sexta-feira, 17 de julho de 2009

A sedução é a expressão da sexualidade, através da sensualidade.
Trata-se do assumir que é alguém que tem desejos e que é passível de ser desejado.
Sedução implica em ousadia, auto conhecimento, confiança, segurança, desinibição.
É um jogo relacional onde você dá sinais de que se interessa pelo outro e torna-se alvo de sua atenção.
Todas as outras atitudes e comportamentos reforçam ou não o sinal de interesse.
Se é correspondido pode avançar alguns passos e vice versa tudo depende de seu objetivo, preparo emocional e de sua capacidade para tolerar frustração.
Culturalmente a sedução masculina sempre foi mais explícita e a feminina mais escondida.
Para os homens sedução era sinônimo de virilidade e para as mulheres de promiscuidade e desvalor.
Com as mulheres conquistando ativamente seu espaço na sociedade e no mercado de trabalho, consequentemente assumiram mais seu poder e com ele sua liberdade de ação e atuação de seus desejos, inclusive sexuais.
Hoje a mulher também escolhe, não é apenas escolhida, a relação de sedução é mais clara, ela não precisa ou não deseja ficar mais no papel de chapeuzinho vermelho ou da bela que dorme, enquanto seus desejos aguardam ser despertos.
Hoje a mulher está mais para “Mulher Gato” (no filme I’m Batman) sensual, forte, intrigante e ágil.
Aquela velha fórmula de mulher como sinônimo de atitudes passivas e homem de comportamentos ativos, a muito não reflete a realidade social.
O homem também mudou, não é apenas o príncipe encantado que tem que ser belo, rico, forte e “sarado” em seu cavalo branco, ele já aceita dividir a conta do restaurante ou ajudar nas tarefas domésticas, sem achar que está perdendo sua masculinidade.
E o medo?
O que fazemos com ele?
Como sustentar um olhar sem suar frio, como desmontar o mito - inconsciente, na maioria das vezes, mas algumas vezes consciente, fruto de preconceitos culturais - que paquerar não é sinônimo de promiscuidade, não é coisa de mulher que não presta, ou de homem que não vale nada?!
É verdade!!
Alguns homens também sofrem com isso.
O medo de se expor se correlaciona com o medo a crítica, a opinião e avaliação alheia.
Algumas pessoas, geralmente as mais tímidas, carregam um equívoco importante, deduzem que ser o “bom moço” ou a “boa moça” significa não desejar nada, apenas esperar ser desejado ou escolhido, e consequentemente quem deseja estaria se oferecendo descaradamente.
Novamente caímos na idéia de bom e mau, mocinho e bandido.
O ser humano é bom e mau, temos as duas coisas, nossa saúde vem da relação que estabelecemos com o bom e com o mau que existe dentro de nós.
Esta relação é guiada pela noção de respeito que desenvolvemos por nós e pelos outros, e por nosso entendimento de nossos direitos e deveres como seres vivos e seres sociais.
Desejar é natural e humano, o entendimento que desejo é algo feio ou imoral advém de uma sociedade baseada nos contos de fada, na separação simplista de pureza e impureza, bom e mau, céu e inferno, que se afasta da realidade humana e pior, onde a sexualidade torna-se feia e suja.
Obviamente quando me refiro a jogos de sedução, o estou considerando entre pessoas adultas e autônomas, e não quando a sedução é usada contra crianças ou pessoas indefesas, nestes casos, considero um ato absurdo e covarde.
Vamos desmistificar isso, paquerar como disse antes, significa mostrar interesse , certo?
Este interesse primeiramente será de conhecer o outro, não necessariamente é um pedido “transe comigo”, e mesmo que seja, caberá a você decidir se quer ou não.
Torna-se mais fácil arriscar quando não se tem nada a perder e difícil quando não se sabe como reagirá a uma negativa, se você acredita em si e em sua capacidade de ser aceito, amar e ser amado, em seu “taco”, o medo torna-se menor.
Quando vemos um homem bonito flertando com alguém dizemos: “ele sabe que é bonito”... quando o homem não é tão bonito, mas age com segurança dizemos: bonito ele não é mais tem um “q” à mais... é um homem charmoso... e com as mulheres é a mesma coisa.
Algumas pessoas dizem “não sei paquerar” ou quando mais velhas...”passei dessa fase, não tenho coragem, seria ridículo”.
O que realmente está em jogo nessas situações é o medo, medo de não agradar, medo de não ser aceito, de não ser interessante, não ser inteligente o suficiente, bonito o suficiente, magra ou suficiente.
A diferença entre os “paqueradores” dos primeiros exemplos e estes é como você lida com seu medo, é claro que o bonitão ou o não tão bonito também têm medo, mas a diferença é que arriscam, ousam, tentam, usam sua autoestima como base.
Nossa autoestima é responsável por vários comportamentos que implicam em segurança pessoal, portanto, procurar cuidar de sua saúde emocional conhecer melhor suas características pessoais, tanto as boas como as más, será sempre o melhor caminho para seu desenvolvimento e para melhorar sua qualidade de vida.
O jogo da sedução pode ser algo lúdico e fortalecedor da auto estima quando utilizado de forma saudável, afinal de contas, quem não gosta de uma “massagem” no ego de vez em sempre!

Sirley Bittú

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