segunda-feira, 30 de maio de 2011

É impossível viver sem ele; só que existem luxos e luxos.
Para a milionária Barbara Hutton, a herdeira mais rica dos Estados Unidos, um deles foi mandar fabricar um Rolls-Royce em tamanho pequeno para dar de presente a seu filho, então com 9 anos.
E, para motorista do carro, contratou um anão.
Será que ter dinheiro demais pira a cabeça das pessoas, elas nunca ficam satisfeitas? Detalhe: depois de nove casamentos, Barbara Hutton morreu pobre.
Para não ser radical, admito que algum dinheiro sempre ajuda, mas não é tão fundamental assim.
Então vou falar de algumas coisas que são, para mim, o luxo dos luxos e que não custam quase nada.
Acordar num domingo de manhã sabendo que a faxineira não vem, que todos os eletrodomésticos da casa estão funcionando e que, com a graça de Deus, o telefone não vai tocar O dia será silencioso, e o único movimento na casa será o dos gatinhos (agora tenho mais dois) correndo e se enrolando uns nos outros sem emitir um só som.
Um domingo assim é um luxo total.
Outra preciosidade é, depois de passar 20 dias sem comer carboidrato, nem unzinho, pegar no armário aquela calça de 15 anos atrás, quando você era uma sílfide, e o zíper fechar.
A felicidade é maior do que se ganhasse um brilhante.
E quando você chega da rua, com um calor de matar, pega um copo (bonito, de preferência) e toma uma água bem gelada, não é um luxo?
Se puser dentro de uma jarra (bonita, de preferência) cascas de limão-siciliano e deixar na geladeira, vai ser a água mais fresquinha e perfumada que já tomou.
Não é um superluxo?
Aí você se refresca num chuveiro e depois vai para o quarto, liga o ar-condicionado e se deita numa cama com lençóis brancos limpinhos, cheirosos.
Tem luxo maior?
Dar um mergulho num mar azul, sem ondas, sem se preocupar com os cabelos, e depois tomar uma água de coco?
E então comer um peixe grelhado, temperado apenas com sal, limão e um fio de azeite. Depois de passar por várias paixões sofridas e alguns casamentos errados, não estar apaixonada é um luxo.
Uma sexta-feira, às 7 da noite, você está sozinha, sem a angústia de esperar aquele telefonema.
Sente-se independente e decide sair.
Enquanto pinta o olho, começa a pensar em que restaurante vai sem ninguém para dizer que prefere outro.
Quando chega lá, toma dois drinques sabendo que é uma mulher livre e resolvida, que não precisa de ninguém para uma coisa tão banal, que é jantar fora.
Não é um luxo?
Bom demais é ter resistido à compra daquele vestido lindo, que fez você ficar duas noites sem dormir pensando “compro ou não compro?”, e passar pela loja uma semana depois, ver que ele está em liquidação, pela metade do preço, e que você nem o quer mais.
E quando chega de uma reunião de trabalho com a cabeça quente, se sentindo um lixo, e a empregada fez aquela sobremesa que você adora, não é como se o Universo estivesse todo a seu favor?
E o resultado do exame avisando que sua saúde está ótima?
E seu filho que telefona para dizer que está com saudades?
Percebo que misturei muitos luxos com momentos de felicidade; e existe luxo maior do que ser feliz?

Danuza Leão
sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dia sim,dia não, eu, que moro no Rio, ando na Lagoa durante uma hora.
Andar é uma mania dos cariocas, para conservar a saúde.
Meu horário é seis da tarde, mas nesse último mês tem sido difícil.
Os dias amanhecem lindos, ensolarados, céu azul, mas a partir das três horas o céu começa a ficar cinza, e daí a pouco começa a chover.
Um verão atípico, pois isso tem acontecido quase todos os dias.
Na última segunda-feira, quando desci para andar, o céu era um chumbo, e fiquei na dúvida: vai ou não chover?
Perguntei a meu porteiro, ao do edifício ao lado, os dois me tranqüilizaram: não, não vai chover.
Acreditei, e lá fui eu.
Quando cheguei à Lagoa, o tempo estava meio estranho: olhando para o lado da Barra, céu azul e sol.
Do outro lado, nuvens negras anunciavam um temporal.
Como eu já estava indo, resolvi apostar no melhor e comecei a andar.
Uns 800 metros depois caiu uma chuva daquelas, mas daquelas mesmo.
Dizem que o mundo é dividido entre os que usam e os que não usam guarda-chuva e sou das que acham a chuva uma delícia, sobretudo quando está fazendo calor; mas aquela era demais.
Para piorar a situação, tinha ido ao cabeleireiro e feito uma escova naquela manhã, e se meu cabelo molhasse seria uma catástrofe.
Mas não havia nada a fazer, a não ser esperar.
Sentei num banco debaixo de uma árvore, rezando para a chuva passar.
Enquanto esperava, olhei o céu: a mesma coisa.
De um lado sol, do outro lado chuva.
Foram 15 ou 20 minutos difíceis: se decidisse voltar para casa, ia ficar encharcada.
Quanto tempo ainda duraria aquela tortura?
A chuva, daquelas bem de verão, passou.
As últimas gotas ainda caíam quando voltei a andar, e quando olhei para o céu, o milagre: um arco-íris.
Na verdade não é um milagre, é um fenômeno explicado pela ciência e que acontece às vezes, mas que é tão lindo, mas tão lindo, que é difícil de acreditar que esteja mesmo acontecendo.
O enorme arco-íris ligava um morro a outro.
Existem alguns arco-íris que são meio pela metade, e com cores meio desbotadas.
Mas aquele era tão lindo, tão inteiro, tão perfeito, que parecia feito a compasso; as cores vivas, nítidas, belas, um verdadeiro presente da natureza -e que presente.
Na volta, comecei a prestar mais atenção ao caminho que faço todos os dias, automaticamente.
Algumas árvores haviam florescido e as flores estavam caídas no chão, dando a impressão de serem tapetes amarelos.
E havia outras, nas quais nasce, no tronco, um tipo de flor em vários tons de vermelho; vi turistas estrangeiros maravilhados, pegando as flores, provavelmente para levar para seus países, de lembrança.
Elas eram lindas, e eu nunca havia notado que existiam.
Quando fiz o caminho de volta, o sol continuava a brilhar, e voltei para casa feliz; mais feliz do que se tivesse ido a qualquer museu e visto as mais lindas obras de arte.
Feliz e pensativa; como conheço razoavelmente a natureza humana -a minha, sobretudo-, não será impossível que em uns meses, quando estiver fazendo o mesmo percurso, no lugar de prestar atenção nas montanhas, na luz, que muda a cada dia, nas flores, que podem ter caído ou estarem enfeitando as árvores, esteja distraída e tensa, pensando que é hora de declarar o imposto de renda, ou no inevitável novo escândalo que acontecerá no país.
E isso -quando e se acontecer- será muito melancólico.

Danuza Leão
quinta-feira, 19 de maio de 2011

Viver é complicado?
É, um pouco.
E como tornar a vida mais fácil?
Entre outras coisas, aprendendo que todos nós temos um código e, quando passamos a conhecer o nosso, e o dos outros, tudo fica mais suave.
Dentro da família podemos ter mãe, pai, dois irmãos, três tias, cinco primas, marido, filhos...
É preciso entender o idioma de cada um para não viver num planeta em que cada pessoa fala uma língua diferente.
Sabe quando você ouve no telefone a frase “então te ligo; quem sabe a gente vai jantar?”.
Pois isso talvez queira dizer várias coisas: pode ser apenas uma desculpa para desligar o telefone, pois o assunto não está interessando; pode ser que a pessoa esteja esperando uma ligação e não queira ocupar a linha; pode ser que tenha começado o telejornal, e mais 300 razões diferentes, algumas inimagináveis.
Os horários, por exemplo: um encontro marcado para nove da noite pode significar nove e meia; entre dez e meia e onze; e em alguns casos até nove horas mesmo.
Agora, se você conseguir decodificar o idioma da pessoa, não vai se irritar de ficar esperando duas horas, porque já sabe que, quando ela diz nove, está querendo dizer onze, certo?
São essas filigranas que desgastam a relação e você deve fazer todos os esforços para evitar que isso aconteça.
Um capítulo sujeito a muitos mal-entendidos é o do amor.
Quando um homem diz “eu te amo”, é possível traduzir isso de umas 500 maneiras, só que as mulheres costumam ouvir sempre da mesma.
A mais frequente é ele dizer um “eu te amo” e ela ouvir um “quero me casar com você”, sendo que a maior parte das vezes ele diz “eu te amo” querendo dizer “quero transar com você”. Complicado?
Nem tanto; apenas uma questão de tradução.
Essa declaração de amor pode também querer dizer que ele está te amando profundamente naquele momento, e não que esteja propondo fundar um lar.
E dependendo de quantos copos de vinho ele tiver tomado, da luz e da música que estiver tocando, pode até pintar uma proposta de morarem juntos, o que não quer dizer que você deva levar ao pé da letra.
E é melhor mesmo que não leve.
Mas as mulheres adoram ser pedidas em casamento, e a qualquer sinal de vitória – porque é uma vitória – passam a amarrar a coisa.
Costumam começar com um “na sua casa ou na minha?” e, dependendo, mais uma vez, de estarem na segunda ou terceira garrafa de vinho, dali meia hora ela já está falando na decoração, se vão usar o mesmo computador ou se é melhor cada um ter o seu.
Quanto a ele – todos sabem que o álcool provoca amnésia, principalmente no homem.
Ele sai todo lampeiro, volta para seu adorado espaço, a coisa mais preciosa que acha que tem, e vai ficar surpreso quando telefonar na quarta-feira perguntando “vamos pegar um cineminha?”, e ela atender de mau humor.
Se um dia homem e mulher falarem a mesma língua podem começar a se entender.
Mas nem todas as coisas têm de ser traduzidas, porque aí pode ficar tudo tão sem graça que o amor desapareça da face da Terra.
Danuza Leão
segunda-feira, 16 de maio de 2011

Há homens que têm patroa.
Ela sempre está em casa quando ele chega do trabalho.
O jantar é rapidamente servido a mesa.
Ela recebe um apertao na bochecha.
A patroa pode ser jovem e bonita, mas tem uma atitude subserviente, que lhe confere um certo ar robusto, como se fosse uma senhora de muitos anos atrás.
Há homens que têm mulher.
Uma mulher que está em casa a hora que pode, às vezes chega antes dele, às vezes depois. Sua casa não é sua jaula nem seu fogão é industrial.
A mulher beija seu marido na boca quando o encontra no fim do dia e recebe dele o melhor dos abraços.
A mulher pode ser robusta e até meio feia, mas sua independência lhe confere um ar de garota,regente de si mesma.
Há homens que tem patroa, e mesmo que ela tenha tido apenas um filho, ou um casal, parece que gerou uma ninhada, tanto as crianças lhe solicitam e ela lhes é devota.
A patroa é uma santa, muito boa esposa e muito boa mae, tao boa que é assim que o marido a chama quando nao a chama de patroa: "mãezinha"
Há homens que têm mulher.
Minha mulher, Suzana.
Minha mulher,Cristina.
Minha mulher, Tereza.
Mulheres que têm nome, que só são chamadas de mãe pelos filhos, que nao arrastam os pés pela casa nem confiscam o salário do marido, porque elas têm o dela.
Nao mandam nos caras, nao obedecem os caras: convivem com eles.
Há homens que têm patroa.
Vou ligar pra patroa.
Vou perguntar pra patroa.
Vou buscar a patroa.
É carinho, dizem.
Às vezes, é deboche.
Quase sempre é muito cafona.
Há homens que têm mulher.
Vou ligar pra minha mulher.
Vou perguntar pra minha mulher.
Vou buscar minha mulher.
Não há subordinação consentida ou disfarçada.
Não há patrões nem empregados.
Há algo sexy no ar.
Há homens que têm patroa.
Há homens que têm mulher.
E há mulheres que escolhem o que querem ser.
 
Martha Medeiros
domingo, 15 de maio de 2011
 
Para saber quem somos, basta que se observe o que fizemos da nossa vida.
Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam .
Quem é você?
Do que gosta?
Em que acredita?
O que deseja?
Dia e noite somos questionados, e as respostas costumam ser inteligentes, espirituosas e decentes.
Tudo para causar a melhor impressão aos nossos inquisidores.
Ora, quem sou eu.
Sou do bem, sou honesto, sou perseverante, sou bem-humorado, sou aberto - não costumamos economizar atributos quando se trata da nossa própria descrição.
Do que gostamos? De coisas belas.
No que acreditamos? Em dias melhores.
 O que desejamos? A paz universal.
Enquanto isso, o demônio dentro de nós revira o estômago e faz cara de nojo.
É muita santidade para um pobre-diabo, ninguém é tão imaculado assim.
A despeito do nosso inegável talento como divulgadores de nós mesmos e da nossa falta de modéstia ao descrever nosso perfil no Orkut, a verdade é que o que dizemos não tem tanta importância.
Para saber quem somos, basta que se observe o que fizemos da nossa vida.
Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam.
O que você diz - com todo o respeito - é apenas o que você diz.
Entre a data do nosso nascimento e a desconhecida data da nossa morte, acreditamos ainda estar no meio do percurso, então seguimos nos anunciando como bons partidos, incrementamos nossas façanhas, abusamos da retórica como se ela fosse uma espécie de photoshop que pudesse sumir com nossos defeitos.
Mas é na reta final que nosso passado nos calará e responderá por nós.
Quantos amigos você manteve.
Em que consiste sua trajetória amorosa.
Como educou seus filhos.
Quanto houve de alegria no seu cotidiano.
Qual o grau de intimidade e confiança que preservou com seus pais.
Se ficou devendo dinheiro.
Como lidou com tentativas de corrupção.
Em que circunstâncias mentiu.
Como tratou empregados, balconistas, porteiros, garçons.
Que impressão causou nos outros - não naqueles que o conheceram por cinco dias, mas com quem conviveu por 20 anos ou mais.
Quantas pessoas magoou na vida.
Quantas vezes pediu perdão.
Quem vai sentir sua falta.
Pra valer, vamos lá.
Podemos maquiar algumas respostas ou podemos silenciar sobre o que não queremos que venha à tona. Inútil.
A soma dos nossos dias assinará este inventário.
Fará um levantamento honesto.
Cazuza já nos cutucava: suas idéias correspondem aos fatos?
De novo: o que a gente diz é apenas o que a gente diz.
Lá no finalzinho, a vida que construímos é que se revelará o mais eficiente detector de nossas mentiras.
 
Martha Medeiros

Você se sente em casa dentro do seu próprio corpo?
Muitos não passam de hóspedes de si mesmos...
Estar em paz é aceitar serenamente que você não tem todas as armas para conquistar o que deseja, não tem munição suficiente para levar todos os seus planos adiante e não possui um exército que diga amém para todos os seus delírios.
Você está só e é um sujeito heróico dentro do possível.
Costuma ir à luta por um emprego, por um amor, por grana, por objetivos razoáveis, e quando não dá certo, não dá, e quando erra, paciência, e quando acerta, oba, e quando está cansado, se recolhe, e quando está triste, chora, e quando está alegre, vibra, e quando enxerga longe, vai em frente, e quando a visão embaça, freia, e quando está sozinho, chama, e quando quer continuar sozinho, não chama.
Primeiro passo para a paz: reconciliar-se consigo próprio.
É o que a gente pode fazer de mais concreto, por mais abstrato que pareça.
 
Martha Medeiros

Abandono geral por aqui , desculpe-me pessoal .
Andei muito ocupada reorganizando minha vida de volta ao Brasil , depois de quase uma decada na Europa .
Já consegui organizar as coisas mais urgentes e agora vai sobrar um tempinho pra continuar a postar lindas mensagens .
Beijinhos a todos e aguardem novidades !!!!  
Glauria

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“As palavras são a voz do coração. Onde quer que você vá,vá com todo o coração. Por muito longe que o espírito alcance,nunca irá tão longe como o coração.”(Confúcio)

Quem sou eu

Sou uma pessoa de bem com a vida e dificilmente você me verá de mau humor.Tento levar a risca o ditado "não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você". Procuro me rodear de pessoas alegres e que me olham nos olhos quando eu falo. Acredito que energia positiva atrai energia positiva.

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