sábado, 29 de agosto de 2009

Procurar a felicidade eterna é a melhor maneira de ser infeliz.
Não temos obrigação de ser felizes nem fomos colocados no mundo para alegrar os outros.
Nascemos para ser nós mesmos - a tarefa mais difícil de todas.
Nos privamos do direito à tristeza.
Ao menor sinal de sua presença, nos entupimos de antidepressivos, como se momentos de introspecção fossem doença e o padrão normal fosse vivermos imersos numa comédia romântica infindável.
Pior: fosse essa capacidade a medida de nosso êxito.
Mas o êxito só pode ser medido pela aptidão de abraçar nossas idiossincrasias, de lidar com o que não gostamos ou entendemos em nós - nosso maior êxito é ter coragem de assumir quem somos e deixar de imitar condutas incutidas e socialmente aceitáveis.
Homens choram, sim.
Mulheres, mesmo nos dias de hoje, podem ser meigas.
Estar sempre preparado para o ataque é tarefa de guepardos, não nossa.
Alegria incessante é função de apresentadores de TV.
Precisamos, com urgência, relaxar e aceitar que "Um dia de chuva é tão belo quanto um dia de sol / Ambos existem; cada um como é" (Alberto Caeiro).
Só assim respiraremos tranqüilos, sem nos sentirmos fracassados, diante de uma melancolia corriqueira.
Para parar de ter medo do bicho-papão que mora embaixo da cama, é preciso olhar para debaixo dela: medos só perdem a força quando são firmemente encarados.
Cerceamos a vida de maneira letal ao exigir extrair prazer de tudo o que nos cerca: a comida deve ser orgásmica; o cinema, brilhante; o amor, estelar.
Incutimos até num pedaço de bolo a obrigação de nos inundar de prazer.
E essa busca demente da felicidade se torna demoníaca porque traz consigo a massacrante sensação de derrota - nada é capaz de nos suprir de alegria, por mais esforço que façamos, porque precisamos do desalento eventual para sermos completos.
Só nos contos de fadas aparecerá o herói, a mítica figura salvadora, que decretará:
"Todos serão felizes para sempre", e a dor sumirá.
Na vida real, somos completamente responsáveis pelo que fazemos conosco, ninguém executará a tarefa por nós.
Não conseguimos - por mais que acumulemos itens, pessoas, realizações e prêmios - sorrisos perenes e autênticos.
E nos sentimos (às vezes, vagamente; outras, arrasadoramente) perdedores, fracos, largados.
E então exigimos a felicidade.
Clamamos por ela.
Nos entorpecemos tencionando atingir o êxtase perfeito.
Bebemos.
Cheiramos.
Usamos tudo o que possa alterar nosso ânimo, que ofereça uma breve promessa do paraíso, dilua a angústia.
Qualquer coisa que nos deixe felizes até o dia seguinte, de onde recomeçaremos o ciclo, ignorando os motivos desse vazio incômodo que clama para que vejamos a nós mesmos.
A alegria não virá dentro das sacolas de compras, no porta-luvas do carrão novo, nas coxas durinhas da conquista da semana: essas coisas são nossa dose diária (e até necessária) de anestesia que adia encararmos o fato mais banal e amedrontador da vida: não existe bálsamo milagroso para nossa solidão intrínseca, e ela faz parte de nós tanto quanto a vontade de rir solarmente - ignorá-la é fechar a porta para tudo o que ela pode ensinar.
Ignorá-la é enterrar metade de você.

(Ailin Aleixo)

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“As palavras são a voz do coração. Onde quer que você vá,vá com todo o coração. Por muito longe que o espírito alcance,nunca irá tão longe como o coração.”(Confúcio)

Quem sou eu

Sou uma pessoa de bem com a vida e dificilmente você me verá de mau humor.Tento levar a risca o ditado "não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você". Procuro me rodear de pessoas alegres e que me olham nos olhos quando eu falo. Acredito que energia positiva atrai energia positiva.

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