quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Uma coisa inevitável, é que durante toda nossa vida, por diversas circunstâncias, sempre estamos sujeitos a perdas de diversos tipos.
Podem ser perdas materiais, que sempre nos causam prejuízos muitas vezes irrecuperáveis, eventualmente causados por desastres, assaltos, enfim, coisas que todos conhecemos.
Mas estas sempre poderão ser recuperadas de uma forma ou outra.
Por exemplo, se tivemos o cuidado de fazer um seguro.
Existem, contudo, algumas perdas mesmo materiais que serão irrecuperáveis, quando por condições financeiras não pudermos repor o bem que nos foi subtraído, e se não foi feito um seguro.
Ou então o conteúdo de um HD queimado ou atacado por vírus, se seu conteúdo não tiver sido salvo.
Aí, nesse caso, somente nos restará lamentar nosso azar, ou nossa imprevidência. Indiscutivelmente, as perdas que podem ser consideradas como irreparáveis, são quando a fatalidade nos leva algum ente querido.
Nesse caso, nada poderá nos servir como reparação, pois embora possamos encontrar consolo para a perda sofrida, nunca a poderemos recuperar.
Poderá haver eventualmente uma substituição, mas não será jamais a mesma coisa.
Existem aquelas perdas que podem ser chamadas de lógicas, quando se observa a lei natural da vida, ou seja, os mais velhos partindo primeiro.
Muitas vezes é triste ou difícil para se aceitar, mas sempre poderá haver um certo consolo, principalmente se a perda tiver sido causada pelas chamadas causas naturais, inerentes à idade.
Contudo, as perdas que mais dificilmente são aceitas, é quando a ordem natural da vida é quebrada, e os filhos partem antes dos pais.
Nesses casos, a dor sempre será intensa, e muito difícil será aceitar a perda sofrida, embora não nos reste outro remédio, que não seja a conformação, muitas vezes ficamos completamente perdidos, sem conseguir encontrar consolo, fazendo-nos a fatal pergunta: Por que conosco?
Essa pergunta jamais terá resposta.
Jamais conseguiremos saber o real porque de termos perdido “nossa criança”.
Poderemos lembrar que “se não tivesse saído naquela noite, se tivesse parado de beber, se não tivesse começado a fumar, se não gostasse tanto do perigo, se não tivesse começado a usar drogas, se não tivesse isto ou aquilo”.
São realmente muitos “ses” a serem questionados, e na realidade nenhum deles poderá jamais ser respondido.
Aconteceu, e pronto.
Temos que pensar que se perdemos alguém, ainda temos outros a quem dar atenção, de quem precisamos cuidar.
Muitas vezes, quando a fatalidade nos leva um filho, deixamo-nos levar pelo desespero e pela inconformação, e chegamos a nos desinteressar pela vida.
Não podemos nos esquecer de que a vida continua, que existem outras pessoas que nos amam, e querem nos ver vivendo a vida, ou que dependem de nossos cuidados, de nossa atenção.
E se o destino nos levou alguém, precisamos pensar nos que ficaram.
E que nós mesmos ainda estamos aqui, e precisamos viver.
E o desespero nada resolve.
Temos que renovar o amor por nós mesmos para começar, e assim espalhar nosso amor. Pode-se dizer que é muito fácil de falar, mas difícil de fazer, pois se nossa alma chora pela perda sofrida, como ensinar para a cabeça que ela precisa se conformar?
Evidentemente que será complicado conseguir aceitar o fato.
Apenas precisamos nos conscientizar de que quem se foi, não voltará, e quem ainda ficou precisa viver.
O melhor caminho para amenizar a saudade que nos atormenta, será evidentemente sempre procurar lembrar de todos os momentos bons que foram vividos ao lado de quem se foi.
Sem dúvida é essa a melhor maneira de superar essa crise, pois muitas vezes ao invés de lágrimas, poderá nos trazer um sorriso, ainda que triste, aos lábios.
Precisamos jamais nos esquecer de que precisamos sempre buscar soluções, ao invés de tentar descobrir as causas.
Precisamos saber como superar as dores, e sempre procurar algo que as arrefeça.
Assim, estaremos capacitados para conviver com nossas dores, fazendo delas um motivo para viver, e não para deixar de viver.
Para não perder jamais a alegria de viver, por mais triste que a vida nos pareça ser.
Afinal...
Estamos vivos, e este é um dos melhores motivos para termos UM LINDO DIA.

*Marcial Salaverry*

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