quarta-feira, 27 de junho de 2012

A imprensa tem sido amável e discreta, com Elize Matsunaga; reproduziu o diálogo entre ela e seu (ex?) marido do jeito que ela contou, claro, já que não havia ninguém presente, além dos dois.
Ok, jornais e revistas devem ser imparciais, mas existe limite para tudo; em certos casos, até para a imparcialidade.
Marcos Matsunaga estava traindo Elize?
Estava, e se todas as mulheres tivessem o direito de matar os maridos que as traem, sobrariam poucos para contar a história.
Ele ameaçou tirar a guarda da filha dela?
Todos dizem isso na hora da separação.
Foi encontrar a nova namorada no carro (dado por ele) de Elize?
Razão para uma certa simpatia pela mulher traída: um absurdo ele usar o carro da própria mulher para sair com a outra.
Ela estava visitando a família no Paraná, com a filha e a babá, enquanto ele a traía?
Mais digna de simpatia ainda.
Seu marido presenteou a nova namorada com um carro?
Repetiu o que havia feito com Elize quando a conheceu, ainda casado.
Na hora da briga ele a chamou de prostituta?
É melhor mesmo que ninguém se lembre nem do que ouviu, nem do que falou nessa hora, tudo faz parte.
Não costumam ser coisas amáveis, mas há muitos que esquecem e até fazem as pazes depois.
Ele a agrediu fisicamente?
Nenhuma novidade, também costuma acontecer.
Na vida real, muitas mulheres que se sabem traídas -e sobretudo as que têm uma prova, como o vídeo feito pelo celular- têm vontade de matar.
Algumas até matam, a maioria não, mas que muitas têm vontade, isso têm.
As que matam costumam ser rápidas; mulher não gosta de ver sangue.
Segundo os jornais, Elize vai ser acusada de assassinato e ocultação de cadáver; não por esquartejamento -esse detalhe não deve existir no Código Penal, como também não deve existir a antropofagia, coisas inadmissíveis na cabeça dos que fazem as leis.
A morte de uma pessoa querida é sempre dolorosa; se for uma morte violenta, mais dolorosa ainda.
Se seguida de esquartejamento, nem dá para imaginar o que deve ter sentindo a família de Marcos Matsunaga na hora do enterro.
Não existem palavras para avaliar essa dor.
A frieza de Elize é monstruosa.
Eu teria medo de deixá-la sozinha com a própria filha, pois ela parece capaz de tudo, e não sei se existe um nome para definir uma doença tão, tão -nem sei o quê.
Crimes como esse, confessados e comprovados, não merecem nem julgamento.
Não gosto de pensar no que seus advogados vão dizer, na tentativa de absolvê-la; nessa hora, advogados são capazes de tudo.
E choca ver que as pessoas não estão dando muita importância ao caso, e que estão tratando Elize como uma pessoa quase normal, com o respeito que se deve dar a qualquer ser humano; só que ela não é um ser humano, é um monstro, e monstros devem ser tratados como tal.
Em outros tempos, certos crimes davam manchetes, e até nomes aos assassinos; quem já era nascido deve lembrar da "fera da Penha".
Nem lembro mais quem ela matou, mas de como ela era chamada não esqueci.
Por que será que um crime tão hediondo como o de Elize quase não mobiliza ninguém, nem numa conversa entre amigos?
Está faltando a capacidade de se indignar, e isso é preocupante.

Danuza Leão
sábado, 23 de junho de 2012

Aconteceu em Paris.
Estava sozinha e tinha duas horas livres antes de chamar o táxi que me levaria ao aeroporto, de onde embarcaria de volta para o Brasil.
Mala fechada, resolvi gastar esse par de horas caminhando até a Place des Voges, que era perto do hotel.
Depois de chuvas torrenciais, fazia sol na minha última manhã na cidade, então Place des Voges, lá vou eu. E fui.
Sem um mapa à mão, tinha certeza de que acertaria o caminho, não era minha primeira vez na cidade.
Mas por um desatino do meu senso de orientação, dobrei errado numa esquina.
Em vez de ir para a esquerda, entrei à direita.
Mais adiante, aí sim, virei à esquerda, mas não encontrei nenhuma referência do que desejava.
Segui reto: estaria a Place des Voges logo em frente?
Mais umas quadras, esquerda de novo.
Gozado, era por aqui, eu pensava.
Não que fosse um sacrifício se perder em Paris, mas eu parecia estar mais longe do hotel do que era conveniente.
Mais caminhada, e então, várias quadras adiante, não foi a Place des Voges que surgiu, e sim a Place de la Republique.
Eu tinha atravessado uns três bairros de Paris, mon Dieu.
Perguntei a um morador o caminho mais curto para voltar à rua onde ficava meu hotel, e ele me apontou um táxi.
Teimosa, pensei: ainda tenho um tempinho, voltarei a pé.
E assim foram minhas duas últimas horas em Paris, uma estabanada andando às pressas, saltando as poças da noite anterior, olhando aflita para o relógio em vez de flanar como a cidade pede.
Cheguei bufando no hotel, peguei minha mala e, por causa da correria, esqueci no hall de entrada uma gravura linda que havia comprado e que planejava trazer em mãos no voo.
Tudo por causa de uma esquina que dobrei errado.
Foram apenas duas horas inúteis e cansativas, e duas horas não é nada na vida de ninguém.
Mas quanta gente perde a vida que almejou por ter virado numa esquina que não conduzia a lugar algum?
Alguns desacertos pelo caminho fazem a gente perder três anos da nossa juventude, fazem a gente perder uma oportunidade profissional, fazem a gente perder um amor, fazem a gente perder uma chance de evoluir.
Por desorientação, vamos parar no lado oposto de onde nos aguardava uma área de conforto, onde encontraríamos pessoas afetivas e uma felicidade não de cinema, mas real.
Por sair em desatino sem a humildade de pedir informação a quem conhece bem o trajeto ou de consultar um mapa, gastamos sola de sapato à toa e um tempo que ninguém tem para esbanjar.
Se a vida fosse férias em Paris, perder-se poderia resultar apenas numa aventura, mesmo com o risco de o avião partir sem nós.
Mas a vida não é férias em Paris, e aí um dia a gente se olha no espelho e enxerga um rosto envelhecido e amargurado, um rosto de quem não realizou o que desejava, não alcançou suas metas, perdeu o rumo: não consegue voltar para o início, para os seus amores, para as suas verdades, para o que deixou pra trás.
Não existe GPS que assegure se estamos no caminho certo.
Só nos resta prestar mais atenção.


Martha Medeiros

Em seu recém-lançado livro Quem Pensas Tu que Eu Sou?, o psicanalista Abrão Slavutsky reflete sobre a necessidade de conquistar o reconhecimento alheio para que possamos desenvolver nossa autoestima.
Mas como sermos percebidos generosamente pelo olhar dos outros?
Os ensaios que compõem o livro percorrem vários caminhos para encontrar essa resposta, em capítulos com títulos instigantes como Se o Cigarro de García Márquez Falasse, Somos Todos Estranhos ou A Crueldade é Humana.
Mas já no prólogo o autor oferece a primeira pílula de sabedoria.
Ele reproduz uma questão levantada e respondida pelo filósofo Sêneca:
"Perguntas-me qual foi meu maior progresso? Comecei a ser amigo de mim mesmo".
Como sempre, nosso bem-estar emocional é alcançado com soluções simples, mas poucos levam isso em conta, já que a simplicidade nunca teve muito cartaz entre os que apreciam uma complicaçãozinha.
Acreditando que a vida é mais rica no conflito, acabam dispensando esse pó de pirilimpimpim.
Para ser amigo de si mesmo é preciso estar atento a algumas condições do espírito.
A primeira aliada da camaradagem é a humildade.
Jamais seremos amigos de nós mesmos se continuarmos a interpretar o papel de Hércules ou de qualquer super-herói invencível.
Encare-se no espelho e pergunte: quem eu penso que sou?
E chore, porque você é fraco, erra, se engana, explode, faz bobagem.
E aí enxugue as lágrimas e perdoe-se, que é o que bons amigos fazem: perdoam.
Ser amigo de si mesmo passa também pelo bom humor.
Como ainda há quem não entenda que sem humor não existe chance de sobrevivência?
Já martelei muito nesse assunto, então vou usar as palavras de Abrão Slavutsky:
"Para atingir a verdade, é preciso superar a seriedade da certeza".
É uma frase genial.
O bem-humorado respeita as certezas, mas as transcende.
Só assim o sujeito passa a se divertir com o imponderável da vida e a tolerar suas dificuldades.
Amigar-se consigo também passa pelo que muitos chamam de egoísmo, mas será?
Se você faz algo de bom para si próprio estará automaticamente fazendo mal para os outros?
Ora.
Faça o bem para si e acredite: ninguém vai se chatear com isso.
Negue-se a participar de coisas em que não acredita ou que simplesmente o aborrecem.
Presenteie-se com boa música, bons livros e boas conversas.
Não troque sua paz por encenação.
Não faça nada que o desagrade só para agradar aos outros.
Mas seja gentil e educado, isso reforça laços, está incluído no projeto "ser amigo de si mesmo".
Por fim, pare de pensar.
É o melhor conselho que um amigo pode dar a outro: pare de fazer fantasias, sentir-se perseguido, neurotizar relações, comprar briga por besteira, maximizar pequenas chatices, estender discussões, buscar no passado as justificativas para ser do jeito que é, fazendo a linha "sou rebelde porque o mundo quis assim".
Sem essa.
O mundo nem estava prestando atenção em você, acorde.
Salve-se dos seus traumas de infância.
Quem não consegue sozinho, deve acudir-se com um terapeuta.
Só não pode esquecer: sem amizade por si próprio, nunca haverá progresso possível, como bem escreveu Sêneca cerca de 2.000 anos atrás.
Permanecerá enredado em suas próprias angústias e sendo nada menos que seu pior inimigo.

Martha Medeiros 

"A pior coisa do mundo é a pessoa não ter coragem na vida.”
Pincei essa frase do relato de uma moça chamada Florescelia, nascida no Ceará e que passou (e vem passando) poucas e boas: a morte da mãe quando tinha dois anos, uma madrasta cruel, uma gravidez prematura, a perda do único homem que amou, uma vida sem porto fixo, sem emprego fixo, mas sonhos diversos, que lhe servem de sustentação.
Ela segue em frente porque tem o combustível que necessitamos para trilhar o longo caminho desde o nascimento até a morte.
Coragem.
Quando eu era pequena, achava que coragem era o sentimento que designava o ímpeto de fazer coisas perigosas, e por perigoso eu entendia, por exemplo, andar de tobogã, aquela rampa alta e ondulada em que a gente descia sentada sobre um saco de algodão ou coisa parecida.
Por volta dos nove anos, decidi descer o tobogã, mas na hora H, amarelei.
Faltou coragem.
Assim como faltou também no dia em que meus pais resolveram ir até a Ilha dos Lobos, em Torres, num barco de pescador.
No momento de subir no barco, desisti.
Foram meu pai, minha mãe, meu irmão, e eu retornei sozinha, caminhando pela praia, até a casa da vó.
Muita coragem me faltou na infância: até para colar durante as provas eu ficava nervosa.
Mentir para pai e mãe, nem pensar.
Ir de bicicleta até ruas muito distantes de casa, não me atrevia.
Travada desse jeito, desconfiava que meu futuro seria bem diferente do das minhas amigas.
Até que cresci e segui medrosa para andar de helicóptero, escalar vulcões, descer corredeiras d’água.
No entanto, aos poucos fui descobrindo que mais importante do que ter coragem para aventuras de fim de semana, era ter coragem para aventuras mais definitivas, como a de mudar o rumo da minha vida se preciso fosse.
Enfrentar helicópteros, vulcões, corredeiras e tobogãs exige apenas que tenhamos um bom relacionamento com a adrenalina.
Coragem, mesmo, é preciso para terminar um relacionamento, trocar de profissão, abandonar um país que não atende nossos anseios, dizer não para propostas lucrativas porém vampirescas, optar por um caminho diferente do da boiada, confiar mais na intuição do que em estatísticas, arriscar-se a decepções para conhecer o que existe do outro lado da vida convencional.
E, principalmente, coragem para enfrentar a própria solidão e descobrir o quanto ela fortalece o ser humano.
Não subi no barco quando criança – e não gosto de barcos até hoje.
Vi minha família sair em expedição pelo mar e voltei sozinha pela praia, uma criança ainda, caminhando em meio ao povo, acreditando que era medrosa.
Mas o que parecia medo era a coragem me dando as boas-vindas, me acompanhando naquele recuo solitário, quando aprendi que toda escolha requer ousadia.

Martha Medeiros
quinta-feira, 14 de junho de 2012

Antigamente, homens e mulheres namoravam, noivavam e casavam.
Estas eram as três fases previsíveis num relacionamento amoroso.
Hoje, as coisas já não são assim: as etapas do namoro, noivado e casamento assumiram novas feições.
O padrão atual também envolve três estágios, que eu classifico namorante, pré-casante e casante.
Do estágio de namorantes (namorado+amante), os apaixonados evoluem para a fase de pré-casantes (o "morar junto"), que é quase casamento.
Finalmente, entram na etapa de casantes, isto é, casam mesmo, com ou sem papel passado.
Como conseqüência deixou de ser um evento único, o acontecimento culminante de toda uma fase de preparação na vida de muitas pessoas, para se transformar numa sucessão de etapas em que as mudanças acontecem passo a passo.
Na fase de "namorante" existe uma fome insaciável do parceiro, uma necessidade urgente e constante do outro.
Cada toque, cada contato exige uma resposta.
Estamos sempre querendo que o outro retribua o que dizemos ou fazemos.
É também a fase em que sentimos um desejo permanente de satisfazer o outro, de nos tornarmos parte dele.
Daí vêm a sensação de fusão, de totalidade, e o desejo de morar junto.
CASAMENTO DE EXPERIÊNCIA
Morar junto é fazer de conta, é pretender que se está casando sem casar de verdade.
É pôr temporariamente à disposição do parceiro seu amor, seus bens, sem se comprometer totalmente.
Quando um casal está equilibrado e considerando o casamento com serenidade, morar junto pode ser um passo positivo rumo à intimidade e ao compromisso.
Um já tem o apartamento.
Juntam-se os recursos, dividem-se as despesas, as angústias, as tristezas; soma-se ou multiplica-se o prazer.
Pouco a pouco, vai se descobrindo, inventando as regras.
Os dois trabalham.
Come-se quando dá, onde dá: fora ou em casa, congelado ou lanche.
Faz-se amor sempre que surge a chance, mais cedo ou mais tarde, antes ou depois, não importa.
Nesse tipo de casamento por etapas, no início há aquela fase deliciosa de aeróbica sexual, tanto de baixo quanto de alto impacto.
Esse é o período em que os desejos pré-casantes e casantes se materializam e os amantes acreditam que vão ficar juntos só enquanto eles durarem.
Mas aí cada um vai se enroscando, meio como uma rosca sem fim.
Em geral, com o passar do tempo (uns dois anos), a situação começa a mudar.
Os desejos passam a ser outros, as necessidades e os valores, também.
Chega então a hora do prato principal: a fase casante, com ou sem papel passado.
No casamento de experiência, a possibilidade de ter um filho não é afastada, mas, normalmente, um dos parceiros ou os dois querem desesperadamente aproveitar, descobrir, terminar alguma coisa antes de começar outra.
Existem, ao mesmo tempo, um desejo e um medo da paternidade e da maternidade.
A vida é assim, cheia de contradições, de dilemas.
Então vai-se daquela fase do "agora não" - pré-casante - para a do "agora já podemos ter filhos" - casante.

Maria Helena Matarazzo

Trair ou não trair?
Esta é a grande interrogação que paira na cabeça de muitas mulheres hoje em dia.
O problema é que elas podem estar navegando sem bússola num mar agitado.
Não existem mapas, roteiros, guias que apontem o rumo a seguir - exceto as telenovelas e os romances de amor, que mostram as ligações extraconjugais de forma idealizada, irreal.
A sexóloga norte-americana Carol Botwin,em seu livro Tempted Women(Mulheres Tentadas), analisa as paixões, perigos e agonias da infidelidade feminina.
É claro que existem mulheres que nunca se vêem cometendo atos de infidelidade, imaginários ou não.
Essas são as que se sentem bem casadas, ou que tiveram uma educação muito repressiva e bloqueiam seus desejos e fantasias românticas.
Porém, muitas mulheres, cedo ou tarde, acabam por cometer traições imaginárias.
São fantasias deliberadas, que podem ser curtas ou longas, fragmentadas ou repletas de detalhes.
Mulheres que sofrem de frustração sexual intensa e/ou privação emocional prolongada nos seus casamentos podem vir a descobrir que essas fantasias abrem o apetite, em vez de saciar a fome.
Certas mulheres fantasiam raramente e de forma espontânea; outras programam sonhar de olhos abertos como parte de seu dia-a-dia.
Algumas se concentram no lado romântico dos encontros imaginários, evitando as cenas de sexo explícito, enquanto outras imaginam detalhadamente, intensamente, estas cenas de amor.
Algumas constroem em suas mentes amantes ideais; outras arquitetam seus sonhos baseadas em homens de carne e osso que, supostamente, possuem todas as qualidades que faltam ao marido.
Mas, muitas vezes, as traições não ficam apenas no plano da imaginação.
Os estudos mostram que, nos Estados Unidos, 40% a 55% das mulheres vivem pelo menos um envolvimento extraconjugal até a idade de 40 anos.
E que a época mais perigosa é entre 30 e 40, quando a infidelidade surge como uma resposta contra a monotonia do casamento e as tentações que não se concretizaram.
Desde a revolução sexual, nos anos 70, um número considerável de mulheres teve uma vida sexual bem intensa e variada.
No Brasil, não existem dados sobre a extensão dessa mudança de comportamento.
Entretanto, sabemos que nos Estados Unidos, enquanto as mulheres que se casaram antes da revolução sexual esperavam cerca de quinze anos para ter uma ligação extraconjugal, atualmente esperam pouco mais de cinco anos.
Outro dado interessante: as mulheres mais velhas tendem a compensar a insatisfação no casamento com um caso extraconjugal, mas permanecem casadas, enquanto as mais jovens, no momento em que se frustram, se desiludem, se convencem da inutilidade da relação - quando realmente se sentem infelizes -, separam-se ou divorciam-se.
O que leva uma mulher a trair?
Se uma mulher vem sonhando com um caso, vem pensando nisso há muito tempo, na verdade está plantando uma semente mental que um dia poderá germinar.
O casamento não dá certo para todos.
Sem dúvida nenhuma, ele reduz a possibilidade de novas experiências, particularmente no plano sexual.
À medida que o casamento vai seguindo seu curso, muitas mulheres se vêem em situações que propiciam o aparecimento de uma aventura, de um amor secreto, de uma grande paixão.
Os estudos mostram que, quanto maior a duração do casamento, maior a possibilidade de desilusão.
As raízes do desapontamento são excesso de trabalho, longas separações, frieza sexual, conflitos emocionais de todo o tipo, longos silêncios, conversas chatas, manias; enfim, do inevitável tédio do dia-a-dia até as mais terríveis formas de sofrimento que um parceiro pode causar ao outro.
Com o tempo, a mulher pode se sentir profundamente entediada e deprimida.
Mas, pior do que o tédio é a sensação de insignificância.
E, quanto maior esta sensação de inutilidade, maior o risco, mais vulnerável ela se torna a um relacionamento extraconjugal, porque este lhe daria, pelo menos por algum tempo, a noção do seu próprio valor.
Por outro lado, quando a mulher se dá conta de que o tempo está passando, as rugas se acentuando, a vida ficando mais curta, pode surgir um mal-estar indefinido, acompanhado da pergunta: "Para onde a vida me carregou até agora?"
No início do casamento, as fraquezas, as manias, a "loucura" do outro parecem toleráveis.
Com o passar dos anos, quando nos damos conta de que não conseguimos recapturar a intensidade do início da relação a dois, surge um certo grau de desespero ("Será que eu nunca vou ter nada mais do que isso na vida?").
Na verdade, esta sensação pode aparecer a qualquer momento depois dos 30.
A descoberta de que o tempo passa e impõe mudanças na vida da gente muitas vezes provoca reações depressivas.
A depressão pode acontecer em qualquer fase da vida.
No entanto, homens e mulheres atravessam um momento crítico entre 45 e 55 anos, ficando, nesse período, mais sujeitos à depressão.
Em conseqüência disso, podem ser invadidos por ondas periódicas de tristeza, de desesperança, de desânimo.
A vida perde o encanto, a cor, o interesse; somos tomados pelo medo de não poder concretizar nossos sonhos.
A busca de uma relação extraconjugal nesta fase é um fenômeno conhecido de longa data entre os homens.
Agora, estamos começando a ver que o mesmo acontece com as mulheres, porém, com uma diferença.
O homem, nesta época da vida, normalmente procura uma mulher solteira, descomprometida e bem mais jovem para ser sua "fonte de juventude", enquanto a mulher se aproxima de um homem casado, mais ou menos da sua idade, tentando compensar os encontros de amor não vividos.
Para a mulher, emoção é o que conta
Um encontro casual pode ser altamente excitante para o homem, simplesmente porque é pouco comprometedor e de curta duração.
A sexualidade masculina costuma liberar-se mais e melhor quando há menos envolvimento emocional.
Para muitos homens, sexo e amor nem sempre andam juntos.
É exatamente a dificuldade em lidar com a proximidade e o envolvimento emocional que estimula o homem a manter ligações casuais.
Nestas, ele pode buscar o prazer sexual sem se comprometer, sem se mobilizar afetivamente.
Para a maioria das mulheres, isto é muito mais difícil, pois normalmente sexo e amor estão entrelaçados.
Para os homens, o grau de intimidade emocional pode variar de uma relação para outra sem que isso comprometa o prazer sexual, enquanto as mulheres procuram a intimidade, desejam-na, sonham com ela e ficam imensamente decepcionadas quando vão ao encontro dos seus amantes e ela está ausente.
Os homens, ao contrário, como são programados, educados para a luta, para a conquista, ao se ligarem mais intimamente a uma mulher, podem entrar num estado de ansiedade latente, contida.
Sentem um vago mal-estar, sem saber por quê.
Essa angústia pode gerar uma reação de esfriamento, de distanciamento - que termina com o clássico "pular fora", tão característico no comportamento de certos homens.
Para o homem, sexo significa desafio, conquista, variedade.
Para a mulher, sexo significa intimidade, apego e segurança.
Essas atitudes se traduzem em duas equações diferentes.
Temos, assim, para a maioria dos homens:
sexo=sexo mais (às vezes) amor
E para a maioria das mulheres:
sexo=amor
Como seria de esperar, esta diferença de conduta diante de algo tão importante como o sexo acaba gerando conflitos.
Enquanto a maior parte das mulheres tende a ligar sexo com amor, os homens o encaram mais como diversão.
Por isso, não se sentem tão culpados em relação ao adultério.
Para eles, o comportamento sexual não emocional (uma escapada, uma breve aventura) não soa como uma séria ameaça ao casamento.
Os homens conseguem, com relativa facilidade, colocar em compartimentos estanques o sexo e o amor, a diversão e a afetividade.
Já para muitas mulheres, isso é quase impossível.
Entretanto, com a revolução sexual, começou a surgir um novo tipo de mulher que age de maneira muito parecida com os homens.
Ela gosta de caçar e ser caçada, assume o espírito de aventura tipicamente masculino.
Assim, uma relação extraconjugal é vista como "algo mais" na vida dessas mulheres.
Muitas delas se apaixonam por seus amantes, mas não deixam de amar os maridos.
São capazes de ter dois amores ao mesmo tempo; como os homens, elas aprenderam a compartimentar as emoções, ou seja, acreditam que sexo e amor não precisam necessariamente andar de mãos dadas.
A infidelidade, no entanto, tem seu preço: ela pode parecer uma resposta para certos problemas, mas simultaneamente pode criar outros.
Mais cedo ou mais tarde, será preciso pagar a conta.
Homens e mulheres são infielmente diferentes
Durante a revolução sexual, buscou-se a igualdade entre os sexos.
Agora, já sabemos que existem inúmeras diferenças entre homens e mulheres.
No terreno da infidelidade, essas diferenças são evidentes.
Sabemos que a maioria das mulheres infiéis está descontente com o casamento, sente que alguma coisa está errada.
Já a maioria dos maridos infiéis não pretende se separar de suas esposas, não se considera infeliz no casamento.
O que eles buscam num envolvimento extraconjugal é a aventura em si mesma, a novidade, alguém para excitar seus sentidos.
A outra diferença básica é que para as mulheres, muitas vezes, o ponto de partida é o envolvimento afetivo.
A motivação, a "cola", é a própria relação.
O sexo vem em segundo plano.
No comportamento masculino, a seqüência se inverte: primeiro vem o sexo, depois o envolvimento, se é que ele chega a acontecer.
Em geral, os homens desistem antes de se expor ao perigo: "É melhor pular para o outro barco, porque este logo vai afundar".
De fato, as mulheres tendem a viver mais intensamente seus amores secretos.
Os estudos mostram, por exemplo, que para elas é mais difícil continuar mantendo relações sexuais com seus maridos do que eles, quando estão sendo infiéis.
Como já vimos antes, a maioria das mulheres não consegue compartimentar, separar em sua mente, sexo e amor.
Já os homens, muitas vezes, se sentem estimulados, vitoriosos, com a idéia de possuir duas mulheres, de participar de um triângulo amoroso, e não se mostram nem um pouco constrangidos em ter relações ora com uma, ora com outra.
Mais uma diferença importante: os homens mostram-se menos preocupados com a discrição.
Já as mulheres casadas em geral traem em segredo.
Mantêm-se discretas porque, normalmente, sentem mais culpa, enfrentam um conflito de consciência maior e sabem que as conseqüências sobre o casamento podem ser mais destrutivas.
A maioria das mulheres casadas se envolve lentamente.
A relação pode levar meses ou até anos para se consumar, ao contrário do relacionamento entre descasados, no qual o sexo geralmente acontece logo nos primeiros encontros.
Um caso extraconjugal é uma questão séria para as mulheres, especialmente depois dos 40.
Muitas vezes, aliás, pode tornar-se um inferno emocional, porque essas mulheres costumam criar vínculos complexos, emaranhados, intrincados, em que a paixão se mistura ao amor, que por sua vez vem embrulhado na amizade...
Por isso, é tão difícil separar o que é o quê ("Não consigo entender direito o que sinto por esse homem, só sei que é muito forte").
As mulheres têm mais dificuldades de separar as emoções em gavetas diferentes.
Contar ou não contar, eis o dilema
A pessoas podem mentir praticamente sobre qualquer coisa.
E elas mentem.
Mas eu tenho certeza de que as mentiras sexuais superam todas as outras.
Mesmo assim, é muito difícil manter traição em completo segredo.
Além de várias possibilidades, como a descoberta acidental (encontrar a sogra, o melhor amigo ou mesmo a esposa num estacionamento ou numa esquina), há também o risco dos "micróbios do amor" (tricomonas, gonorréia, uretrites), sem mencionar a terrível e muito concreta ameaça da Aids.
As marcas dos encontros apaixonados (mordidas e arranhões) ou o comentário de um vizinho ou de um garçom distraído tornam o sigilo quase impossível.
Em geral, arma-se uma conspiração de silêncio.
Mesmo os que desconfiam ou sabem, evitam comentários diretos.
De outro lado, existem as cartas anônimas, as insinuações maldosas e mesmo os detetives particulares para flagrar os amantes.
Quando o marido ou mulher ficam sabendo, experimentam emoções que vão do medo paralisante à raiva incontrolável.
Sua reação pode variar da passividade total à violência explícita, dependendo da capacidade que cada um tem de expressar seus sentimentos, do quanto se culpa pelo que aconteceu e do temor, do pavor mesmo, que a possibilidade de separação lhe infunde.
Para provocar o rompimento, a briga final, o cônjuge infiel pode criar um vazamento proposital de informações: contas de telefone, de cartões de crédito, inventar uma história e depois de contradizer, enfim, deixar pistas ostensivas para ser apanhado.
Também ocorrem com muita freqüência confissões deliberadas, voluntárias.
Os motivos são os mais variados: pode ser um profundo sentimento de culpa, a necessidade de obter perdão, o desejo de se vingar, a vontade de acabar com o affair, de continuar com ele ou de provocar o divórcio.
Às vezes, as confissões são planejadas com antecedência, outras vezes, ocorrem em meio a uma briga, na forma de uma explosão, quando aquele que está traindo se sente provocado além dos limites ("Ela falou, naquela noite, pela milionésima vez...").
Nesse caso, a revelação pode abalar o casamento, pode ser o torpedo que faltava para pôr o barco a pique.
Diante desse quadro, o dilema permanece: contar ou não contar?
No período da revolução sexual, as pessoas acreditavam que a sinceridade era o valor máximo na relação a dois.
A honestidade emocional virou uma bandeira.
Hoje, as pessoas param para pensar.
Contar quando, como, por quê?
Sentimentos (tanto os seus quanto os do parceiro) são complexos e, sobretudo, frágeis.
O menor abalo pode estilhaçá-los.
Será que vale a pena, em nome da "sinceridade", provocar ferimentos incuráveis e cicatrizes que ficarão para o resto da vida?
Na verdade, certas coisas não devem ser faladas ao parceiro.
Quem pratica a infidelidade muitas vezes "conta tudo" para se livrar da culpa.
É melhor desabafar com um amigo, uma pessoa de confiança, que saberá entender.
Transformar o cônjuge em confidente só serve para submetê-lo a um sofrimento inútil.
Se a decisão for contar, é preciso saber quando e como.
E nunca entrar em detalhes.
Estes pertencem à intimidade de quem viveu a situação.
Além do mais , relatos minuciosos só servem para provocar angústia, revolta e desespero em quem foi traído.
Maria Helena Matarazzo

Parece fácil amar outra pessoa.
Porém, a convivência diária traz aborrecimentos e os gestos românticos se escasseiam.
Uma conversa franca pode complicar em vez de resolver.
Não tente encaixar o outro na forma que você idealizou.
Apenas o aceite.
No mundo de esperanças, medos, prazeres e lágrimas.
O que mantém o vínculo são dezenas de fios invisíveis (segredos compartilhados, promessas cumpridas)que ligam uma pessoa à outra através dos anos.
Um mundo feito de corações que se escutam, racham, quebram e voltam a se colar.
No começo parece tão fácil amar outra pessoa.
E o sexo...
Bem, o sexo é divino.
Os olhares, sorrisos e gestos falam mais do que as palavras.
É tão bom descobrir de quantas formas diferentes somos capazes de compartilhar, de nos fundir com a pessoa que amamos...
Acontece que junto com as afinidades vêm as hostilidades geradas pelo conflito de querer amar e de se sentir obrigado a amar.
A familiaridade com o companheiro traz à tona suas imperfeições.
Pequenos aborrecimentos se agigantam e mesmo os gestos românticos vão se escasseando.
Pouco a pouco, a realidade toma o lugar das imagens idealizadas.
Brigas acontecem, mas, naturalmente, a culpa é sempre do outro.
"Ele já não é o mesmo de antes; portanto, é o responsável pelos problemas que estamos enfrentando."
É sempre mais fácil encontrar uma causa externa em vez de olharmos para nós mesmos.
"Eu gosto de ½ de você. O que faço com o resto ?."
De alguns anos para cá, muitos casais valorizam o diálogo como forma de resolver esse problema.
Revistas, cursos e terapeutas passaram a dizer que o importante é pedir o que se deseja.
"Tenha uma conversa franca e sincera com seu parceiro, exponha o que você realmente quer e assim tudo vai se resolver."
Embora uma boa conversa seja um ponto de partida razoável, não é suficiente.
Nós fomos levados a acreditar que a mudança, até mesmo uma transformação radical na relação, era algo totalmente possível: se o outro realmente amasse, ele faria esforços sobre-humanos para caber na forma que você idealizou.
Mas na prática não é bem assim.
Foi ensinado às pessoas que a negociação é essencial em um bom relacionamento.
É possível negociar tarefas e alguns comportamentos específicos, mas não a personalidade do outro.
É impossível modelá-lo, transformá-lo.
No livro Maridos e Mulheres, Melvyn Kinder e Connell Cowan explicam que uma pessoa pode querer mudar, mas de algum modo achar isso dolorosamente difícil.
Muitos dos traços da nossa personalidade foram desenvolvidos como meios de nos proteger de danos psicológicos.
Hoje podemos não precisar desses mecanismos de defesa, mas eles persistem.
Por mais que queiramos modificá-los, inconscientemente ainda sentimos que precisamos deles.
Estes traços que incomodam ou enfurecem são, para a outra pessoa, formas de enfrentar a vida e de sobreviver.
Ninguém quer contrariar seu parceiro, todos nós tentamos agradar, só que nem sempre conseguimos.
E acabamos fazendo coisas que machucam.
Temos de aceitar tanto os defeitos como as qualidades do outro.
Amor é aceitação.
Nem sempre falar francamente fortalece o relacionamento.
A afirmação parece contrária a tudo dque se disse nos últimos tempos, mas a experiência provou que às vezes "é melhor calar. E agir."
É ingênuo imaginar que basta expressar claramente os sentimentos para que o parceiro nos compreenda.
Quando duas pessoas resolvem falar tudo o que pensam e sentem, podem ficar mais informadas, mas também podem acabar mais machucadas e ressentidas.
Certas coisas não devem nem precisam ser ditas, por mais verdadeiras que sejam, pois não ajudam em nada e costumam provocar devastação emocional.
A superação das decepções devido ao fato de o outro não ser como tínhamos sonhado é uma dura tarefa.
Mas se descobre lentamente, muito lentamente, que se pode amar alguém apesar de suas falhas.
Por outro lado, precisamos lembrar que é impossível mudar o outro mas não a nós mesmos, pois todos estamos constantemente nos modelando.
A vida é, afinal, uma procura dos segredos do crescimento e ninguém os conhece plenamente.
Maria Helena Matarazzo

terça-feira, 12 de junho de 2012

Evolução e aprendizados à parte, acredito realmente que nascemos para nos relacionar, para estar em constante troca com o outro.
Para exercitar afeto e perceber, ao longo de toda a vida, o quanto isso pode ser difícil na maioria das vezes, mas o quanto também é valioso, gratificante e enche nossa vida de significado!
E você há de convir comigo que quando se trata de namorar, é diferente!
É mais fácil!
É fluido, leve, receptivo.
Namoro de verdade, como tão bem poetizou Carlos Drummond de Andrade, tem a ver com fazer pactos com a felicidade, por muitas vias, de várias formas, mas todas tão simples, tão simples, que quase nos esquecemos!
Se você ainda não leu o poema de Drummond sobre ter ou não ter namorado, faça isso ainda hoje!
Quando comecei a pensar sobre esse tema "namorar", me veio uma frase que ouvi essa semana num contexto completamente adverso.
Estava assistindo a um documentário sobre a loucura.
Loucura mesmo, de doença, internação, medicamento e psiquiatria.
E me comovi demais ao ouvir um suposto doente mental dizendo ao repórter que "loucura é quando a gente não vê o outro"!
"Meu Deus!", eu pensei! "Será que temos confundido tão deliberadamente a diferença entre loucura e sabedoria?"!
Loucura é não ver o outro, claro!
E foi o suposto louco quem disse isso ao suposto normal!
E me veio agora: sabe qual é o momento, talvez o único momento em que realmente vemos o outro?
No exato instante em que nos rendemos e o namoramos.
Repare!
Observe e me diga se não tenho razão!
Ver o outro não tem exatamente a ver com paixão, porque ela é projeção, é quase uma dor! Não tem tanto a ver com amor, porque costumamos entendê-lo mais como um compromisso, quase sério.
Mas namoro, não!
Quando você sai para namorar, você vai à busca do que o outro tem de mais belo, e disposto a mostrar o que você tem de melhor.
Você olha o outro querendo realizar seus sonhos, fazê-lo feliz, da forma mais genuína e profunda que a felicidade pode ser feita!
Tem a ver com olhos nos olhos, prestar atenção no que ele diz, estar atento ao que o outro quer.
Tem a ver com paciência amorosa, com ceder carinhosamente, só para ter o privilegio de presenciar seu sorriso.
Namoro é feito de risada, espontaneidade, humanidade.
É feito de tempo sem ponteiros...
Namorar é ganhar o dia de presente para o outro.
É transformar a vida num passeio de balão.
É, eu sei, não dá para fazer isso o tempo todo.
Mas dá, sim, pode apostar, para fazer isso bem mais vezes do que temos feito!
Por isso, hoje não quero te sugerir nada!
Quero te desafiar!
Isso mesmo!
Duvido você parar com essa maluquice de não ver o outro!
Duvido você "pensar fora da caixa"!
Em primeiro lugar, pare de acreditar que você só pode namorar quem você beija na boca.
Sim, é obvio que você não só pode, como deve namorar mais quem você dorme, quem você casou, quem divide a vida com você.
Mas estou sugerindo que você namore a vida, os amigos, os filhos, o marido, a esposa, o flerte, a paquera.
Namore até você mesmo!
Ignore as defesas alheias com jeitinho.
Aproxime-se de mansinho e invada algumas almas.
Namore alguns, algumas, com toda a doçura com que for capaz!
Olhe bem dentro dos olhos deles.
Beije as mãos.
Diga algo tão desconcertante quanto são os enamorados!
Mas diga inteiro, entregue, vendo o outro de verdade!
E transforme o seu relacionamento com um dia de dizer "não" a essa loucura cotidiana que temos nos imposto sem perceber.
"Não" aos olhos fechados para o outro!
E "sim" ao suspiro gostoso de quem abre os olhos e acorda.
Acorda de verdade!
Acorda e vê que viver sem namorar é a maior loucura que alguém pode cometer.
Chega de loucura!
Agora, você e eu somos só doçura!
Rosana Braga

Já perdi a conta de quantas mensagens recebi e continuo recebendo, especialmente de mulheres, repetindo a mesma queixa.
Cada uma a seu modo, com suas interpretações particulares e conclusões singulares, mas com uma só dificuldade: traduzir o que o outro quer dizer...
Isto é, saem com uma digníssima pessoa, envolvem-se com ela e constroem expectativas e mais expectativas. Até aí, julgo absolutamente compreensível.
E digo mais: até muito lógico, exceto os casos em que é notória a insistência em depositar suas carências na possibilidade de se acomodar num relacionamento que não acontece nunca... felizmente!
Pois bem... ao que tudo indica, pelo "andar da carruagem", o outro também está a fim.
Diz lindas palavras, trata o sexo oposto com beijos e seduções e transforma os encontros - geralmente poucos - em difíceis de esquecer...
Seus galanteios são realmente enredantes.
Porém, de repente, não mais que de repente, ele assume: "eu adoro você, mas não quero namorar".
Ela titubeia, sente um frio na barriga, mas não consegue acreditar.
"Afinal" - ela pensa - "ele é tão carinhoso, tão intenso, tão envolvente...
Não é possível que não goste de mim a ponto de desejar ficar comigo... não faz sentido".
E mais alguns meses se passam.
Novos encontros, novos elogios, novas técnicas de sedução...
Tudo tão intenso quanto fugaz, tão previsível quanto estranhamente surpreendente, tão vazio quanto uma fantasia de criança, mas paradoxalmente preenchedor...
E está armada a neurose: o que fazer?
No que acreditar? Como agir?
Continuar? Parar?
Ok!
Vamos aos fatos e às reflexões...
O que você realmente deseja?
Ser assumida ou ser gostada exatamente do jeito que o outro está dizendo que gosta?
Entender o que o outro está dizendo ou viver o que está acontecendo?
Sei, não é fácil responder essas perguntas, especialmente porque, no final das contas, tudo está ligado e faz parte de uma mesma circunstância.
Mas é importante desfazer os nós quando se quer descobrir qual é o tamanho da linha...
Creio, portanto, que o mais importante seja traduzir a tal declaração que parece tão incompreensível para algumas pessoas.
O que o outro quer dizer quando repete "adoro você, mas não quero te namorar"???
Exatamente isso!
Nada mais, nada menos.
Ou seja, "você é uma pessoa interessante, que me atrai, de quem gosto de estar perto e ponto.
Nada mais do que isso.
Uma espécie de amizade colorida, como diziam antigamente.
Sei, sei... você vai argumentar: "mas eu já disse para ele não me ligar mais, não me procurar porque assim eu não quero, mas ele liga e eu não resisto; saio de novo"...
E eu lanço um desafio: se ele diz que te adora e que quer sair com você, é justamente isso o que está fazendo - tentando satisfazer o desejo dele.
Mas se você diz que assim não quer e, no entanto, sai toda vez que ele liga... quem é que está sendo incoerente, você ou ele?
O meu intuito com este artigo é tentar simplificar o que mais parece um emaranhado de expectativas frustradas do que uma possibilidade de se sentir bem.
Ou você aceita o que o outro tem a oferecer, ou pega o seu banquinho e sai de mansinho.
Pare de tentar, o tempo todo, fazer com que o outro aja conforme os seus desejos.
Comece você a agir conforme os seus desejos e assuma-os, de uma vez por todas.
Se quer, assuma que quer. Se não quer, assuma que não quer.
E pague o preço... porque todas as nossas escolhas têm um preço, sempre.
Agora, ficar culpando o outro pela sua frustração não vai resolver nada e você vai perder seu precioso tempo sem usufruir o que quer ou sem abrir espaço para alguém que tenha desejos semelhantes aos seus...
Enfim... falando curto e grosso, seríamos bem mais felizes se começássemos a assumir aquilo que realmente desejamos e, especialmente, o que deseja nosso coração...


Rosana Braga

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“As palavras são a voz do coração. Onde quer que você vá,vá com todo o coração. Por muito longe que o espírito alcance,nunca irá tão longe como o coração.”(Confúcio)

Quem sou eu

Sou uma pessoa de bem com a vida e dificilmente você me verá de mau humor.Tento levar a risca o ditado "não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você". Procuro me rodear de pessoas alegres e que me olham nos olhos quando eu falo. Acredito que energia positiva atrai energia positiva.

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