quarta-feira, 5 de maio de 2010


E se hoje , lá pelas seis da tarde, não escurecesse?
Num primeiro momento você pensaria que chegou o horário de verão, mas não, não em setembro.
E não escureceu às 7h, nem às 8h, nem às 9h, nem às 10h.
E a noite inteira o sol brilhou.
Muita gente ia gostar e ficar na praia até madrugada alta.
Será que as pessoas teriam sono, já que o dia não acaba?
Sempre se pode fechar as cortinas, mas alguma coisa faria com que as pessoas soubessem que algo estranho estava acontecendo.
E quando terminasse a programação normal das televisões?
E entrar num restaurante para jantar com o dia claro?
E voltar para casa à 1h, às 2h da manhã, de óculos escuros?
Talvez num primeiro momento as pessoas achassem graça, mas depois do quinto dia, do oitavo, do 15º, a graça começaria a ter menos graça.
E uma paranoia atacaria todos os habitantes do planeta, e começaríamos a ter saudades do tempo tão feliz da epidemia da gripe suína, que pelo menos acontecia dentro de uma certa ordem, no tempo em que tínhamos dia e noite.
E as festas, a que horas começariam?
Sendo dia o tempo todo, tanto faz, aliás, tanto faz tudo: a hora de começar a trabalhar, a hora de dormir, de almoçar, de jantar.
Não haveria hora para ninguém sair de casa ou chegar, nem os maridos, nem as mulheres, nem os filhos, hora de começar o colégio, hora de voltar; um dia alguém olharia para o relógio e ficaria na dúvida se eram 10h da manhã ou 10h da noite, e pensaria: e daí?
Daí que ele tiraria o relógio do pulso e jogaria fora, convencido da total inutilidade daquele estranho objeto que não servia para nada.
E todos jogariam os seus fora, e talvez passassem a ser totalmente livres, pois nada nos aprisiona mais do que o tempo, os horários, as agendas, os relógios.
Todos livres, como sonhamos a vida inteira.
Talvez esses pensamentos tenham me ocorrido de tanto ter visto programas sobre os 40 anos de Woodstock, ultimamente.
Durante aqueles dias eles foram realmente livres, mas o que terá acontecido depois com cada um deles?
Woodstock foi a festa, mas a festa acabou.
E depois?
As mães não conseguiriam acertar o sono dos seus bebês, para que eles aprendessem a dormir à noite -que noite?-, se os maridos chegassem em casa às 8h, como era o costume, ou às 4h da manhã, que mulher reclamaria, com o céu azul e o sol brilhando?
E seria uma confusão nas bolsas de valores, com a diferença de horários, e em Brasília, e nos aeroportos, pois ninguém teria mais noção dos horários dos aviões, e o mundo se transformaria num enorme caos, onde ninguém se entenderia, e se entender pra quê?
Mas as coisas poderiam também ser o contrário; quando você acordasse às 7h da manhã, ainda seria noite, noite essa que continuaria o dia inteiro, a semana, o mês, o ano.
Viver na escuridão da noite ou na claridade do dia, o que seria melhor?
Ou pior?
Tudo pode acontecer neste mundo; as geleiras não estão derretendo?
Não estão existindo tsunamis?
Não houve uma canícula na Europa há cinco ou seis anos, onde um monte de gente morreu com o calor?
Então, não é nenhum absurdo pensar que o mundo pode virar um dia ou uma noite permanente; e quando isso acontecer, vamos todos, alegremente, enlouquecer.

Danuza Leão

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Sou uma pessoa de bem com a vida e dificilmente você me verá de mau humor.Tento levar a risca o ditado "não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você". Procuro me rodear de pessoas alegres e que me olham nos olhos quando eu falo. Acredito que energia positiva atrai energia positiva.

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