quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
08:57:00
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Reflexos do meu ser
Não se trata de esquecer a maldade alheia ou minimizar o próprio sofrimento.
Para ser capaz de um perdão verdadeiro e sadio basta entender que ele traz muito mais benefícios do que o rancor.
Se guardar mágoas e alimentar sentimentos de vingança permitem ilusões como a de que somos perfeitos, perdoar leva à libertação.
Todos fomos machucados na vida.
Todos fomos rejeitados por um amante, traídos por um amigo, passados para trás numa promoção.
Apesar de aprendermos que "perdoar é esquecer" ("o que passou, passou"), a maioria de nós acredita que as pessoas que nos feriram devem pagar pela dor que nos causaram; afinal, elas merecem ser castigadas, mesmo que inconscientemente ("nada como um dia atrás do outro" ou "um dia a pessoa vai ver o que perdeu").
Na verdade, temos muito o que aprender com essas experiências.
Em primeiro lugar, perdoar não é retaliar, se vingar ou fazer o outro sofrer tanto quanto nos fez sofrer.
Mas, por outro lado, perdoar não é esquecer, deixar para trás quilômetros de mágoa, toneladas de ressentimentos ou ainda fechar os olhos e deixar os "bandidos" se darem bem com as trapaças que cometeram.
Quando perdoamos as pessoas que nos machucaram, não estamos dizendo que o que foi feito contra nós não teve importância ("não foi nada") ou não deixou marcas profundas (aquelas a ferro e fogo).
Essas perdas foram terríveis e fizeram grande diferença em nossa vida, mas nos ensinaram muitas coisas: tanto a não nos tornarmos vítimas novamente, como não fazermos o mesmo para terceiros.
De fato, algumas pessoas perdoam, outras não, outras estão tentando.
Porém, fingir que perdoamos, ranger os dentes, engolir em seco, não é perdoar.
Os terapeutas americanos Sidnei e Suzanne Simon, em seu livro Forgiveness, explicam o que significa perdoar e não perdoar.
Começam dizendo que não perdoar tem certas vantagens porque nos dá algumas ilusões.
A primeira, e mais comum, é a ilusão de que, se aquele problema não tivesse acontecido, nossa vida seria perfeita.
Só bastaria que as coisas tivessem sido diferentes e não tivéssemos sido machucados naquela época e pela pessoa que nos machucou; agora, estaríamos "numa boa".
Mas, como aquilo aconteceu, temos a explicação ideal, a desculpa perfeita para estarmos e ficarmos na pior ( a responsabilidade da nossa infelicidade é sempre do "outro").
Em segundo lugar, não perdoar nos dá ilusão de sermos perfeitos.
Os maus, os bandidos, são os que nos machucaram, e se nós os perdoarmos nunca mais poderemos dividir o mundo ao meio, todos os mocinhos de um lado e todos os bandidos de outro.
Vamos ter de aceitar que as pessoas são "híbridas", potencialmente boas e más.
Tanto os outros quanto nós mesmos.
Não perdoar também nos dá a ilusão de força, de poder ("agora eu controlo").
Não perdoar ajuda a compensar a sensação de falta de poder que nós sentimos quando fomos machucados. De fato, se trancarmos na prisão de nossa mente essas pessoas que nos machucaram, vamos nos sentir onipotentes ("agora é minha vez") pela força do nosso ódio silencioso.
E, por último, não perdoar nos dá a ilusão de que não seremos machucados outra vez.
Mantendo a dor viva, os olhos bem abertos para qualquer perigo em potencial, reduzimos o risco de voltamos a sofrer rejeição, traição ou qualquer outra forma de ferimento.
Mas será que os benefícios de não perdoar valem o preço que pagamos por armazenar essas mágoas, remoer esses sentimentos e nos agarrarmos com unhas e dentes à dor do passado?
Será que vale a pena continuarmos alimentando a raiva, revidando com palavras ou com silêncio e assim nunca sentirmos o verdadeiro prazer de viver?
O perdão se torna uma possibilidade quando a dor do passado para de reger nossas vidas; quando não precisarmos mais do ódio e do ressentimento como desculpas para obter menos da vida do que queremos ou merecemos.
Perdoar é chegar à conclusão de que já odiamos bastante e não queremos odiar mais; portanto, perdoar é usar a energia da vida, não para reprimir esses sentimentos, mas para quebrar o ciclo da dor se voltando para o futuro e não machucando outras pessoas como fomos machucados.
Há quem diga que perdoar é escolher entre se vingar e se aproximar, entre ser vítima ou sobrevivente.
Na realidade, perdoar é um processo que vem de dentro.
É uma libertação.
Uma aceitação.
Perdoar é aceitar que a coisas ruins podem e de fato acontecem na vida das pessoas, e que as pessoas mesmo quando amam, se machucam.
Perdoar é um sentimento de bem-estar, é reconhecer que existe algo melhor que queremos fazer com a energia da vida e fazê-lo.
Maria Helena Matarazzo
Marcadores:Maria H. Matarazzo
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saudade ..
ResponderExcluirfaz tempo que vc não visita meu blog..eu te perdoo.
bjs..rs