sábado, 20 de fevereiro de 2010

Desde que o mundo é mundo, o poder é exercido.
O poder fascina, enfeitiça as pessoas, e representa em muitos casos uma maldição.
Mas, afinal, ele é mesmo necessário, ou tem sido apenas um odioso instrumento de dominação e violência?
Os anarquistas sonharam com uma sociedade sem poder, onde todos fossem livres de verdade.
Lutaram pelo fim dos governos, da polícia, e de toda forma de controle e opressão sobre os seres humanos. Suas ideias, interessantes e simpáticas, fazem uma penetrante crítica sobre nossa forma de ser e viver, mas não foram além disso: suas tentativas de criar comunidades livres foram um fracasso total, e o anarquismo como movimento político prático desapareceu.
Não há, portanto, como ignorar o poder nas relações humanas.
A verdade, nua e crua, é que o poder existe, sempre.
Em qualquer grupo, mesmo diminuto e restrito, alguém logo assume o papel de líder, de chefe, de coordenador.
E o que significa exercer o poder?
Uma visão realista responderá que se trata de impor a própria vontade aos outros, mesmo em face de resistência.
Poder é força, mesmo quando construído com base na legitimidade e fundado na lei e no Direito.
Há quem critique essa posição.
O poder, concebido exclusivamente como força, ainda que legítima, descamba facilmente em violência.
Assim sendo, o poder deve ser construído baseado em outra perspectiva: a do consenso, em vez da obediência.
Em lugar de obrigar alguém a fazer algo, deve-se buscar convencê-lo a assim proceder.
O verdadeiro poder nasceria da livre comunicação entre as pessoas, e não de mecanismos coercitivos que limitam e ameaçam-nas.
Na realidade, essas duas posições não são tão antagônicas quanto parece.
O poder acaba por ser um misto de imposição e de aceitação, sempre.
É impossível supor que a força, sozinha, sustente uma posição de poder de modo constante e permanente; da mesma forma, somente o diálogo, a busca do convencimento e do consenso não sustentarão nada ou ninguém.
O que é visível, entretanto, é o apetite pelo poder que existe em todos os cantos.
É comum ver gente brigar – e brigar para valer – pelo comando de um grupo ou associação inexpressiva, composta por meia dúzia de gatos pingados.
E a política mostra, de maneira permanente, a luta pelo poder, em todos os níveis e situações.
Há gente que literalmente vende a alma ao diabo para alcançar o tal poder.
Terá em vista vantagens pessoais, dinheiro, luxo, mordomias?
Provavelmente, sim.
Mas não creio que essas sejam as motivações principais.
A verdade é que o poder proporciona proeminência, glória, reconhecimento, destaque.
Embora ele traga consigo riscos e ameaças, como a inveja, o desgaste permanente e as críticas generalizadas, muitos seguem em frente, ávidos e ambiciosos.
Diz-se por aí que o poder é afrodisíaco.
Deve ser, sim.
Se não, por que sofrer para conquistar o poder e mantê-lo, a qualquer preço, mesmo em face das maiores dificuldades e sacrifícios pessoais?
Mas não resisto a perguntar:
Será que vale mesmo a pena?
Com a palavra, os donos do poder.
(Alcindo Gonçalves)

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