceito mais útil do que narcisismo, já que esse último implica na continuidade da confusão entre sexo e amor.
Narcisismo não seria amor por si mesmo mas sim erotismo focado em si mesmo; para esse fim, a palavra vaidade presta melhores serviços.
Por força da interferência da razão, a vaidade também está a serviço da preservação da nossa integridade. Ela nos protege contra ofensas sutis à nossa pessoa, aquelas que ferem nossa vaidade.
Ela nos protege porque, quando ofendidos , sentimos o oposto da sensação positiva da vaidade, que é a humilhação.
Humilhação é a dolorosa sensação que vivenciamos quando somos depreciados, olhados com desprezo ou desdém.
Dizemos que temos amor próprio quando nos insurgimos contra situações de humilhação.
O termo ideal para substituir amor próprio talvez seja orgulho - ou seria honra?
Nos sentimos ofendidos e gravemente feridos quando somos tratados de modo desconsiderado, o que nos provoca a sensação de humilhação, o que ofende nosso orgulho.
O fenômeno não é amoroso e a ofensa nos incomoda mesmo quando vem de alguém que mal conhecemos.
É claro que nos magoa mais quando somos agredidos por aqueles que nos são caros -- e mais ainda pelo amado.
10. Auto-estima, apesar de estima significar afeição, diz respeito ao juízo que fazemos de nós mesmos. Nossa auto-estima é boa quando somos e agimos de uma forma que nós próprios aprovamos; a auto-estima é baixa quando nós mesmos não estamos concordando com nossos procedimentos.
É claro que a opinião dos outros pode interferir em nossa auto-estima.
Porém, um elogio ou qualquer ação externa que nos enalteça não nos provocará nenhum efeito se não estivermos satisfeitos com nossas posturas.
É fato também que uma crítica vinda de fora, dirigida a quem já está tendo um juízo negativo de si mesmo, será muito mais facilmente absorvida.
Não consigo pensar numa boa expressão que substitua “auto-estima” com vantagem.
Reafirmo, porém, que não se trata de gostar de si mesmo e que uma boa auto-estima depende de estarmos vivendo de acordo com nossas próprias convicções.
11. O que pensar quando se ouve uma multidão de indivíduos repetir, sem qualquer esforço reflexivo, que "ara ser capaz de amar uma pessoa tem que, antes, amar a si mesma"?
A frase lembra aquela que se lê na Bíblia, que pede que amemos o próximo como a nós mesmos.
Não sou um bom entendedor do texto bíblico mas creio que o termo amor foi usado num sentido muito mais amplo do que descrevi nesse texto.
Penso que o texto bíblico pede às pessoas que tratem seus semelhantes com a consideração, respeito e zelo que esperam ser tratados.
A reflexão é antes de tudo moral, na qual uma pessoa não deveria se atribuir mais direitos do que aqueles atribuídos às outras.
Não creio que esteja se referindo ao relacionamento íntimo entre duas pessoas.
Por outro lado, se refletirmos sob a ótica da psicanálise, o narcisista -- aquele que, segundo essa teoria, ama a si mesmo -- não é capaz de amar outras pessoas.
O amor se concentra em si mesmo por medo de se deslocar em direção ao outro.
Medo sim, pois sabemos que o amor envolve risco de sofrimento derivado de uma eventual perda; sabemos que o narcisista é criatura imatura e que, por tolerar mal dores e frustrações, não se arrisca. Assim, não tendo capacidade para amar, apenas espera receber amor dos outros, além de amar a si mesmo.
Essa também não é minha convicção, já que pessoas assim imaturas e medrosas não têm boa auto-estima. Fingem estar bem consigo mesmas mas é só aparência.
No fundo, sabem que são um blefe e porisso mesmo se tornam invejosas daqueles que são mais corajosos.
Assim, não creio que se amem, de modo que, mesmo se respeitarmos as teses psicanalíticas, não deveriam ser chamadas de narcisistas.
Se existisse amor por si mesmo, como já escrevi, provavelmente não existiria o amor como o vivenciamos.
Quem é corajoso, ousa amar e tenta aliviar o desamparo através do aconchego que a presença do outro determina.
Quem tiver boa auto-estima -- e isso é muito diferente de amar a si mesmo -- será, isso sim, capaz de escolher melhor o parceiro, uma vez que se considerará com direito a uma companhia à altura do julgamento que faz de si mesmo.

Flávio Gikovate
domingo, 29 de agosto de 2010



Tudo que se quer no mundo é saber o que vai acontecer, e, para isso, nada como uma boa cartomante.
Mas será que ainda existe alguma?
Eu tive a minha, que morava num apartamento modesto, num bairro modesto, e chegava à sala passando por uma cortina de contas ordinária e usando um vestido de seda estampado.
O baralho era velho, sebento, e Jandira – esse era seu nome – muito simpática.
Embaralhava as cartas devagar, olhando dentro dos meus olhos, mandava que cortasse com a mão esquerda e a primeira coisa que dizia era:
“Estou vendo um homem na sua vida, mas ele está longe; ainda não chegou ou vocês brigaram?”
Elementar: mulher que procura a cartomante é porque as coisas não vão bem no amor.
Aí, continuava:
“É preciso tomar cuidado com uma mulher que está te afastando dele e quer te fazer mal”.
Se aparecesse a dama de ouros, era loira; se fosse a de paus, morena.
Cartomante era – ou é – coisa de mulheres.
O que elas, de todas as idades, queriam saber é se o homem que amavam ia voltar.
E a resposta das cartas era sempre sim.
No final da consulta, chegava a hora de confirmar as previsões.
Jandira embaralhava as cartas de novo, pedia para cortar e separar em três montinhos – sempre com a mão esquerda.
Depois de um momento de suspense, dizia que sim, ele ia voltar, mas era preciso tomar cuidado com a tal mulher. .
E a gente saía toda feliz.
E ainda tinha as simpatias.
Uma delas mandava cortar uma mecha do cabelo do homem amado enquanto ele estivesse dormindo, botar num saquinho feito com um lenço roubado (dele) e usar dentro do sutiã durante 15 dias.
Outra era assim: você devia acender duas velas e colocar bem juntinhas num pires com mel.
Se fizesse isso todos os dias, estava garantido um futuro cheio de felicidades.
Mas atenção: as velas tinham que ser acesas à meia-noite em ponto, e a simpatia só daria certo se elas queimassem até o fim.
Quanta ingenuidade, quanta inocência...
Como era bom.
Mas o mundo mudou.
Vieram os psicanalistas, os astrólogos, e ninguém mais acreditou nas cartas; as cartas que – diziam – não mentem jamais.
Com todo o respeito a doutor Freud, no tempo das cartomantes a vida era mais romântica.
Hoje as pessoas olham o passado – o delas e o dos outros – para tentar compreender o presente.
Os traumas da infância justificam as atuais neuroses, e nas mesas de botequim todos se sentem capazes de dar palpites, desde o “Ele sente culpa porque a mãe sofreu” até “É medo de encarar uma mulher liberada como você”; e por aí vão, no embalo do chopinho, decifrando a natureza humana.
Ninguém quer se comprometer.
Se você vai a um médico com dor de cabeça – 500 reais –, ele indaga sobre as doenças que já teve, pede um monte de exames e diz que diagnóstico só depois dos resultados.
Quando pergunta ao amigo se ele acha que você vai conseguir o trabalho com que mais sonha, ele responde que não é adivinho.
Ah, que saudade das cartomantes que sempre sabiam tudo e sempre davam esperanças.
E melhor: elas só diziam o que queríamos ouvir.

Danuza Leão

Seria tão bom um mundo em que as pessoas não falassem.
As palavras com frequência causam desentendimentos, batebocas.
Será que os surdos-mudos brigam?
Pense um pouco: você chega numa banca, aponta o jornal, paga, e nenhuma palavra é necessária.
Num restaurante, é possível fazer o pedido apenas apontando para o cardápio – seja para as comidas, seja para as bebidas –, e, se for uma cerveja, basta levantar o polegar e a loirinha virá estupidamente gelada.
Os filmes seriam todos mudos, como já foram, e todos entenderiam tudo, como já entenderam, pois um olhar é suficiente para mostrar qualquer emoção.
Começando pelo elementar: é possível distinguir, pelo olhar, um sim de um não, seja na hora de procurar um trabalho, seja na hora de cortejar uma mulher. .
Por acaso, é preciso algum som, alguma palavra, para um homem perceber quanto ela está encantada com a presença dele ou quanto gostaria que ele sumisse do mapa?
Um olhar pode ser mais eloquente do que um Aurélio inteiro.
Para ser generosa, é preciso falar?
Para mostrar que se tem carinho, ódio, autoridade, rigor, bom humor, honestidade, é preciso pronunciar uma palavra que seja?
É preciso mais do que um olhar para saber se alguém é sério ou malandro?
Sons, sim, mas só os musicais.
Os passarinhos poderiam continuar cantando, o barulho do vento seria sempre bem-vindo e as ondas do mar quebrando na praia continuariam fascinando todos.
Os estrondos das trovoadas também poderiam acontecer – às vezes – para rapidamente deitarmos a cabeça no ombro do homem amado, pensando que ali o raio não iria, nunca, nos atingir.
Tudo isso sem que uma só palavra fosse dita – e precisa?
Palavras, sim, mas só as escritas.
Crianças são bem mais espertas do que se imagina; quando elas não gostam de alguém, geralmente têm suas razões, sem que esse alguém as tenha insultado com palavras.
É só no olho – elas entendem das coisas.
Uma mulher sabe perfeitamente com que intenções um homem a encara e sabe também responder à altura: dá o sinal verde – ou o vermelho – sem precisar emitir um único som.
Aliás, algumas são muito mais sensíveis a um olhar do que às conversas; a essas elas já estão acostumadas, e nelas não devem acreditar.
Existe também o pior de todos os olhares: aquele frio, desinteressado, indiferente.
Quando você suspeita que alguém está mentindo, a primeira coisa que diz é:
“Quero ver você dizer isso olhando nos meus olhos”.
Dificilmente alguém consegue sustentar uma mentira com os olhos; só a atriz Meryl Streep, talvez.
Um mundo silencioso, em que as pessoas se entendessem apenas pelo olhar, seria mais verdadeiro, mas talvez impossível, já que as palavras foram inventadas com uma única finalidade: esconder os pensamentos.
Por mais ingênua que seja uma mulher, ela sempre intercepta o olhar de desejo do seu homem por outra mulher, mesmo que ele dure uma fração de segundo, às vezes antes de ele mesmo perceber.
E, quando isso acontece e ela demonstra ciúmes, é chamada de louca.

Danuza Leão
sábado, 28 de agosto de 2010


Quando a gente conhece uma pessoa, construímos uma imagem dela.
Esta imagem tem a ver com o que ela é de verdade, tem a ver com as nossas expectativas e tem muito a ver com o que ela "vende" de si mesma.
É pelo resultado disso tudo que nos apaixonamos.
Se esta pessoa for bem parecida com a imagem que projetou em nós, desfazer-se deste amor, mais tarde, não será tão penoso.
Restará a saudade, talvez uma pequena mágoa, mas nada que resista por muito tempo.
No final, sobreviverão as boas lembranças.
Mas se esta pessoa "inventou" um personagem e você caiu na arapuca, aí, somado à dor da separação, virá um processo mais lento e sofrido: a de desconstrução daquela pessoa que você achou que era real.
Desconstruindo Flávia, desconstruindo Gilson, desconstruindo Marcelo.
Milhares de pessoas estão vivendo seus dias aparentemente numa boa, mas por dentro estão desconstruindo ilusões, tudo porque se apaixonaram por uma fraude, não por alguém autêntico.
Ok, é natural que, numa aproximação, a gente "venda" mais nossas qualidades que defeitos.
Ninguém vai iniciar uma história dizendo: muito prazer, eu sou arrogante, preguiçoso e cleptomaníaco. Nada disso, é a hora de fazer charme.
Mas isso é no começo.
Uma vez o romance engatado, aí as defesas são postas de lado e a gente mostra quem realmente é, nossas gracinhas e nossas imperfeições.
Isso se formos honestos.
Os desonestos do amor são aqueles que fabricam idéias e atitudes, até que um dia cansam da brincadeira, deixam cair a máscara e o outro fica ali, atônito.
Quem se apaixonou por um falsário, tem que desconstruí-lo para se desapaixonar.
É um sufoco.
Exige que você reconheça que foi seduzido por uma fantasia, que você é capaz de se deixar confundir, que o seu desejo de amar é mais forte do que sua astúcia.
Significa encarar que alguém por quem você dedicou um sentimento nobre e verdadeiro não chegou a existir, tudo não passou de uma representação – e olha, talvez até não tenha sido por mal, pode ser que esta pessoa nem conheça a si mesma, por isso ela se inventa.
A gente resiste muito a aceitar que alguém que amamos não é, e nem nunca foi, especial.
Que sorte quando a gente sabe com quem está lidando: mesmo que venha a desamá-lo um dia, tudo o que foi construído se manterá de pé.

Martha Medeiros

Durante uma vida a gente é capaz de sentir de tudo, são inúmeras as sensações que nos invadem, e delas a arte igualmente já se serviu com fartura.
Paixão, saudades, culpa, dor-de-cotovelo, remorso, excitação, otimismo, desejo – sabemos reconhecer cada uma destas alegrias e tristezas, não há muita novidade, já vivenciamos um pouco de cada coisa, e o que não foi vivenciado foi ao menos testemunhado através de filmes, novelas, letras de música.
Há um sentimento, no entanto, que não aparece muito, não protagoniza cenas de cinema nem vira versos com freqüência, e quando a gente sente na própria pele, é como se fosse uma visita incômoda.
De humilhação que falo.
Há muitas maneiras de uma pessoa se sentir humilhada.
A mais comum é aquela em que alguém nos menospreza diretamente, nos reduz, nos coloca no nosso devido lugar - que lugar é este que não permite movimento, travessia?.
Geralmente são opressões hierárquicas: patrão-empregado, professor-aluno, adulto-criança.
Respeitamos a hierarquia, mas não engolimos a soberba alheia, e este tipo de humilhação só não causa maior estrago porque sabemos que ele é fruto da arrogância, e os arrogantes nada mais são do que pessoas com complexo de inferioridade.
Humilham para não se sentirem humilhados.
Mas e quando a humilhação não é fruto da hierarquia, mas de algo muito maior e mais massacrante: o desconhecimento sobre nós mesmos?
Tentamos superar uma dor antiga e não conseguimos.
Procuramos ficar amigos de quem já amamos e caímos em velhas ciladas armadas pelo coração. Oferecemos nosso corpo e nosso carinho para quem já não precisa nem de um nem de outro.
Motivos nobres, mas os resultados são vexatórios.
Nesses casos, não houve maldade, ninguém pretendeu nos desdenhar.
Estivemos apenas enfrentando o desconhecido: nós mesmos, nossas fraquezas, nossas emoções mais escondidas, aquelas que julgávamos superadas, para sempre adormecidas, mas que de vez em quando acordam para, impiedosas, nos colocar em nosso devido lugar.

Martha Medeiros


O casamento é permanente, o namoro é provisório.
O amor é permanente, a paixão é provisória.
Uma profissão é permanente, um emprego é provisório.
Um endereço é permanente, uma estada é provisória.
A arte é permanente, a tendência é provisória.
De acordo?
Nem eu.
Um casamento que dura 20 anos é provisório.
Não somos repetições de nós mesmos, a cada instante somos surpreendidos por novos pensamentos que nos chegam através da leitura, do cinema, da meditação.
O que eu fui ontem, anteontem, já é memória.
Escada vencida degrau por degrau, mas o que eu sou neste momento é o que conta, minhas decisões valem pra agora, hoje é o meu dia, nenhum outro.
Amor permanente... como a gente se agarra nesta ilusão.
Pois se nem o amor pela gente mesmo resiste tanto tempo sem umas reavaliações.
Por isso nos transformamos, temos sede de aprender, de nos melhorar, de deixar pra trás nossos imensuráveis erros, nossos achaques, nossos preconceitos, tudo o que fizemos achando que era certo e hoje condenamos.
O amor se infiltra dentro da nós, mas seguem todos em movimento: você, o amor da sua vida e o que vocês sentem.
Tudo pulsando independentemente, e passíveis de se desgarrar um do outro.
Um endereço não é pra sempre, uma profissão pode ser jogada pela janela, a amizade é fortíssima até encontrar uma desilusão ainda mais forte, a arte passa por ciclos, e se tudo isso é soberano e tem valor supremo, é porque hoje acreditamos nisso, hoje somos superiores ao passado e ao futuro, agora é que nossa crença se estabiliza, a necessidade se manifesta, a vontade se impõe – até que o tempo vire.
Faço menos planos e cultivo menos recordações.
Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço.
Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço seus limites com as mãos, é nele que me instalo e vivo com a integridade possível.
Canso menos, me divirto mais, e não perco a fé por constatar o óbvio: tudo é provisório, inclusive nós.

Martha Medeiros
quarta-feira, 25 de agosto de 2010


Você sabia que a saúde se faz presente quando o estado psicológico está em harmonia com o espírito?
Quando algo vai mal ou seja, quando você insiste em adotar posturas de vida inadequadas , o organismo começa a emitir alguns sinais que vão determinar algum tipo de doença.
Posturas de vida inadequadas?
Pois é...
Nem sempre temos a lucidez necessária para escolher os melhores caminhos diante de situações complicadas.
É difícil selecionar aquilo que faz bem ao nosso espírito.
Costumamos nos guiar por "acho que" e "tenho que" — vivemos alimentando preconceitos e crenças impostos pela sociedade.
Sim, nós vivemos coletivamente, mas é necessário respeitar as características e convicções de cada ser.
Doença é o espírito sinalizando que você está fazendo opções contrárias à sua realização pessoal.
E não pense que essa sensação de desconforto e incômodo acontece apenas no corpo.
Ela pode surgir também na sua vida familiar, afetiva, sexual, profissional e social.
Se alguma dessas áreas está em desequilíbrio, é porque seu espírito está tentando chamar sua atenção: "Olha o que você está fazendo comigo!".
O que há? Anda desanimada?
Fique esperta, pois isso também acaba com sua saúde e sua força. .
Por outro lado, se você mantém o prazer em viver, aceita a realidade, tem vitalidade e vigor, aumenta o próprio bem-estar.
Então, não perca tempo: pare e repense sua maneira de ser e agir diante do desconforto pelo qual está passando.
E procure ser uma pessoa melhor no dia-a-dia. Isso se chama evolução.
Para o espírito, é essa vivência que conta.
Se um dia você viveu de maneira melhor, trate de resgatar essa sensação, para não ficar doente.
Mas calma lá, hein!
Essa maneira de viver melhor não tem nada a ver com valores de moral e ideologia.
Também não estou falando aqui de tomar atitudes políticas.
Nada a ver.
O espírito desconhece essas questões.
O que ele considera?
Apenas a sua vivência — ou seja, o que você viveu, experimentou, sentiu e realizou.
Esse, sim, é o seu melhor.
E cada um tem um.
Como eu disse, tudo evolui.
Há tempos, o que havia de melhor para você, em sua vivência, era uma coisa.
Hoje, pode ser outra, e amanhã outra ainda.
Essa é a exigência da saúde.
Seu espírito exige que você mantenha a melhor atitude, o melhor conhecimento, o melhor de você mesma a cada minuto.
Esse é o espírito da saúde!
E digo mais: confie em si mesma e encare a vida com alegria.
Assim, você colherá ótimos resultados.
Não substitua a realidade por fantasias.
Alimentá-las vai fazer você ficar estagnada e distante da felicidade.
Momentos difíceis?
Sim, todos nós temos de vencer desafios.
Então, diga a si mesma:
"Estou sempre do meu lado.
Não vou me abater.
Vou largar qualquer tipo de revolta.
Vou centralizar minha energia no meu melhor, porque eu sou o melhor.
Se eu erro, não há problema — isso é supernatural.
O importante é que estou caminhando para essa situação melhor, sempre.
E, com certeza, vou agarrar todas as chances que me ajudam em minha realização pessoal."

Luiz Gasparetto


Aprenda a errar e será fácil acertar!
Sabia que o erro é um ensaio para o acerto?
Se acha isso bobagem, prepare-se para abandonar de vez essa postura.
Todos os seus erros foram certos porque é com eles que você descobre e entende o caminho que deve seguir...
Trabalho, dinheiro, casa, marido ou companheiro, filhos, cuidados pessoais pra ficar linda...
Eu sei o quanto a vida exige.
O resultado é que normalmente a gente liga tudo no piloto automatico e nem percebe que algumas posturas comprometem a felicidade.
Eu já disse que o universo está sempre trabalhando a nosso favor, certo?
Mas isso só vai acontecer se você colaborar, porque ele trabalha coordenado por você.
Uma pessoa que está investindo muito no medo por certo não vai produzir algo bacana.
As forças só atuam quando alimentamos a positividade.
Veja a arrogância.
Todo mundo tem uma dose dela: aquele nosso lado que critica a realidade.
Pois arrogância é falta de aceitação.
Muita gente pensa que aceitar é ser uma pata-choca.
Não, não estou falando de conformismo, e sim de lidar com a realidade de forma inteligente , cada vez que bate de frente com ela, você cria campos de rejeição.
Resultado: as forças invisíveis respondem à altura e seus caminhos se fecham.
Quer outro exemplo?
Criticar alguém é querer ser juiz.
Temos que ter é compaixão!
E o que é isso?
É ser realista e entender a pessoa por suas condições, compreender onde está seu ponto fraco.
O arrogante crítica, acima de tudo, a si mesmo.
Quando ele não tem o desempenho que idealiza, se culpa, se cobra, se enche de energia negativa.
E depois não sabe por que as coisa vão mal.
Você pode até dizer:"Mas eu pensei que sentir culpa é ser modesta".
É nada.
Sentir culpa é sinal de que você é uma grande pretensiosa.
Por que você acha que deveria ser isso ou aquilo?
Já olhou para si?
Aí está a maldade.
É obvio que é bom exigir sempre mais de nós.
Mas essa de que "deveria", nada a ver!
Por isso, precisamos desenvolver o estado de pureza: a ausência total de arrogância e a aceitação integral dos fatos.
Pare de brigar com a realidade.
Se insistir nisso, sua vida será uma confusão.
Quando você começa a cultivar a pureza, sua mente fica mais clara, o sono e a saúde melhoram, você passa a ter prazer, fica bem, descansada e nada te preocupa.
Tenha em mente que os caminhos são experiências para a evolução.
Errar é muito importante , deixe de ser arrogante e permita-se errar.
E, sobretudo, abençoe seu erro, aproveitando cada aprendizado que ele traz a você.

Luiz Antonio Gasparetto


Para começarmos, podemos dividir todo tipo de felicidade e sofrimento em duas categorias principais: mental e física.
Das duas, é a mente que exerce a maior influência em muitos de nós.
A menos que estejamos gravemente doentes, ou privados de nossas necessidades básicas, a condição física representa um papel secundário na vida.
Se o corpo está satisfeito, praticamente o ignoramos.
A mente, entretanto, registra cada evento, por mais pequeno que seja.
Por isso, deveríamos devotar nossos mais sérios esforços à produção da paz mental.
A partir de minha própria limitada experiência, descobri que o mais alto grau de tranqüilidade interior vem do desenvolvimento do amor e da compaixão.
Quanto mais nos ocuparmos com a felicidade alheia, maior se tornará nossa sensação de bem-estar.
O cultivo de sentimentos amorosos, calorosos e próximos para com os outros automaticamente descansa a mente.
Isto ajuda a remover quaisquer temores ou inseguranças que possamos ter e, nos dá força para enfrentarmos quaisquer obstáculos que encontramos.
É a principal fonte de sucesso na vida.
Enquanto vivemos neste mundo estamos destinados a encontrar problemas.
Se, nessas ocasiões, perdemos a esperança e nos desencorajamos, diminuímos nossa habilidade de encarar as dificuldades.
Se, por outro lado, nos lembramos que não se trata apenas de nós, mas, que todos têm de passar por sofrimento, esta perspectiva mais realista aumentará nossa capacidade e determinação para sobrepujarmos os problemas.
Na verdade, com essa atitude, cada novo obstáculo pode ser encarado como sendo mais uma valiosa oportunidade de aprimorar nossa mente!
Desse modo, podemos gradualmente nos esforçar para nos tornarmos mais compassivos, ou seja, podemos desenvolver tanto a genuína empatia pelo sofrimento dos outros, quanto a vontade de ajudar a remover sua dor.
Como resultado, crescerão nossas próprias serenidade e força interior.

Dalai Lama
domingo, 22 de agosto de 2010


Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum.
É uma lucidez vazia, como explicar?
Assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo, pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço.
Além do que ,que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano  já me aconteceu antes.

Clarice Lispector

No ano passado...
Já repararam como é bom dizer "o ano passado"?
É como quem já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra margem...
Tudo sim, tudo mesmo!
Porque, embora nesse "tudo" se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraordinária sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas desencarnadas.
Mas no ano passado, como eu ia dizendo, ou mais precisamente, no último dia do ano passado deparei com um despacho da Associeted Press em que, depois de anunciado como se comemoraria nos diversos países da Europa a chegada do Ano Novo, informava-se o seguinte, que bem merece um parágrafo à parte:
"Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo atirará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados".
Ótimo!
O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu próprio pela janela, tendo apenas no bolso, à guisa de explicação para as autoridades, um recorte do referido despacho.
Mas seria levar muito longe uma simples metáfora, aliás praticamente irrealizável, porque resido num andar térreo.
E, por outro lado, metáforas a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas concretas. Metáforas são para aproveitar em versos...
Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.
Morri?
Não.
Ressuscitei.
Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova.

(Mário Quintana)


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê, quem sente não é quem é, atento ao que sou e vejo,torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo ,é do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem , assisto à minha passagem, diverso, móbil e só.
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo, o que passou a esquecer.
Noto à margem do que li ,o que julguei que senti.
Releio e digo : 'Fui eu ?'
Deus sabe, porque o escreveu.

(Fernando Pessoa)


Quero tudo novo de novo.
Quero não sentir medo.
Quero me entregar mais, me jogar mais, amar mais.
Viajar até cansar.
Quero sair pelo mundo.
Quero fins de semana de praia.
Aproveitar os amigos e abraçá-los mais.
Quero ver mais filmes e comer mais pipoca, ler mais.
Sair mais.
Quero um trabalho novo.
Quero não me atrasar tanto, nem me preocupar tanto.
Quero morar sozinha, quero ter momentos de paz.
Quero dançar mais.
Comer mais brigadeiro de panela, acordar mais cedo e economizar mais.
Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais.
Pensar mais e pensar menos.
Andar mais de bicicleta.
Ir mais vezes ao parque.
Quero ser feliz, quero sossego, quero outra tatuagem.
Quero me olhar mais.
Cortar mais os cabelos.
Tomar mais sol e mais banho de chuva.
Preciso me concentrar mais, delirar mais.
Não quero esperar mais, quero fazer mais, suar mais, cantar mais e mais.
Quero conhecer mais pessoas.
Quero olhar para frente e só o necessário para trás.
Quero olhar nos olhos do que fez sofrer e sorrir e abraçar, sem mágoa.
Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa.
Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão.
Quero aceitar menos, indagar mais, ousar mais.
Experimentar mais.
Quero menos “mas”.
Quero não sentir tanta saudade.
Quero mais e tudo o mais.
“E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha".

(Fernando Pessoa)
quinta-feira, 19 de agosto de 2010


Todos desejamos nos relacionar bem com os outros, em qualquer setor de nossas vidas.
Afinal, é na qualidade dos nossos relacionamentos que se baseia a conquista da nossa felicidade.
Sem tal expertise, você esbarra em desentendimentos, mal-entendidos, distorções da realidade.
Cria situações equivocadas, de resultados desagradáveis.
Além disso, aprender a lidar bem com o próximo é saber lidar consigo mesma de forma objetiva e verdadeira.
É como se você se colocasse diante de um espelho, que, além de refletir sua forma física, mostrasse também seu mundo interior.
Viciada em olhar para fora, talvez você não saiba como fazer isso.
Mas não é difícil e sempre há tempo de começar.
O primeiro passo?
Feche os olhos para o mundo exterior.
Ignore os pensamentos que surgirem e procure mergulhar fundo no que sente.
Se algum pensamento intervir, mande-o embora.
Com um pouco de treinamento você vai conseguir.
É nesse momento que irá ligar-se com o seu eu interior, tomando consciência do que seu espírito precisa para ficar bem.
Quais aspirações ele trouxe para esta vida, quais fatores são importantes para seu progresso.
Inclusive, revela a sua vocação que, se respeitada, lhe trará prosperidade e realização profissional.
O espírito possui dentro de si todos os elementos que precisa para progredir nesta vida.
Se bem utilizados, proporcionarão experiências muito ricas de amadurecimento interior - sem necessidade de sofrimento para o crescimento espiritual.
Mas atenção à diferença que há entre o que pensamos e o que sentimos!
Nosso pensamento reflete crenças aprendidas (quase sempre erradas!), veiculadas conforme a cultura do país.
São passadas de pais para filhos ou ministradas por professores.
Sem nenhuma comprovação, nenhuma delas resistiriaa uma análise mais apurada.
Assim, o tempo se encarrega de desmenti-las.
Já quando buscamos os nossos sentimentos, estamos percebendo o que somos.
Nesse momento, nossos medos aparecem com nitidez e precisamos enfrentá-los.
O fato de ignorarmos nosso espírito nos faz temer a morte, limita nossa ousadia, apaga nossa luz, coloca-nos na mediocridade e na depressão.
Entretanto, se buscarmos ir mais fundo em nossos sentimentos, vamos conhecer nosso lado verdadeiro. Aquele espaço onde desejamos o melhor, amamos a beleza, a harmonia, a paz.
Desejamos querer bem e ser queridos.
Aprofundando-nos mais, chegaremos ao nosso lado ético, iluminado, onde se reflete a essência divina. Então, experimentaremos um enorme respeito pelo próximo, pela vida, pela natureza e desejaremos participar ativamente de tudo que proporcione não só o nosso bem-estar, mas também o do próximo.
Se você perseverar nesse exercício, vai chegar a um ponto de equilíbrio mais eficiente.
Mudar sua maneira de olhar os fatos do dia a dia, agir de forma diferente do que fazia.
Isso melhorará o resultado de todos os acontecimentos de sua vida.
Sua intuição ficará mais clara, levando-a a perceber com mais facilidade como se relacionar com os outros.
Acautelando-se quanto aos pontos fracos ou confiando mais em quem merece, terá sucesso em todos os seus relacionamentos.
Vencidos seus medos, a vida lhe dará provas dos valores eternos do espírito.
Para obter tudo isso, autoconhecimento é fundamental!
Você precisará querer, valorizar seu universo interior, libertar-se das convenções do mundo, abrir as portas do seu espírito.
Tudo isso para, afinal, permitir que aflore todas as qualidades que ele possui, expressando-se em toda a sua força, beleza e luz.
Zíbia Gasparetto
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
 

Corto ou não corto uma franja?
Quantas calorias terá aquela mousse de maracujá que está piscando pra mim?
Telefono para aquele cafajeste?
Ó, dúvida cruel!
Todo santo dia nos perguntamos: Será? Será?
Cruel, que nada.
Duvidar é preciso.
A hesitação é que move o mundo.
Se soubéssemos de tudo, a monotonia acabaria com nossas emoções, com nossas divagações, com nossos ensaios de aventura.
A dúvida é aliada, prorroga a partida, garante uma sobrevida ao que está prestes a findar.
E o que há no fim?
A certeza.
Passamos a vida procurando respostas, quando a graça de tudo está nas perguntas.
São as inquietações que geram obras de arte e nos impulsionam para desafios.
Será possível construir um edifício de 250 andares?
Existe vida em Urano?
Um dia poderemos voar de São Paulo a Paris em cinco horas?
A dúvida é a principal matéria-prima da ciência, da pesquisa espacial, da engenharia genética e da reprodução da espécie.
"Filhos, melhor não tê-los, mas se não temos, como sabê-los?"
A dúvida de Vinícius de Moraes é a mesma de todos nós, e o mundo segue cada vez mais povoado.
Até aí nada de novo.
Mas será a dúvida bem-vinda entre casais apaixonados?
Não, respondem em coro os pombinhos.
Todos querem ter certeza de que são amados, de que não serão traídos nem jogados pra escanteio.
Uma vez respondida nossa ansiedade, passamos a buscar novas dúvidas.
Será que continuo atraente?
Será que alguém ainda moveria montanhas por mim?
Quanto tempo me resta?
Não resta dúvida: a certeza é a pior inimiga.
É o caminho mais curto para a decadência.
Destrói carreiras brilhantes ("sou um gênio, não preciso aprender mais nada").
Ofusca a curiosidade ("já vi tudo o que queria ver nesse mundo").
Engana o coração ("essa mulher nunca vai me deixar").
A certeza é uma víbora.
É por isso que eu digo: um pouquinho de mistério não faz mal a ninguém.
É recomendável não fechar portas, nem questões, nem ter medo de contradizer-se.
A vida anda em alta velocidade, e dúvidas e certezas se mesclam no caminho, impossibilitando saber onde termina uma e começa a outra.
O melhor é viver como se estivéssemos todos ao redor de uma mesa de pôquer.
A dúvida pode ser um blefe, mas costuma vencer o jogo.
 
Martha Medeiros


Todos sentem necessidade de amar, e esta necessidade geralmente é satisfeita quando encontramos o objeto de nosso amor e com ele mantemos uma relação freqüente e feliz.
Pois bem. Enquanto vamos juntinhos à feira escolher frutas e verduras, enquanto mandamos consertar a infiltração do banheiro e enquanto vemos televisão sentados lado a lado no sofá, o que fazemos com nossa necessidade de desejar?
Lendo Alain de Botton, um escritor inglês que já foi mencionado nesta coluna, deparei-me com essa questão: amor e desejo podem ser conciliáveis no início de uma relação, mas despedem-se ao longo do convívio.
Só por um milagre você vai ouvir seu coração batendo acelerado ao ver seu marido chegando do trabalho, depois de vê-lo fazendo a mesma coisa há cinco, dez, quinze anos.
Ao ouvir a voz dela no telefone, você também não sentirá nenhum friozinho na barriga, ainda mais se o que ela tem para dizer é "não chegue tarde hoje que vamos jantar na mamãe".
Você ama o seu namorado, você ama a sua mulher.
Mais que isso: você os tem.
Mas a gente só deseja aquilo que não tem.
O problema da infidelidade passa por aqui.
Muitos acreditam que a pessoa que foi infiel não ama mais seu parceiro: não é verdade.
Ama e tem atração física, inclusive, mas não consegue mais desejá-lo, porque já o tem.
Fica então aquele vácuo, aquela lacuna, aquela maldita vontade de novamente desejar alguém e ser desejado, o que só é possível entre pessoas que ainda não se conquistaram.
Não é preciso arranjar um amante para resolver o problema.
Há recursos outros: flertes virtuais, fantasias eróticas, paqueras inconseqüentes.
Tem muita gente aí fora a fim de entrar nesse jogo sem se envolver, sem colocar em risco o amor conquistado, porque sabe que a troca não compensa.
Amor é jóia rara, o resto é diversão.
Mas uma diversão que precisa ter seu espaço, até para salvar o amor do cansaço.
Necessidade de amar x necessidade de desejar.
Os conservadores temem reconhecer as diferenças entre uma e outra.
Os galinhas agarram-se a essa justificativa.
E os moderados tratam de administrar essa arapuca.

Martha Medeiros
domingo, 15 de agosto de 2010



O sorriso é uma característica importantíssima das feições humanas.
No entanto, em decorrência da inteligência, mesmo esse aspecto positivo da natureza humana pode ser usado de modo incorreto, como por exemplo os sorrisos sarcásticos ou diplomáticos, que só servem para criar suspeitas.
Acho que um sorriso verdadeiro, afetuoso é indispensável no nosso dia a dia.
Como criamos esse sorriso, depende principalmente da nossa própria atitude.
É ilógico esperar sorrisos dos outros se nós mesmos não sorrimos.
Portanto, podemos ver que muitas coisas dependem do nosso próprio comportamento.
 
(texto de Dalai Lama no livro "O Livro da Sabedoria")

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“As palavras são a voz do coração. Onde quer que você vá,vá com todo o coração. Por muito longe que o espírito alcance,nunca irá tão longe como o coração.”(Confúcio)

Quem sou eu

Sou uma pessoa de bem com a vida e dificilmente você me verá de mau humor.Tento levar a risca o ditado "não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você". Procuro me rodear de pessoas alegres e que me olham nos olhos quando eu falo. Acredito que energia positiva atrai energia positiva.

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