terça-feira, 31 de janeiro de 2012


Se for verdade que a cada dia basta a sua carga, por que então teimamos em carregar para o dia seguinte nossas mágoas e dores?
Há ainda os que carregam para a semana seguinte, o mês seguinte e anos afora...
Apegamos-nos ao sofrimento, ao ressentimento, como nos apegamos a essas coisinhas que guardamos nas nossas gavetas, sabendo inúteis, mas sem coragem para jogar fora.
Vivemos com o lixo da existência, quando tudo seria mais claro e límpido com o coração renovado.
As marcas e cicatrizes ficam para nos lembrar da vida, do que fomos, do que fizemos e do que devemos evitar.
Não inventaram ainda uma cirurgia plástica da alma, onde podem tirar todas as nossas vivências e nos deixar como novos.
Ainda bem.
Não devemos nos esquecer do nosso passado, de onde viemos, do que fizemos dos caminhos que atravessamos.
Não podemos nos esquecer nossas vitórias, nossas quedas e nossas lutas.
Menos ainda das pessoas que encontramos essas que direcionaram nossa vida, muitas vezes sem saber.
O que não podemos é carregar dia-a-dia, com teimosia, o ódio, o rancor, as mágoas, o sentimento de derrota.
Acredite ou não, mas perdoar a quem nos feriu dói mais na pessoa do que o ódio que podemos sentir toda uma vida.
As mágoas envelhecidas transparecem no nosso rosto e nos nossos atos e moldam nossa existência.
Precisamos, com muita coragem e ousadia, abrir a gaveta do nosso coração e dizer: eu não preciso mais disso, isso aqui não me traz nenhum benefício e eu posso viver sem.
E quando só ficarem as lembranças das festas, do bem que nos fizeram, das rosas secas, mas carregadas de amor, mais espaço haverá para novas experiências, novos encontros.
Seremos mais leves, mais fáceis de ser carregados mesmo por aqueles que já nos amam.
Não é a expressão do rosto que mostra o que vai dentro do coração?
De coração aberto e limpo nos tornamos mais bonitos e atrativos e as coisas boas começarão a acontecer.
Luz atrai, beleza atrai.
Tente a experiência!...
Sua vida é única e merece que, a cada dia, você dê uma chance para que ela seja rica e feliz.

( Letícia Thompson )



Não é para falar de livros, esta crônica.
É para falar de capacidade.
Do quanto somos ou não capazes de enfrentar nossas limitações, capazes de noites em claro, capazes de questionar nossa própria sanidade.
Do quanto somos incapazes para fórmulas prontas, incapazes de concordar cegamente com o que parece fazer sentido, incapazes de dizer amém.
Do que você é capaz?
Sou capaz de quase tudo, talvez até de matar e morrer, se a dor for insuportável.
Sou capaz para o ilegal, o imoral e o insano, só não me sinto capaz para o injusto...
Sou capaz para o segredo, sou capaz para o inferno, sou capaz para o silêncio, sou capaz para o irrecuperável, sou capaz para o fracasso, sou capaz para o medo, sou capaz para o bizarro.
Minha incapacidade é para a frescura, para a fofoca, para a vaidade, para a seriedade que conferem ao que é irrelevante, e quase tudo é irrelevante, quase tudo que está à vista.
Sou capaz para o que não conheço e torno-me quase incapaz para o que conheço bem demais.
Sou pouco capaz para a matemática, para física, para a culinária, para a religião.
Talvez seja capaz para a mediunidade, mas nunca tentei.
Sou capaz para a loucura, mas costumo frear a tempo.
E, quando preciso de solidão, sou capaz de me declarar inábil para tudo o mais, na esperança secreta de ser deixada em paz.”

(Martha Medeiros)


"Não sei exatamente em que momento comecei a despertar.
Só sei que tudo começou a ganhar uma cara que, no fundo, eu já conhecia, mas havia esquecido como era.
Comecei a despertar do sono estéril que, com suas mãos feitas de medo e neblina, fez minha alma calar.
E foi então que comecei a ouvir o canto de força e ternura que a vida tem.
Não sei exatamente em que momento comecei a despertar.
Só sei que ninguém começa a despertar antes do instante em que algo em nós consegue deixar à mostra o truque que o medo faz.
Só então a gente começa, devagarinho, para não assustar o medo, a refazer o caminho que nos leva a parir estrelas por dentro e a querer presentear o mundo com o brilho do riso que elas cantam.
Só então a gente começa a entender o que é esse sol que mora no coração de todas as coisas.
Não importa com que roupa elas se vistam: ele está lá.
Não sei exatamente em que momento comecei a despertar.
Só sei que comecei a lembrar de onde é o céu e a perceber que o inferno é onde a gente mora quando tudo é sono.
Comecei a sair dos meus desertos.
E a olhar, ainda que timidamente, para todas as miragens, sem tanto desprezo, entendendo que havia um motivo para que elas estivessem exatamente onde as coloquei.
Nenhum livro, nenhum sábio, nada poderia me ensinar o que cada uma me trouxe e o que, com o passar do tempo, continuo aprendendo com elas.
Dizem que só é possível entendermos alguns pedaços da vida olhando para eles em retrospectiva.
Acho que é verdade.
Não sei exatamente em que momento comecei a despertar.
Só sei que comecei a compreender o respeito e a reverência que a experiência humana merece.
A me dar conta de delícias que passaram despercebidas durante um sono inteiro.
E a lembrar do que estou fazendo aqui.
Ainda que eu não faça. Ainda que os vícios que o sono deixou costumem me atrapalhar.
Ainda que, de vez em quando, finja continuar dormindo.
Mas não tenho mais tanta pressa.
Comecei a aprender a ser mais gentil com o meu passo.
Afinal, não há lugar algum para chegar além de mim.
Eu sou a viajante e a viagem.
Não sei exatamente em que momento comecei a despertar.
Só sei que comecei a querer brincar, com uma percepção mais nítida do que é o brinquedo, mas também com um olhar mais puro para o que é o prazer.
A ouvir o chamado da minha alma e a querer desenhar uma vida que passe por ele.
A assumir a intenção de acordar a cada manhã sabendo para o quê estou levantando e comprometida com isso, seja lá o que isso for, porque, definitivamente, cansei de perambular pelos dias sem um compromisso genuíno.
E comecei a gritar por liberdade de uma forma que me surpreendeu.
Antes eu também gritava, mas o medo sufocava o grito para que eu não me desse conta do quanto estava presa.
Não sei exatamente em que momento comecei a despertar.
Só sei que comecei a desejar menos entender de onde vim e a desejar mais aprender a estar aqui a cada agora.
Só sei que descobri que a solidão é estar longe da própria alma.
Que ninguém pode nos ferir sem a nossa cumplicidade.
Que, sem que a gente perceba, estamos o tempo todo criando o que vivemos.
Que o nosso menor gesto toca toda a vida porque nada está separado.
Que a fé é uma palavra curta que arrumamos para denominar essa amplidão que é o nosso próprio poder.
Não sei exatamente em que momento comecei a despertar.
Só sei que não importam todos os rabiscos que já fizemos nem todos os papéis amassados na lixeira, porque todo texto bom de ser lido antes foi rascunho.
E, por mais belo que seja, é natural que, ao relê-lo, percebamos uma palavra para ser acrescentada, trocada, excluída.
A ausência de uma vírgula.
A necessidade de um ponto.
Uma interrogação que surge de repente.
Viver é refazer o próprio texto muitas, incontáveis, vezes.
Não sei exatamente em que momento comecei a despertar.
O que sei é que não quero aquele sono outra vez."
 
Ana Jácomo
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Para haver mudanças a primeira atitude a ser tomada é querer.
Somos assombrados pelas mais variadas influencias.
Cultura da época, educação vigente, família reguladora, castradora e muitas vezes preconceituosa, nos levam a formatar um sistema de crenças inútil e muitas vezes contra nós mesmos.
Claro que escolhemos esse enredo e palco para viver! N
ão estou falando de nossas escolhas anteriores ao nascimento.
Mas se não percebemos cedo essa influencia, estaremos fadados ao fracasso e à depressão.
Quantas vez você não ouviu de familiares que você não servia pra nada, que não ia dar certo, ou mesmo que o seu futuro era incerto por conta da sua incompetência ou mesmo burrice?
Quantas vezes você foi manipulado(a) porque era generoso(a) e as pessoas se serviam disso para sugarem tudo o que você podia oferecer?
Quantas vezes você abriu mão de sua vida pessoal ou mesmo de seu dinheiro suado para ajudar aqueles que perceberam que você não conseguia dizer não?
O importante desse quadro não é culpar os "contratados" por te ajudarem nesse filme de sua vida.
Eles são assim mesmos, egoístas, avarentos, muitas vezes perversos, mas que veem nesse encontro com você a oportunidade de saírem dos degraus em que espiritualmente se encontram.
Ninguém consegue contratar um ser de luz para fazer o papel de mau em sua vida.
O cidadão é mau mesmo e vê nessa oportunidade o caminho de evoluir.
Então o que fazer?
Se você resistir às mudanças ficará preso nesse enredo ruim e repetitivo de sua vida.
E o que resiste, persiste.
Mudar é sair dessa forma de viver e aprender e saborear outros formatos de experiências, sem sofrimentos desnecessários e laços manipuladores.
É a lição do desapego que nos faz acordar e deixar ir aqueles que insistem em nos torturar física e emocionalmente.
Romper com essa doença emocional de ficar perto daqueles que não nos respeitam e não nos amam e que ainda estão numa frequência de vibração ruim, perversa, manipuladora é o primeiro passo.
Permita-se viver uma nova realidade mais aprazível, mais justa, mais amorosa com a vida.
Permita que DEUS, essa maravilhosa essência que habita em você retome o controle sobre a sua existência.
ELE é a sua matéria prima e só irá tomar as rédeas do seu trajeto de vida se você parar de RESISTIR e não dar mais poder ao seu EGO que tem apenas te vendido baratinho para o sofrimento.
O EGO não te protege de nada só te deixa cair em roubadas pela quantidade de achismos que ele te impõe, pela limitação de sua visão, pois o Ego é apenas a sua encarnação atual tentando sobreviver numa visão curta e pobre do TODO.
ACEITE, PERMITA, CREIA e assim o seu livre-arbítrio estará sendo respeitado até mesmo por DEUS.


Vera Ghimmel

Pesquisando sobre o livre-arbítrio, deparei-me com a seguinte questão:
Se temos escolhas, por que escolhemos viver o nosso aprendizado pelo sofrimento?
O que nos leva, além do remorso, sentimento de culpa e variáveis no tema, a ficar se arrastando pela vida com toda sorte de provocações cruéis e até perversas?
Foi, então, que descobri que podemos escolher trilhar o caminho do amor ou da dor.
O caminho da dor é um projeto reencarnatório baseado em nosso entendimento do momento que mesmo estando desencarnado, prevalece.
Ele é baseado na nossa avaliação sobre nós mesmos, nossos sentimentos e nossa sintonia e quem manda é o EGO que está mais forte no momento da preparação para a nova encarnação.
É um rascunho de uma travessia que temos que viver aqui, mas sob a égide do sofrer.
O caminho do amor, mesmo iniciando a trilha pelo projeto reencarnatório egóico, é o caminho que podemos mudar e ele vem a ser o fluxo da intenção do universo, que pode se manifestar através de nós.
Aqui o Ego não apita, apenas observa na maioria do tempo.
É nesse momento que a sincronicidade se estabelece.
A dualidade que é fruto do projeto livre-arbítrio do Ego, não mais rege a sua vida.
Mas esbarramos em outro problema.
Como saber se estamos ou não conseguindo passar de um caminho de regência de nossa vida para o outro?
Simples.
Quando paramos de julgar ou de viver de passado e de expectativas de futuro.
Não que sejamos proibidos de visitar essas duas pontas.
Mas é o tempo que se fica nelas.
O passado só se pode reeditar o seu significado, pois não são os fatos que nos aborrecem, mas sim a interpretação que fazemos deles e o futuro só pode ser construído, se pousarmos a nossa total atenção no presente.
Minha avó Mariazinha, sábia senhora portuguesa, dizia -me sempre que intenção era tudo!
A intenção abre as possibilidades sobre aquele fato focalizado.
A intenção precede o desejo e é a senha de entrada no Universo.
Passar, em definitivo, para o caminho do amor, é confiar.
É ter a certeza de que estamos sendo conduzidos por um amoroso condutor de nossas vidas e que estaremos sempre onde devemos estar e fazendo o que precisamos fazer.
Cria-se assim uma ressonância prazerosa com a vida e obtemos resultados de prosperidade, de realizações, de amor, de saúde e de leveza. Sim, a vida se torna mais leve.
Paramos de "lutar" com ela.
Isso nada tem a ver com o caminho do amor.
Descobrimos que está nos acontecendo pelo sentimento que nos invade: amor incondicional e solidariedade!

Vera Ghimmel
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Chega um momento em que a gente se dá conta de que, às vezes, para sermos verdadeiros com nós mesmos, precisamos ter o desprendimento para abençoar as tentativas sem êxito, agradecer pelo o que cada uma nos ensinou, e seguir.
De que, às vezes, para se reconstruir, é preciso demolir construções que, por mais atraentes que sejam, não são coerentes com a idéia da nossa vida.
A gente se dá conta do quanto somos protegidos quando estamos em harmonia com o nosso coração.
De que o nosso coração é essencialmente puro.
Essencialmente, amoroso, o bordador capaz de tecer as belezas que se manifestam no território das formas.
De que, sabedores ou não, é ele que tem as chaves para as portas que dão acesso aos jardins de Deus.
E, vez ou outra, quando em plena comunhão criativa, entra lá, pega uma muda de planta e traz para fazê-la florescer no canteiro do mundo.

Ana Jácomo

Chega um momento, depois de algum caminho percorrido, em que a gente pode até considerar que avançou menos do que supunha, mas entende ter avançado o máximo que conseguiu até então.
E a gente agradece, com gentileza e compaixão por todos os caminhantes, porque somente quem caminha sabe o valor, o tamanho, a conquista, de que é feita a história de cada único passo.
Há quem pare no meio da estrada e se enrede no suposto cansaço que mente o medo de prosseguir.
Há quem corra tão freneticamente de si mesmo que nem percebe a paisagem ao seu redor.
Há quem pareça recuar dois passos para cada um alcançado.
No fim das contas, todos avançam, de uma forma ou de outra, ainda que, aos próprios olhos e aos alheios, o avanço seja imperceptível.
E, nos trechos da jornada em que já é possível caminhar com mais atenção, respirando os sentimentos singulares de cada passo, a gente percebe que não há exatamente um lugar onde chegar.
Nós somos o lugar.
A gente percebe que pode aprender a relaxar e a usufruir também da viagem e que essa é forma mais hábil e generosa de avanço.
Não há movimento que se assemelhe àquele que nasce de um coração contente.

Ana Jácomo
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
 
Fico imaginando, às vezes, se saberia viver um dia em que eu não tivesse que nada.
Um dia sem expectativas.
Sem lugar algum onde chegar.
Que fosse surpresa e improviso.
Um dia de cara risonha ou não, mas de cara sem maquiagem.
Genuíno.
Verdadeiro.
Em que eu pudesse experimentar a liberdade de uma criança.
Que apenas vive.
Apenas é.
Sem tentar dar nome a tudo o que sente.
Sem simular o que não sente.
Sem ter que questionar, compreender, responder.
Sem ter que.
Um dia sem medo algum.
Em que ao amanhecer para ele, eu pudesse largar o suposto comando e deixar o vento desenhar a rota.
Leme e bússola, esquecidos.
Eu, distraída, fluindo, sendo, com o movimento do mar.
Um dia diferente de todos os outros e igual no desejo de me fazer feliz.
De me sentir inteira.
De ser.
Um dia em que eu pudesse afrouxar a roupa de carne e osso.
Deixar o julgamento repousar.
Permitir que o caminho se mostrasse a cada passo que o coração desse, sem perguntar aonde ele me levaria, porque ao menos nesse dia eu teria o sentimento nítido de que o meu coração sabe exatamente para onde me leva.
Fico imaginando se eu seria capaz de me dar esse dia e se eu saberia vivê-lo, porque a liberdade também pode assustar.
Muitas vezes nos sentimos próximos de abrir a porta da cela que nos mantém cativos e recuamos.
Não temos ainda coragem suficiente para atravessá-la, pois tudo o que conhecemos é como se sentir preso e, ainda que isso já nos cause desconforto, temos medo de atravessar a porta.
Um dia em que não tivesse que desempenhar nenhum dos papéis que afirmo serem meus, porque não existiria papel algum.
Nem palco.
Nem roteiro.
Nem com quem contracenar.
Aqueles que eu encontrasse também não caberiam dentro de nenhuma personagem.
E eu os olharia como se fossem livres para ser simplesmente quem são.
Livres de qualquer história que não fosse aquela que o próprio coração escrevesse.
E porque despertaria com olhos frescos, nesse dia eu olharia para cada pessoa do meu convívio como se olhasse pela primeira vez.
E descobriria, provavelmente, em cada uma delas, nuances, belezas, singularidades, que meus olhos acostumados não percebem mais.
Olharia com o puro olhar.
Sem que nada pudesse confundi-lo nem disfarçar-lhe algum detalhe.
Talvez até me desse conta de que muito do que afirmo ver não passa de distorções que surgem nos tempos em que a gente se afasta muito da própria alma e passa a ter dificuldade de enxergar o que realmente importa.
Fico imaginando se eu saberia viver esse dia, porque com todos os apelos cotidianos, a gente pode se desacostumar com a liberdade.
Um dia que acontecesse como uma colônia de férias para a alma.
Que tivesse o cheiro da chuva quando toca a aridez.
Um dia sem censor, em que a vida respirasse relaxada.
Em que trocássemos tanto amor que parecessemos ter o coração beijado pela vida.
E em que o tal cansaço que experimentamos não nos impedisse de sentir que estamos vivos, porque muitas vezes nos comportamos como se não lembrássemos disso.
 
Ana Jácomo

Se você ama, diga que ama.
Não tem essa de não precisar dizer porque o outro já sabe.
Se sabe, maravilha, mas esse é um conhecimento que nunca está concluído.
Pede inúmeras e ternas atualizações.
Economizar amor é avareza.
Coisa de quem funciona na frequência da escassez.
De quem tem medo de gastar sentimento e lhe faltar depois.
É terrível viver contando moedinhas de afeto.
Há amor suficiente.
Há amor para todo mundo.
Há amor para quem quer se conectar com ele.
Não perdemos quando damos: ganhamos junto.
Quanto mais a gente faz o amor circular, mas amor a gente tem.
Não é lorota.
Basta sentir nas interações do dia-a-dia, esse nosso caderno de exercícios.
Se você ama, diga que ama.
A gente pode sentir que é amado, mas sempre gosta de ouvir e ouvir e ouvir.
É música de qualidade.
Tão melodiosa, que muitas vezes, mesmo sem conseguir externar, sentimos uma vontade imensa de pedir: diz de novo?
Dizer não dói, não arranca pedaço, requer poucas palavras e pode caber no intervalo entre uma inspiração e outra, sem brecha para se encontrar esconderijo na justificativa de falta de tempo.
Sim, dizer, em alguns casos, pode exigir entendimentos prévios com o orgulho, com a bobagem do só-digo-se-o-outro-disser, com a coragem de dissolver uma camada e outra dessas defesas que a gente cria ao longo do caminho e quando percebe mais parecem uma muralha.
Essas coisas que, no fim das contas, só servem para nos afastar da vida.
De nós mesmos.
Do amor.
Se você ama, diga que ama.
Diga o seu conforto por saber que aquela vida e a sua vida se olham amorosamente e têm um lugar de encontro.
Diga a sua gratidão.
O seu contentamento.
A festa que acontece em você toda vez que lembra que o outro existe.
E se for muito difícil dizer com palavras, diga de outras maneiras que também possam ser ouvidas.
Prepare surpresas.
Borde delicadezas no tecido às vezes áspero das horas.
Reinaugure gestos de companheirismo.
Mas, não deixe para depois.
Depois é um tempo sempre duvidoso.
Depois é distante daqui.
Depois é sei lá.

Ana Jácomo


Algumas pessoas se destacam para nós.
Não há argumento capaz de nos fazer entender exatamente como isso acontece.
Porquê dançam conosco com mais leveza nessa coreografia bela, e tantas vezes atrapalhada, dos encontros humanos.
Muitas vezes tentamos explicar, em vão, a medida do nosso bem-querer.
A doçura de que é feito o olhar que lhes dirigimos.
O sentimento que nos move para ajudá-las a despertar um único sorriso.
Não importa quando as encontramos no nosso caminho.
Parece que estão na nossa vida desde sempre e que mesmo depois dela permanecerão conosco.
É tão rico compartilhar a jornada com elas que nos surpreende lembrar de que houve um tempo em que ainda não sabíamos que existiam.
É até possível que tenhamos sentido saudade mesmo antes de conhecê-las.
O que sentimos vibra além dos papéis, das afinidades, da roupa de gente que usam. Transcende a forma.
Remete à essência.
Toca o que a gente não vê.
O que não passa.
O que é.
Por elas nos sentimos capazes das belezas mais inéditas.
Se estão felizes, é como se a festa fosse nossa.
Se estão em perigo, o aperto é nosso também.
Com elas, o coração da gente descansa.
Nós nos sentimos em casa, descalços, vestidos de nós mesmos.
O afeto flui com facilidade rara.
Somos aceitos, amados, bem-vindos, quando o tempo é de sol e quando o tempo é de chuva.
Na expressão das nossas virtudes e na revelação das nossas limitações.
Com elas, experimentamos mais nitidamente a dádiva da troca nesse longo caminho de aprendizado do amor.

Ana Jácomo
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Nascemos dependentes, enquanto crianças dependemos dos pais para quase tudo, mas por que alguns adultos mantêm a dependência em algum grau de sua vida?
Se analisar sua vida em todas as áreas será que encontrará algum tipo de dependência?
A dependência seja física e/ou emocional pode trazer muitos danos tanto para o corpo, como para a mente e nem sempre nos damos conta da extensão de suas consequências.
Por que em algumas situações nos sentimos tão frágeis e carentes que não conseguimos encontrar com facilidade nossa própria maneira de viver?
É imprescindível compreendermos e termos consciência de nosso valor pessoal para assumirmos a responsabilidade pelo próprio caminho.
Sim, para muitos a responsabilidade pela própria vida é assustadora.
Muitas pessoas acreditam que são responsáveis porque trabalham, acordam cedo, como a maioria dos mortais, mas se esquecem que a vida não se resume a isso.
Quem cuida de suas roupas?
E de sua alimentação ao chegar em casa?
Quem mantém sua casa limpa, administra o quê e quando deve ser feito?
E o supermercado, quem compra seu sabonete, o papel higiênico, o sabão em pó para lavar suas roupas?
Quem paga a conta de luz, água?
Algumas pessoas pensam que o fato de trabalharem e terem alguém para limpar a casa é o suficiente.
Esquecem-se de quantas coisas é preciso para manter uma casa organizada e uma vida independente.
Parece que acreditam que a roupa fica lavada e passada e vai até o guarda-roupa sozinha.
Alguns ainda respondem que quem lava é a máquina de lavar, sim, mas quem coloca essa roupa na máquina, quem foi comprar o sabão para lavá-la?
Quem a pendurou no varal ou colocou na secadora para que secasse?
Pensam que a cama toda noite se arruma por si só.
Alguns acreditam que pai, mãe, esposa, ou quem quer que seja, tem a obrigação de fazer isso.
Temos sim, cada um a obrigação de cuidar daquilo que nos diz respeito e ponto.
Se alguém faz algo para nós ou se fazemos para alguém, é feito como um gesto de carinho e o mínimo que se espera é que ao menos isso seja reconhecido.
Quando tudo se encontra arrumado, organizado, é fácil acreditar que tudo foi feito num passe de mágica, ignorando quem fez e o tempo e carinho dedicado.
Claro que tudo isso depende muito das necessidades de cada um e da maneira em que cresceu.
Quem nunca precisou fazer nada por si mesmo, encontrando tudo pronto, por pais que queriam acima de tudo suprir todas suas necessidades, com certeza encontrarão muita dificuldade em tornar-se independente.
Não me refiro também àquelas pessoas que fazem de tudo para os outros, as eternas boazinhas, sempre dispostas a ajudarem, mas que na verdade, também são dependentes, da aprovação e reconhecimento.
Fazem de tudo para agradar, sempre com o intuito de ajudar alguém.
O que não percebem é que estão presas num círculo vicioso.
Deseja conquistar amigos, a família, os filhos, o chefe, os colegas de trabalho, o companheiro (a), para que assim possa acreditar em seu próprio valor enquanto pessoa, pois do contrário se sentem inseguras.
Por que não simplesmente ser sem ficar tão preso ao ter?
Ser nós mesmos é tomar decisões, ainda que possamos correr riscos, mas quem disse que a vida é um eterno acerto?
Tomar decisões não para agradar aos outros, mas porque estamos usando, consciente e responsavelmente, nossa capacidade de ser, sentir, pensar e agir.
Ser nós mesmos é eliminar a dependência que nos impede de crescermos, sem o medo de ficar só.
Quantas pessoas não mantêm relacionamentos afetivos, ainda que destrutivos?
Ou ainda, usam roupas de grifes não porque se sintam mais confortáveis, mas para obterem aprovação das outras pessoas?
Não nos deixar influenciar pelo consumismo, pelas idéias alheias, não significa abandonar completamente as pessoas, mas somente a dependência, muitas vezes doentia, dessas mesmas pessoas.
Por que não ter a coragem de romper com as amarras internas e externas que impedem a conquista da liberdade?
Essa liberdade exige esforços, coragem, ousadia, sem nos permitirmos mais permanecer em situações ou relações que apenas nos manipulam e nos fazem sofrer.
Por estarmos tão acostumados a voltarmos nossos olhos para fora, pode ser difícil olharmos para dentro de nós e percebermos a riqueza de nosso mundo interior.
A realização interior tão almejada está relacionada com o conhecimento de nós mesmos, e dificilmente é possível conseguir olhar para dentro enquanto houver a dependência do externo.
E a pior dependência ainda é a busca pelo reconhecimento e aprovação, seja de quem for.
Todo ser humano precisa de reconhecimento pelo que faz, mas há uma diferença enorme entre querer esse reconhecimento de uma maneira sadia e depender do reconhecimento exterior por sentir-se incapaz de reconhecer por si mesmo.
Não lhe compete mudar o mundo, mas com certeza poderá mudar o que quiser dentro de si mesmo e de sua própria vida.

Como abandonar a dependência
Para abandonar a dependência é necessário identificar em que áreas de sua vida ela se faz presente.
Isso requer alguns minutos de reflexão:


- Observe-se. Perceba quantas vezes não está fazendo algo com o intuito de receber aprovação de alguém. Como reage quando faz algo e não recebe o reconhecimento de ninguém?

- Conscientize-se do quanto pode estar acomodado em determinada situação apenas por conveniência, acreditando que o outro tem a obrigação de fazer algo por você.

Procure fazer alguma coisa que geralmente costuma pedir a outra pessoa que faça por você.
Seja ir ao banco pagar uma conta, lavar seu carro, arrumar sua cama, lavar ou passar suas roupas, escolher um presente para alguém, entre outras coisas.

- Assuma responsabilidades.
Reveja as situações que hoje são assumidas por outra pessoa, mas que dizem respeito à sua vida.
Está procurando emprego?
Por que esperar seu irmão ou amigo levar seu currículo para uma empresa?
Sua relação afetiva está desgastada?
Por que esperar que o outro perceba e faça algo?
Por que você não faz sua parte e propõe uma conversa franca?
Seu trabalho tem sido a causa de sua insatisfação?
Por que não revê seus objetivos ou procura algo que o satisfaça?


- Está adiando aquilo em que acredita? Evite adiar seus projetos ou qualquer outra coisa que deseje fazer, mas que está sempre deixando para amanhã e esse amanhã parece nunca chegar, porque na verdade, não se considera capaz.

- Quando disser "eu te amo", pense se o que está sentindo é "eu preciso de você".

- Acredite que você é capaz, por mais que o fizeram acreditar no contrário, de cuidar de sua vida e conduzi-la da maneira que acredita ser o correto.
Ainda que isso possa trazer a reprovação de algumas pessoas.

- Reconheça cada passo conquistado.
Olhe para trás e veja quantas coisas conquistou.
Valorize-as!

- Olhe para dentro de você e não permita que ninguém, inclusive você mesmo, o impeça de enxergar a riqueza de seu mundo interior!

- Aprove-se, reconheça, ame-se!

Rosemeire Zago

Quem compete o tempo todo não deixa espaço para a felicidade
Marília sempre dividira tudo com sua melhor amiga, Roberta; mas de algum tempo para cá passou a sentir um certo constrangimento em lhe contar as coisas boas de sua vida, pois tinha a impressão que isso aborrecia a amiga.
Foram várias as ocasiões nas quais pode perceber sua indisposição, como daquela vez que voltou com o namorado e Roberta revirou os olhos.
Talvez porque perderia a companheira de cinema.
De outra, quando deu a notícia de que arranjara um emprego melhor, a amiga respondeu com um muxoxo.
Pudera, há tanto tempo trabalhando juntas.
Desta vez seria diferente, pensou.
Correu para dividir a notícia tão esperada.
- Menina, você não vai acreditar, consegui aquele estágio no exterior.
- Que bom.
Embora seca, a resposta não parecia desagradável.
Havia, entretanto, alguma coisa no tom de Roberta que mostrava o seu descontentamento.
Era hora de admitir que a amiga não torcia por ela.
É evidente que para quem compete o tempo todo, confrontar-se com as conquistas alheias lhe seja muito difícil.
O que lhe chega primeiro é a constatação de não possuir aquilo que o outro diz ter conseguido, e sofre com isso a ponto de, mesmo sem perceber, rejeitar a informação com um muxoxo, uma revirada de olhos, um hum, do outro lado da linha.
Pode ser, também, que mude rapidamente de assunto, ou, tomada pelo inesperado, reaja com efusiva alegria.
Identificar pessoas que agem assim não é tarefa simples, porque elas também têm outras formas de agir, que contribuem para uma aproximação.
É comum se condoerem com o nosso infortúnio e se colocarem inteiramente disponíveis quando precisamos, oferecendo espaço para que falemos de nossas perdas, desilusões e frustrações, ainda que, nem nesses momentos, deixem de competir, apontando logo os problemas delas como maiores, mais trágicos.
É importante observarmos as consequências de se conviver com pessoas que competem o tempo todo.
Primeiro a mágoa, ao percebermos que alguém de quem gostamos não acolhe nossas alegrias; depois a perda da espontaneidade, quando passamos a escolher o que dizer, enfatizando os aspectos desagradáveis da nossa vida, que, sabemos, serão bem recebidos e, ainda, o desconforto, como se não tivéssemos direito ao objeto conquistado.
Quem mantém relações desse tipo precisa rever seu comportamento.
Se é alvo da competição, deve se perguntar o quanto contribui para manter esse jogo, o quanto necessita ocupar essa posição.
E se realmente sente afeto pelo amigo que compete, não custa alertá-lo sobre o mal que está fazendo a si mesmo, pois enxergando no outro apenas um concorrente, não só correrá o risco de afastá-lo, como se sentirá constantemente ameaçado, perdendo a oportunidade de ser feliz com as próprias conquistas, sempre insuficientes.

Angelina Garcia é especialista em Linguagem, com cursos em Processo Criativo e Psicologia Profunda; Análise do Discurso e Neurolinguística

Criticaram seu corte de cabelo?
Saiba por quê.
Teresa chega ao trabalho com um pequeno atraso.
- Cabelos curtos, Teresa?
- Pois é, eu disse que ia dar uma corridinha ao cabeleireiro na hora do almoço.
- Ficou bom. Mas comprido era bem lindo. Todo mundo adorava.

Teresa corre para o espelho e começa a achar que o corte de que havia gostado tanto já não lhe cai tão bem.
Mesmo considerando que a dimensão dada à opinião do outro depende de cada um de nós, é certo encontrarmos vida afora pelo menos um 'Aiatolá pra atolá'.
Coisa boa é ter um amigo sincero, até o perdoamos por viver se gabando disto.
Ele pode nos ajudar a rever conduta, a não cometer injustiça e mesmo opinar sobre o nosso corte de cabelo.
De alguns podemos discordar, o que vai gerar discussão, claro, mas sadia, enriquecedora.
De outros não, dizem ter opinião formada sobre a coisa e sabemos inútil gerar polêmica, ainda assim consideramos o que tem a dizer.
Difícil é conviver com a sinceridade perversa.
Nem sei se podemos chamar de sinceridade, mas se a colega de Teresa fosse questionada, diria: - Só estou sendo sincera.
Talvez estivesse, por ingenuidade, pelo susto que levou ao vê-la tão diferente, ou até porque entre elas há uma velha rixa, sabe-se lá.
Pode ser também, que em circunstâncias parecidas, ela aja sempre assim com qualquer pessoa.
Se alguém lhe mostra um sapato novo, lembra ter visto um bem parecido, mas com algum detalhe que o torna especial e arremata perguntando: - Não tinha este na loja?
Se lhe apresentam o namorado, ela dirá: - Nossa, ele se parece com fulano, só que fulano é bem mais alto.
Uma coisa é acrescentar, outra é mostrar, pela falta, que a escolha do outro deixa sempre a desejar, desfocando seu olhar daquilo que lhe faz bem, seja uma idéia, uma descoberta, um desejo realizado.
O objeto em si perde o valor na comparação com aquele considerado mais interessante, pelo menos de maior aprovação pelo senso comum.
Esta pode ser apenas mais uma maneira que a inveja encontra para se manifestar, velada como sempre.
Não é inveja do objeto conquistado, mas do prazer que ele provoca.
É muito pouco provável que a colega de Teresa reconheça inveja na sua atitude, de tal forma incorporada, que lhe parece natural.
Teresa, por sua vez, não percebe que seu desconforto tem origem na articulação do discurso da colega e não no cabelo que ela corre a verificar no espelho.
Não estamos a salvo de qualquer destas posições, mas podemos nos manter alertas contra suas armadilhas, seja dando mais atenção ao próprio prazer para que o do outro não nos incomode tanto; seja preservando o sabor de cada conquista, por mínima que se apresente, para não nos deixarmos contaminar pelo fel alheio.

Angelina Garcia

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Ao contrário do que o título desta crônica possa sugerir, não vou falar sobre aqueles que vivem à margem da sociedade, sem trabalho, sem estudo e sem comida.
Quero fazer uma homenagem aos excluídos emocionais, os que vivem sem alguém para dar as mãos no cinema, os que vivem sem alguém para telefonar no final do dia, os que vivem sem alguém com quem enroscar os pés embaixo do cobertor.
São igualmente famintos, carentes de um toque no cabelo, de um olhar admirado, de um beijo longo, sem pressa pra acabar.
A maioria deles são solteiros, os sem-namorado.
Os que não têm com quem dividir a conta, não têm com quem dividir os problemas, com quem viajar no final de semana.
É impossível ser feliz sozinho?
Não, é muito possível, se isso é um desejo genuíno, uma vontade real, uma escolha.
Mas se é uma fatalidade ao avesso - o amor esqueceu de acontecer - aí não tem jeito: faz falta um ombro, faz falta um corpo.
E há aqueles que têm amante, marido, esposa, rolo, caso, ficante, namorado, e ainda assim é um excluído.
Porque já ultrapassou a fronteira da excitação inicial, entrou pra zona de rebaixamento, onde todos os dias são iguais, todos os abraços, banais, todas as cenas, previsíveis.
Não são infelizes e nem se sentem abandonados.
Eles possuem um relacionamento constante, alguém para acompanhá-los nas reuniões familiares, alguém para apresentar para o patrão nas festas da empresa.
Eles não estão sós, tecnicamente falando.
Mas a expulsão do mundo dos apaixonados se deu há muito.
Perderam a carteirinha de sócios.
Não são mais bem-vindos ao clube.
Como é que se sabe que é um excluído?
Vejamos: você passa por um casal que está se beijando na rua - não um beijinho qualquer, mas um beijo indecente como tem que ser, que torna tudo em volta irrelevante - você inclusive.
Se lhe bate uma saudade de um tempo que parece ter sido vivido antes de Cristo, se você sente uma fisgada na virilha e tem a impressão que um beijo assim é algo que jamais se repetirá em sua vida, se de certa forma este beijo que você assistiu lhe parece um ato de violência - porque lhe dói - então você está fora de combate, é um excluído.
A boa notícia: você não é um sem trabalho, sem estudo e sem comida - é apenas um sem-paixão. Sua exclusão pode ser temporária, não precisa ser fatal.
Menos ponderação, menos acomodação, e olha só você atualizando sua carteirinha.
O clube segue de portas abertas.

Martha Medeiros
Tudo o que nos fez feliz ou infeliz, serve pra montar o quebra-cabeça da nossa vida, um quebra-cabeça de cem mil peças.
Aquela noite que você não conseguiu parar de chorar, aquele dia que você ficou caminhando sem saber para onde ir, aquele beijo cinematográfico que você recebeu, aquela visita surpresa que ela lhe fez, o parto do seu filho, a bronca do seu pai, a demissão injusta, acidente que lhe deixou cicatrizes, tudo isso vai, aos pouquinhos, formando quem você é.
Não há nenhuma peça que não se encaixe.
Todas são aproveitáveis.
Como são muitas, você pode esquecer de algumas, e a isso chamamos de "passou"...
Não passou!! 
Está lá dentro, meio perdida, mas quando você menos esperar, ela será necessária para você completar o jogo e se enxergar por inteiro.
Martha Medeiros
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Estou consciente das dificuldades e da magnitude do desafio de escrever sobre a questão feminina.
Temos que ir adiante e buscar explicações e afirmações que ultrapassem os limites do pensamento tradicional.
Não adianta dizer e pensar que as mulheres querem mesmo é romance e que os homens querem só dinheiro, poder e sexo.
Não há vilões e vítimas nesta história e a maioria das pessoas age de acordo com o que aprendeu e não obrigatoriamente de acordo com suas convicções ou objetivos.
A verdade é que existem 2 grandes grupos de mulheres: as que se apresentam socialmente de forma recatada; e aquelas que se colocam de forma ostensivamente exibicionista, tratando de atiçar o desejo masculino.
Não saberia dizer qual a porcentagem de cada um destes grupos, mas é provável que entre as mais belas predominem as do segundo grupo e que muitas das mais recatadas ajam assim por estarem convencidas de que não serão capazes de provocar o desejo masculino (temendo, portanto, serem objeto de ironia, de se colocarem em uma condição um tanto ridícula).
Entre as que se colocam de forma recatada existem, além das que se consideram desprovidas de predicados para agirem de forma exibicionista, as que aprenderam a se colocar desta forma por quererem ser vistas como moças sérias e que só estão mesmo interessadas em compromissos sérios.
Elas mantêm certa ingenuidade em relação ao poder sensual feminino.
São, de fato, ingênuas.
São poucas e muitos homens pensam que as mulheres em geral desconhecem o poder que elas têm de despertar o desejo masculino (tantos homens já falaram coisas do tipo: Ah, se as mulheres soubessem o poder que têm!
Outras, também recatadas, sabem muito bem que são dotadas deste poder, mas consideram imoral ou perigoso exercê-lo.
Imoral, porque não acham legítimo provocar o desejo e depois não terem o menor interesse em satisfazê-lo.
Perigoso, porque poderão ser objeto do assédio ativo de alguns homens contra os quais se reconhecem indefesas.
A maior parte das mulheres recatadas é moralmente bem constituída e parece não estar disposta a se beneficiar de uma vantagem que tem, mas que não fez nada para merecer.
As mais exibidas também são de dois grupos: as que usam e abusam do poder sensual que têm; e as que sabem do poder, gostam da gratificação à vaidade que o exibicionismo determina, mas, apesar disso, não estão interessadas em fazer um uso malévolo dele.
As primeiras deste grupo correspondem às mulheres egoístas, aquelas que abriram mão do prazer erótico (sim, porque são mulheres geralmente incompetentes para o prazer orgástico) e transformaram sua sensualidade em arma de dominação, de humilhar os homens e de extrair vantagens nas relações com eles.
Pode ser que usem o discurso romântico, podem dizer que estão atrás de um grande amor, podem dizer o que quiserem.
A verdade é que são mulheres poderosas e que estão querendo negociar este poder por dinheiro.
Isso de forma direta ou indireta.
Estão mesmo é atrás de homens poderosos e ricos, a quem pretendem subjugar e extrair vantagens de todo o tipo.
Os homens que aceitam conviver com estas mulheres o fazem por vaidade, pelo fato de se sentirem muito bem socialmente ao lado de beldades cobiçadas por tantos outros.
As que gostam de se exibir, mas procuram mesmo um relacionamento de qualidade, que têm caráter e estão em busca de relacionamentos estáveis, vivem uma condição complicada e dramática.
Os homens são atraídos por elas, mas muitas vezes têm medo de se aproximar.
Os que se aproximam costumam ser os mais cafajestes, mais caras-de-pau.
Estes são os que só estão atrás de intimidades eróticas.
Elas querem romance, transmitem uma imagem de que querem sexo, atraem todos os homens e só os mais ousados conseguem chegar nelas.
Não costumam encontrar os relacionamentos amorosos que pretendem e acusam os homens de serem todos iguais, de só quererem sexo etc...
Nada disso é verdade.
Existem tantos homens que querem relacionamentos intensos e de qualidade sentimental quanto mulheres.
Eles são cerca de 50%, o mesmo número que elas.
As generalizações são ruins.
Os homens não entendem as mulheres, não sabem como decodificá-las.
Elas não são claras ao se colocarem socialmente, porque não sabem muito bem como lidar com sua sensualidade, que mesmo não sendo o objetivo final da maioria delas, é o que mais exibem.
Não tenho a menor pretensão de ter esgotado o tema da multiplicidade feminina.
Não acho que as mulheres são todas iguais e nem que os homens sejam todos do mesmo tipo.
Agora, penso que há mais tipos femininos e que muitas mulheres são confusas acerca do que querem para si.
Os homens são sim mais simples e mais fáceis: querem se dar bem na vida, tanto porque isso é bom para sua auto-estima e para sua vaidade, como porque este é o caminho para se sentirem com condições de terem acesso à mulher dos seus sonhos.
À mulher, para os românticos; às mulheres para os mais eróticos.
As mulheres são mais confusas também em relação a isso: querem carreira ou marido?
Ou os dois?
Querem carreira, marido e filhos?
Dão conta disso?
Querem marido e filhos e abrem mão da carreira?
Acho que existem todos os tipos.
Acho apenas que seria mais fácil se elas fossem mais explícitas quanto às suas pretensões.
Flávio Gikovate

.

“As palavras são a voz do coração. Onde quer que você vá,vá com todo o coração. Por muito longe que o espírito alcance,nunca irá tão longe como o coração.”(Confúcio)

Quem sou eu

Sou uma pessoa de bem com a vida e dificilmente você me verá de mau humor.Tento levar a risca o ditado "não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você". Procuro me rodear de pessoas alegres e que me olham nos olhos quando eu falo. Acredito que energia positiva atrai energia positiva.

Visitantes Online

Seguidores

Tecnologia do Blogger.
Powered By Blogger

Translate

Acessos

Hora Certa

relojes para web gratis free clock for website

Links externos