domingo, 18 de julho de 2010
17:14:00
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Reflexos do meu ser
Somos conduzidos a acreditar que a nossa infância foi uma fase que ficou para trás.
Ouvimos a todo instante que não podemos mais agir como criança.
Carregamos a idéia que somos agora adultos e que não nos cabem mais certas atitudes.
Com isso, engessamos o nosso emocional infantil no passado como se ele fosse algo impróprio.
Mas é aí que começam os problemas.
Nossa criança ainda está conosco.
É ela que se relaciona com a parte emocional das nossas relações como a educação dos filhos, convivência com os(as) companheiros(as), e tantas outras interações do nosso cotidiano.
Uma criança bem resolvida é um adulto equilibrado.
E para ilustrar melhor, tomo como exemplo um atendimento em que um homem que exercia chefia num jornal, não se continha quando alguém deixava de comparecer às suas festas, principalmente a dos seus filhos. Agredia verbalmente o “faltoso” sem entender bem porquê.
Veio me procurar quando viu a iminente possibilidade de sair no braço com um grande amigo e colega que faltara à festa de seu filho, sem dar nenhuma satisfação.
Ficou assustado com o ódio que lhe acometera diante daquele que nunca havia lhe feito nada de ruim.
Quando começamos a sessão, identifiquei, em seu campo energético, o registro de uma criança, de cerca de 2 anos, deprimida porque alguém tinha ido embora.
Ele me relatou que sua mãe teria saído de casa, sem dar nenhuma satisfação e voltara há pouco tempo (cerca de 40 anos depois), batendo em sua porta, como se nada tivesse acontecido, com um discurso de “vim para conhecer os meus netos”.
Ele a recebeu perplexo e, como todo “adulto equilibrado e maduro”, deixou-a participar de sua vida.
Mas a criança que habitava nesse homem não havia expressado a sua real tristeza, decepção e raiva pelo abandono e como não é “educado ou correto brigar com a mãe” ele descarregava a sua ira em cima de seus colegas e amigos que ousavam desaparecer sem dar satisfação.
Tão logo canalizei a imagem internalizada de sua mãe com o ar “blasé” de quem nada tinha a dizer, sua revolta e ódio se exteriorizaram.
Nem preciso dizer que se não tenho um “santo forte”, quase apanhava.
Era preciso expressar toda a sua tristeza, indignação e rejeição para que parasse de fazê-lo em situações outras.
Precisamos compreender que quando temos algo mal resolvido em infância, isso não ficará inerte em nossos arquivos.
A vida tratará de atrair situações para que essa criança interior seja acordada e provocada.
Na própria educação dos filhos, vemos eles repetirem as mesmas coisas que fazíamos quando criança. Essa é a prova de que passamos esse emocional infantil quando os educamos.
Quando reagimos com exagero diante de uma situação ou nos omitimos diante de responsabilidades, pode procurar que vai encontrar a sua criança interior com as mesmas reações.
Ela precisa ser acolhida e se sentir amada e somente você pode fazer isso.
Uma criança que foi castrada em sua espontaneidade, certamente será um adulto tímido, com medo de se expor, de se envolver afetivamente, insegura com seus próprios potenciais.
O adulto é quem racionaliza, mas é a nossa criança que sofre.
Soltar a criança não significa sair por aí fazendo bobagens ou cometendo irresponsabilidades.
Quando canalizo a criança do paciente e ele vê como verdadeiramente ela se encontra, é naquele momento que se tem a oportunidade de reeducá-la, ampará-la e lhe dar tudo aquilo que lhe faltou, resgatando a sua dignidade, sua emoção, sua alegria, sua auto-estima, sua criatividade e acima de tudo sua conexão natural com Deus.
Uma criança bem reprogramada, certamente será um adulto feliz!
Vera Ghimmel - Terapeuta
Marcadores:Vera Ghimmel
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