terça-feira, 6 de outubro de 2015
 
 
Homem não sabe mais seduzir.
Sei lá se isso é culpa do excesso de praticidade ou se é inaptidão pura.
O fato é que as meias-palavras, intenções sabidas e não explicitadas, o cuidado de criar algo interessante pra ser dito e feito estão mais raros de encontrar do que corvo albino.
Tá tudo pá-pum: olhou, se apresentou, elogiou a bunda e já vai botando a mão.
Putz, coisa tosca!
Mulher não é mamão pra se escolher apalpando.
Que decepção teria Vinicius de Moraes se visse os marmanjos de hoje em dia…
Em vez da Garota de Ipanema, a Popozuda.
De “teu corpo dourado é mais que um poema, é a coisa mais linda que já vi passar” pra “bate na palma da mão, bate na palma da mão e rebola o popozão”.
Uma desgraça completa.
E o que aborrece não é a intenção por trás da corte, a mesma para os raros românticos ou os abundantes broncos: trepar com a fofa.
Isso não tem problema.
É, inclusive, divertido – poucas coisas fazem uma cidadã mais feliz do que saber que está matando alguém de tesão mesmo sem fazer nada.
O ruim é que o jogo ficou escancarado demais, babacão, sabe?
O excesso de pragmatismo nessas horas tem o mesmo efeito de parar de blefar no pôquer – retirado o suspense, perde-se toda a graça.
Se espero brilhantismo chicobuarqueano numa cantada?
Ih, não me resta esperança suficiente pra isso.
Basta não ser surpreendida por atos estapafúrdios, português assassinado e cérebro vazio.
E não se trata de romantismo: só quero inteligência agindo em prol da libido, sabe como é?
Coisinhas simples e especiais que fazem um homem sair da multidão para se instalar na minha cama e, às vezes, na minha vida (que, aliás, está sem vagas).
Porque é muito fácil disparar um “sabia que você é gostosa, gata?”, mas difícil fugir do óbvio – e, quando o cidadão faz isso, é sinal de que matou pelo menos um neurônio no processo.
É um sinal, e mulheres adoram sinais.
Há muitos anos, fui apaixonada por um cara que trabalhava comigo e, confesso, jamais fui boa em abordagens tête-à-tête; sempre preferi as vias indiretas.
Depois de algum tempo, e um longo trecho de via indireta, começamos a sair juntos, completamente sem pretensões ou conjugação de verbos no futuro, mas fiquei apaixonada – só que, parecia, estava sozinha nessa.
Então, 16 horas antes do Dia dos Namorados, mandei entregarem a ele um lindo buquê de lírios-brancos com um bilhete: “Quase um presente, quase amanhã, para alguém que é quase meu namorado”.
Não casamos nem nada, mas tivemos dias deliciosos e até hoje, todas as vezes que nos encontramos, ele relembra o episódio – me instalei definitivamente em sua memória.
Não foi no coração, mas já é alguma coisa.
Se pararmos para pensar um minutinho só talvez cheguemos à conclusão de que as mulheres estejam partindo pro ataque não apenas por compulsão para seduzir mas também por não serem adequadamente atacadas.
É o triunfo da velha regra: se quer que algo saia bem-feito, faça você mesmo.
Porque digo isso com certeza, é muito mais gostoso deixar um homem abobado do que suportar um bobo bancando o homem.
 
Ailin Aleixo

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“As palavras são a voz do coração. Onde quer que você vá,vá com todo o coração. Por muito longe que o espírito alcance,nunca irá tão longe como o coração.”(Confúcio)

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Sou uma pessoa de bem com a vida e dificilmente você me verá de mau humor.Tento levar a risca o ditado "não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você". Procuro me rodear de pessoas alegres e que me olham nos olhos quando eu falo. Acredito que energia positiva atrai energia positiva.

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