terça-feira, 22 de junho de 2010


Sei muito bem o quanto as diferenças provocam em nós sensações complexas e contraditórias.
Não toleramos bem diferenças de opinião, especialmente as que vêm de pessoas com as quais temos um relacionamento afetivo, condição na qual nos sentimos abandonados, traídos e sozinhos outra vez.
Não toleramos conviver com pessoas diferentes porque elas nos fazem sentir ameaçados, com medo. Não conhecendo o modo de ser delas, podemos sempre temer condutas que nos violentem.
Tentamos dominar e controlar tudo e todos os que não entendemos justamente para não nos sentirmos nem abandonados e nem ameaçados.
Uma das defesas de que lançamos mão diante das diferenças que nos aparecem como tão ameaçadoras, consiste em minimizarmos sua magnitude.
Ou seja, nosso esforço caminha na direção de considerar a diferença como menor do que ela efetivamente é.
Isso é válido para as diferenças de todo o tipo, mas principalmente para as que existem entre homens e mulheres.
O próprio Freud teve grande dificuldade em tentar imaginar o feminino de uma forma original.
Ou seja, acabou vendo a mulher como um homem desprovido do pênis, um homem a quem falta algo. Achava também que o grande medo dos homens, principalmente em relação às mulheres (medo este que existe mesmo e pode ser muito intenso), era o de ser castrado e ficar como elas.
Isso, naquele tempo, aparecia como uma grande desgraça já que a norma que hierarquizava as diferenças era a de que o homem era o superior, o completo, e a mulher, a inferior, mutilada e passiva.
Para qualquer pessoa que não tenha a mente dogmática e que consiga pensar sobre o assunto de uma forma mais livre e compatível com os fatos atuais – incrivelmente diferentes daqueles observados por Freud 100 anos atrás – sabe que a condição feminina, se for o caso de hierarquizarmos, terá que ser vista como superior e não inferior.
Isso aos olhos dos próprios homens que ou as endeusam ou morrem de inveja delas (e por isso agem da forma agressiva própria do machismo).
Não acho que seja o caso de seguirmos esta rota cansada e infrutífera de tentar saber quem é o superior e quem é o inferior.
Somos suficientemente diferentes para não podermos ser objeto de comparação.
A verdade é que as pequenas diferenças permitem as comparações e as classificações em superior e inferior, melhor e pior, mais isso ou menos isso!
As grandes diferenças não permitem sequer a comparação e muito menos a hierarquização.
Os muito diferentes são apenas diferentes e pronto.
Parece-me cada vez de forma mais evidente que homens e mulheres são muito diferentes do ponto de vista de aspectos biológicos essenciais.
A diferença de força física, as diferenças na natureza da sexualidade, importância da aparência física, as variações hormonais, a possibilidade de gerar uma criança, definem, junto com enormes diferenças de caráter educacional (hoje em processo de atenuação) determinam o surgimento de dois tipos bastante diferentes de seres humanos.
O mais complexo, a meu ver, é que a própria ideologia igualitária que vem regendo a forma de pensar de homens e mulheres ao longo dos últimos 50 anos, acaba por confundir ainda mais as mulheres.
Elas mesmas não sabem mais se devem caminhar na direção de encontrar sua própria identidade ou de se aproximar do modo de ser dos homens.
Na prática, o que acontece é que podem existir as 2 possibilidades: mulheres que mantém o padrão de feminilidade tradicional, mais doméstico e prestativo; e mulheres que se dirigem com tudo para o mundo do trabalho, do sucesso profissional e da competição (antes tradicionalmente masculino).
É fato também que a sociedade aceita melhor as mulheres que perseguem os ideais masculinos do que os homens que prefiram viver de acordo com o padrão tradicional feminino.
Homens que prefiram ficar em casa, cuidando dos afazeres domésticos e das crianças enquanto suas esposas se dedicam ao trabalho continuam a ser mal vistos.
Ou seja, o mundo igualitário ainda é o que privilegia o modo de ser masculino: mulheres podem (e em muitos aspectos devem) agir como os homens, enquanto que os homens devem continuar a agir como homens.
A complicação maior é que, diante de tanta confusão de conceitos, fica difícil darmos origem ao processo de entendimento do que seja o verdadeiro feminino.
Até hoje só existe o feminino tratado como subalterno, passivo e dependente do masculino; ou então o feminino que trata de imitar o modo de ser masculino.
E as mulheres de verdade onde é que estão?
Quem são elas?
Existem as que sabem responder à pergunta que realmente interessa: afinal, quem são e o que querem as mulheres?
 
Flávio Gikovate

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