terça-feira, 7 de julho de 2015
 
Todos são compreensivos, aceitam tão bem suas escolhas, torcem por tudo o que você faz, não é mesmo?
Desde que você faça o que está no script.
Que siga o que foi determinado no roteiro, aquele que foi escrito sabe-se lá por quem e homologado no instante em que você nasceu.
Mas e quem não quiser seguir esse script?
Em dezembro próximo, serão completados 30 anos da morte da escritora Clarice Lispector, que entendia de subversões emocionais.
Fui convidada a participar de um evento que a homenageia, em Porto Alegre, e em função disso andei relendo algumas de sua obras, e encontrei no conto “Amor”, do livro “Laços de Família”, uma de minhas frases prediletas.
Assim ela descreve o sentimento da personagem Ana: “Seu coração enchera-se com a pior vontade de viver.” 
Ela é complexa, angustiante, subjetiva e intensa.
Ela, “a pior vontade de viver”.
A que não está disposta a negociar com a vontade dos outros.
No entanto, esta que foi chamada de a “pior” vontade pode ser também uma vontade genuína e inocente.
É a vontade da criança que ainda levamos dentro, entranhada.
É o desejo de açúcar, de traquinagem, de fazer algo escondido, de quebrar algumas regras, de imitar os adultos.
A “pior” vontade é curiosa, quer observar o buraco pela fechadura e, depois, mais ousadamente, abrir a porta e entrar no quarto proibido.
A “pior” vontade é da não se enraizar, não assinar contrato de exclusividade, não firmar compromisso, não render-se as vontades fixas, apenas as vontades momentâneas, por as fixas correm o risco de deixarem de ser vontade para se transformarem em vaidade – como se sabe, há sempre aqueles que envaidecem da própria persistência.
A “pior” vontade não quer ganhar medalha de honra ao mérito, não quer posar para fotografias, não quer completar bodas de ouro nem ser jubilada.
A “pior” vontade  não faz a menor questão de ser percebida, ela quer ser realizada.
É quando você sabe que não deveria, mas vai.
Sabe que não será fácil, mas enfrenta.
Sabe que tomarão como agressão, mas arrisca.
Aqui cabe lembrar: apenas se sentem agredidos aqueles que te invejam.
A vontade oficial, a vontade santinha, a que não causa incômodo, é a outra, a aprovada pela sociedade, a que não leva em conta o que vai no seu íntimo, e sim a opinião pública.
É a vontade que todos nós temos de mostrar para os outros que somos felizes, sem saber que para conseguir isso é preciso, antes, ter a “pior” vontade, aquela que faz você descobrir que ser feliz é ter consciência do efêmero, é saber-se capaz de agarrar o instante, é lidar bem com o que não é definitivo-ou seja, tudo.
É com esta “pior” vontade de viver que você atrai os outros, que seu magnetismo cresce, que seu rosto rejuvenesce e que você fica mais interessante.
É uma pena que nem todos tenham a sorte de deixar vir a tona esta que Clarice Lispector chamou de a pior vontade de viver, que, secretamente, é a melhor”
 
Martha Medeiros 
 
 
 
Vida é o que existe entre o nascimento e a morte.
O que acontece no meio é o que importa. […]
Que tudo o que faz você voltar pra casa de mãos abanando (sem uma emoção, um conhecimento, uma surpresa, uma paz, uma ideia) foi perda de tempo. […]
No meio, a gente descobre que sofremos mais com as coisas que imaginamos que estejam acontecendo do que com as que acontecem de fato.
Que amar é lapidação, e não destruição.
Que certos riscos compensam – o difícil é saber previamente quais.
Que subir na vida é algo para se fazer sem pressa.
Que é preciso dar uma colher de chá para o acaso.
Que tudo que é muito rápido pode ser bem frustrante. […]
Que a vontade é quase sempre mais forte que a razão.
Quase? Ora, é sempre mais forte. […]
Que passar pela vida à toa é um desperdício imperdoável.
Que as mesmas coisas que nos exibem também nos escondem (escrever, por exemplo).
Que tocar na dor do outro exige delicadeza. […]
No meio, a gente descobre que fazer a coisa certa é sempre um ato revolucionário.
Que é mais produtivo agir do que reagir.
Que a vida não oferece opção: ou você segue, ou você segue. […]
Que a verdadeira paz é aquela que nasce da verdade.
E que harmonizar o que pensamos, sentimos e fazemos é um desafio que leva uma vida toda, esse meio todo.
 
Martha Medeiros

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“As palavras são a voz do coração. Onde quer que você vá,vá com todo o coração. Por muito longe que o espírito alcance,nunca irá tão longe como o coração.”(Confúcio)

Quem sou eu

Sou uma pessoa de bem com a vida e dificilmente você me verá de mau humor.Tento levar a risca o ditado "não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você". Procuro me rodear de pessoas alegres e que me olham nos olhos quando eu falo. Acredito que energia positiva atrai energia positiva.

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