quinta-feira, 1 de setembro de 2011
11:23:00
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Reflexos do meu ser
Quando um casal se separa, nenhum dos dois fica muito bem, claro; mas um sempre fica pior do que o outro.
O que tomou as rédeas da separação sabe, mesmo sofrendo, que do jeito que estava não era mais possível; sabe também que depois de algum tempo a vida vai ficar melhor.
A única coisa que atrapalha é saber que o outro está sofrendo.
Acontece com certa frequência que a separação tenha ocorrido porque apareceu outra pessoa, e nesse caso é preciso tomar todos os cuidados para não ferir quem foi deixado – não mais do que o necessário.
Mesmo sendo o sofrimento inevitável, não custa nada poupar quem, durante um tempo, fez parte da nossa vida.
Digamos que o personagem dessa história banal seja você, que se casou, um dia se apaixonou por outro, se separou e está pronta para ser feliz de novo.
Ótimo.
Mas, para manter certa elegância, é providencial guardar uma quarentena em relação a tudo o que diz respeito à nova vida sentimental que começa.
Passando da teoria à prática, vá na noite da primeira sexta-feira da nova solteirice para a casa do novo amado.
Vocês dois, tão felizes, peguem papel e lápis para fazer duas listas.
Da primeira farão parte os lugares aonde poderão ir nos próximos tempos; da segunda, aqueles onde não podem – não devem – aparecer sob hipótese alguma.
Detalhe: quarentena de amor dura 90 dias.
O novo casal deve fazer um pacto: já que houve troca de parceiro, devem continuar na linha da troca.
Ok, eles adoram um restaurante japonês, mas existem o da moda e os outros.
Ah, os outros não são tão bons?
Se o atum não é tão bem cortado, qual o problema?
Para quem está tão feliz, qual a importância de, por uns tempos, comer um pouquinho menos bem?
Por outro lado, nada mais simples do que pedir um sushi, o melhor da cidade, em casa.
Aliás, um sushi, uma feijoada, um acarajé, tudo hoje pode ser pedido por telefone, e melhor do que qualquer caviar é se espichar no sofá comendo pipoca feita no micro-ondas quando o amor é novo.
E se todos os filhos – os meus, os seus, os nossos – estiverem na mesma escola, manda a sensatez que os filhos do que quis a separação troquem de colégio.
Apenas uma tentativa para preservar as relações familiares.
Se quiserem dar aquela corrida básica, não há a menor necessidade de ir correr em Ipanema ou na Lagoa domingo de manhã, e encontrar todos os amigos – ou ex-amigos (muitos terão de ser trocados também).
Para quem quer mesmo se exercitar existem a Barra, a Floresta da Tijuca, as praias de Niterói, e se os novos namorados acham que é pouco, o Ibirapuera está ali mesmo, a 50 minutos de voo, em São Paulo.
Se a vida fosse como deveria ser, essa mulher que encontrou um homem que, tudo indica, vai fazê-la feliz deveria pensar às vezes no que deixou para trás.
No que está só, talvez se sentindo humilhado e sem nenhuma esperança – ainda – de voltar a se apaixonar.
Não, não é preciso pensar nele com muita frequência.
Basta, por uns tempos, evitar a exibição de sua nova felicidade – o que, aliás, não custa. Apenas uma questão de delicadeza.
Danuza Leão
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10:50:00
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Reflexos do meu ser
Uma mulher tem muitas vidas e alguns maridos.
A primeira separação é sempre muito triste; aliás, todas são.
Costumam ser de três tipos: ou porque não deu – e se sofre muito; ou porque ele a largou por outra – e se sofre muito; ou porque você o largou por outro – e aí também se sofre muito.
A lição que recebi na vida foi: seja independente para nunca precisar financeiramente de marido – nem de ninguém – e para poder dizer não a hora que quiser, a quem quiser.
Grande lição, e cumprida à risca.
E você?
Passou uns dois anos sem saber se devia ou não se separar.
Afinal, não tinha razão grave para tomar essa decisão, mas, de uns tempos para cá, o casamento andava sem graça e estava claro que não era feliz.
Sabia que tinha que enfrentar a família, os filhos e o próprio, que ia levar o maior susto.
Tinha chegado a hora, e no dia em que ele saiu de casa pensou: “Ufa!”
A primeira providência que tomou foi mudar o segredo da fechadura: ex-maridos saem de casa, mas voltam e enfiam a chave na porta (para ver as crianças).
Agora é uma mulher livre.
Ainda vai enfrentar chantagens e baixarias quando chegar o capítulo separação dos bens, que inclui da tesourinha ao DVD, da cartela de Lexotan aos discos, essas coisas.
Ele é capaz de querer dividir até o faqueiro e a louça – afinal, vai ter que montar casa e foi você quem quis se separar.
Deixe.
Deixe levar o que bem entender para evitar a discussão que ele tanto quer.
Deixe pensando na delícia que vai ser morar sem nada e comprar tudo novo aos pouquinhos.
A próxima providência é trocar a cama.
A nova deve ser menor, mas não tão pequena que não caibam dois, você e o futuro namorado.
Quando o amor é novo, a gente gosta de dormir juntinho.
Por isso, 1,20 metro de largura é suficiente.
Encoste a nova cama na parede, como se fosse um sofá.
Quando seu ex vier buscar as crianças para o fim de semana e subir – eles sobem sempre –, vai achar que uma cama menor significa que você encerrou sua vida sexual; mal sabe ele.
Eles saem, e você se vê, depois de anos, inteiramente só.
E, por mais que ame os filhos, nada melhor do que às vezes passar um fim de semana sem eles.
O que faz uma mulher nessa hora?
Uma vodca, claro.
Espichada no sofá da sala, você se lembra de tudo pelo que passou para esse momento chegar e poder tomar quantas vodcas quiser, de calcinha e sutiã, ouvindo um CD.
Com ele não podia fazer isso, claro.
Danuza Leão
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- Sou uma pessoa de bem com a vida e dificilmente você me verá de mau humor.Tento levar a risca o ditado "não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você". Procuro me rodear de pessoas alegres e que me olham nos olhos quando eu falo. Acredito que energia positiva atrai energia positiva.
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