sábado, 2 de janeiro de 2010


Por que, no mundo atual, tornou-se tão difícil encontrar um companheiro ou uma companheira?
Antigamente, as coisas não eram assim.
Começavam com uma simples troca de olhares.
Daí, ou acontecia aquele clique mágico do amor à primeira vista, ou aquela aproximação gradual, que aquece lentamente os sentimentos.
A verdade é que a situação não assustava tanto como hoje.
Há alguns anos, as pessoas solteiras ou divorciadas eram menos descrentes; seu entusiasmo sem medo criava maiores possibilidades de encontro e permitia que se aproximassem com uma facilidade que parece ter desaparecido.
Como estava ocorrendo uma revolução sexual, pode-se argumentar que havia um deslumbramento com a liberdade recém - descoberta, quer dizer, todos queriam desesperadamente sentir mais prazer e/ou fazê-lo durar mais.
Entretanto, muitas das crenças e expectativas dessa época se transformaram em armadilhas.
Durante a revolução sexual, muitos homens e mulheres, em vez de terem se tornado sexualmente liberados, ficaram sexualmente aprisionados.
Em vez da sensação de aventura sugerida pelos manuais de sexo, passaram a sentir-se fora de sintonia.
Em vez de relaxar, de se entregar, passaram a comparar seu comportamento com aquilo que estava sendo descrito à exaustão nas revistas masculinas e femininas.
Acontece que, de modo geral, os conselhos oferecidos eram simplistas demais para uma das mais complexas experiências da vida.
Funcionavam como guias turísticos do tipo Descubra o caminho para a Prazerlândia, esquecendo que, em matéria de sexo, não se pode simplesmente dizer às pessoas: "Experimente", como se estivéssemos falando de um novo sabor de sorvete.
Uma das melhores análises da revolução sexual foi feita por Melvyn Kinder, no seu livro Correndo para Lugar Nenhum.
Ele explica que, durante a revolução sexual, se pensou que era bom oferecer-se a todos, porque todos se ofereciam a nós.
Estas idéias não teriam sido tão destrutivas se o contato sexual fosse ou pudesse ser somente divertido, prazeroso, lúdico.
Porém, os problemas mais sérios começaram quando as pessoas foram vistas como não sendo normais se não fossem capazes de se envolver em tal " diversão".
Em outras palavras, foi dito a homens e mulheres que havia algo errado com eles se pensassem ou se comportassem de modo diferente.
As coisas se complicaram principalmente para as pessoas solteiras, porque se aproximar, vir a conhecer alguém, significava conhecer sexualmente.
Nessa época, tornou-se lugar comum pensar em sexo como algo separado dos sentimentos, como se cada um só alugasse seu corpo por algumas horas para sentir prazer e depois de um certo número de orgasmos o outro simplesmente se desmanchasse no ar, desaparecesse como pessoa.
É bom lembrar que antes da revolução sexual os contatos eram mais simples.
Para as mulheres, só havia dois tipos de homem: aqueles com quem dormiam (seus maridos) e os com quem não dormiam (todos os outros).
Mas de repente as mulheres descobriram homens de cuja existência nem sequer desconfiavam.
Havia aqueles com quem tinham vontade de dormir, os com quem dormiam às vezes e aqueles cujos nomes esqueciam.
Era o que se chamava "liberdade sexual" .
Nem todas as mulheres aproveitaram esta liberdade, a maioria delas nem experimentou, mas hoje não se pode mais considerar a liberdade sexual como um presente simples e bom do passado.
Ficaram várias seqüelas.
Por exemplo, a revolução sexual deixou as pessoas confusas com o contraste entre a facilidade de desfrutar um momento de intimidade com alguém e a dificuldade de preservar a intimidade fora e além da cama.
Na verdade, todos aprendemos que leva tempo para conhecer alguém e mais tempo ainda para amar.
Outra seqüela foi a questão do dia seguinte.
Quando um homem e uma mulher se encaravam depois de um encontro sexual, muitas vezes havia um constrangimento, pois os dois sabiam que não estavam a caminho de uma conexão, mas, ao contrário, avançavam para a desconexão.
Já se fala, atualmente, que a revolução sexual foi uma encruzilhada de ilusões perdidas.
Por isso aquela ânsia, aquela sede de liberdade a qualquer preço, está dando lugar a uma aproximação mais lenta, porque sabemos agora que a sexualidade separada do amor cria suas próprias armadilhas.

(Do  livro Encontros, Desencontros e Reencontros - Maria Helena Matarazzo)

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