segunda-feira, 29 de junho de 2009

No início da década de 60, alguns cientistas realizaram experiências com animais para tentar determinar algo a respeito do instinto de defesa e fuga nos seres humanos. .
Em uma das experiências, eles eletrificaram a metade direita de uma grande jaula, de modo que um cão preso nela recebesse um choque cada vez que ali pisasse.
O cão aprendeu rapidamente a permanecer no lado esquerdo da jaula.
Em seguida, a mesma instalação foi passada para o lado esquerdo da jaula e o cão logo reorientou, aprendendo a ficar do lado sem choques.
A partir disso, os cientistas prepararam todo o chão, de modo que, onde quer que o cão estivesse, ele acabaria levando um choque.
Inicialmente o animal demonstrou estar confuso e depois entrou em pânico.
Finalmente, desistiu e se deitou, aceitando os choques.
Depois, a jaula foi aberta.
Esperava-se que o cão saísse correndo, mas ele não saiu.
Embora pudesse abandonar a jaula quando bem entendesse, ele ficou ali recebendo os choques.
O que quero mostrar através desta experiência é que nós, seres humanos, agimos assim com muita freqüência.
Nos permitimos levar choques, entramos ou permanecemos em situações destrutivas, castradoras, acumulando mágoas e traumas até um ponto que não sabemos mais diferenciar o que faz bem do que não faz.
Nos adaptamos as mais diferentes formas de violência, seja física ou emocional.
Porém, não podemos permanecer neste estado, perdendo nosso poder de defesa e de luta, deixando de buscar o que acreditamos e valorizamos.
Entramos em relações destrutivas na ânsia de compensar perdas e rejeições anteriores.
Sem discernimento, nos deixamos envolver nestas situações porque a princípio parecem nos fazer felizes ou assim queremos acreditar, e não resistimos.
Nos deixamos seduzir, mesmo quando algo nos diz para dizer não, talvez muito mais por uma ilusão, idealização ou carência, do que pela própria realidade.
Quando realmente conseguimos perceber, já estamos envolvidos com pessoas e situações que nos machucam e nos impedem de crescermos.
Em função da própria carência ou em decorrência da busca de uma vida feliz, há pessoas que se tornam vulneráveis e se deixam envolver com certa facilidade.
Se algo ou alguém nos dá a impressão que irá preencher um vazio, nos agarramos sem questionar.
Em virtude do cansaço de tanto nos defendermos ou da perda das defesas psicológicas, acabamos por ceder.
Seja em relacionamentos infelizes, tanto na vida afetiva, quanto em situações de exploração ou no trabalho não-reconhecido, é muito difícil libertar-se da dependência depois que a deixamos instalar.
Não é fácil perceber e aceitar que muitas vezes nos tornamos acomodados e dependentes do que nos faz mal. Importante: não falo aqui da dependência financeira, mas principalmente da emocional.
Quando permitimos ser privados de nossa saúde mental e de nossos próprios instintos, não é fácil o caminho de retorno, como o cão que não mais percebe que a porta da jaula eletrificada está aberta.
Isto por que a tomada de consciência da dependência é um processo psicológico dolorido, como se o conhecimento das causas doesse mais que o sofrimento.
Quando desvalorizam tudo o que fazemos ou criamos, seja o que for, é como se jogassem no lixo nosso 'eu' mais verdadeiro.
Neste caso, a pessoa cai num tipo de indiferença consigo mesma, porque perdeu o auto-respeito, a confiança e a capacidade de se amar, como se passasse a se punir por ter permitido que o outro rompesse suas barreiras mais caras e ultrapasse os limites da sua individualidade.
Nos perdemos não só porque os outros não respeitam nossos limites, vontades e desejos, mas principalmente porque nós próprios não os respeitamos.
Mesmo machucados, dilacerados em nossos sentimentos mais íntimos, insistimos em manter a situação.
Abaixamos nossa cabeça, calamos nossas vozes, fechamos nossos olhos e acreditamos estar vivendo.
Viver?...
Como viver sem alegria, sem crescimento, sem transformação, afastados de tudo o que nos é importante?
Quando alguém é conduzido pelos valores dos outros por muito tempo, fecha-se num mundo sem cor, deixa-se aniquilar, anular, morrer internamente.
As escolhas destrutivas machucam, nos fazem sentir no fundo do poço, mas também podem nos fazer aprender e crescer, desde que estejamos prontos a reconhecer os erros e a reagir.
Isto ocorre quando não mais conseguimos suportar e ao olharmos à nossa volta, questionamos o que fizemos com nossa vida.
Que direito temos de nos destruir ou permitir que o outro o faça?
Se a pessoa percebe isso, reúne forças para recolher os pedaços que sobraram, cuidar dos ferimentos e recomeçar a vida.
Ela entende que ainda que um episódio represente um desastre, há outros episódios à sua espera, outras oportunidades de acertar, outros caminhos a tomar, apesar do medo que fica como seqüela.
Quantas vezes você não pediu para abrirem a porta para que você entrasse, mesmo sabendo que seria maltratado?
Mas mesmo assim você entrou, talvez por ser a única porta que se abria...
Ou quantas vezes você não permaneceu no mesmo lugar que era maltratado, mesmo com as portas abertas?...
E lá ficou, mesmo sabendo que este não seria o seu lugar.
Afinal, qual é mesmo o seu lugar?...
(Rosemeire Zago)

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Sou uma pessoa de bem com a vida e dificilmente você me verá de mau humor.Tento levar a risca o ditado "não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você". Procuro me rodear de pessoas alegres e que me olham nos olhos quando eu falo. Acredito que energia positiva atrai energia positiva.

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