quarta-feira, 18 de agosto de 2010


Todos sentem necessidade de amar, e esta necessidade geralmente é satisfeita quando encontramos o objeto de nosso amor e com ele mantemos uma relação freqüente e feliz.
Pois bem. Enquanto vamos juntinhos à feira escolher frutas e verduras, enquanto mandamos consertar a infiltração do banheiro e enquanto vemos televisão sentados lado a lado no sofá, o que fazemos com nossa necessidade de desejar?
Lendo Alain de Botton, um escritor inglês que já foi mencionado nesta coluna, deparei-me com essa questão: amor e desejo podem ser conciliáveis no início de uma relação, mas despedem-se ao longo do convívio.
Só por um milagre você vai ouvir seu coração batendo acelerado ao ver seu marido chegando do trabalho, depois de vê-lo fazendo a mesma coisa há cinco, dez, quinze anos.
Ao ouvir a voz dela no telefone, você também não sentirá nenhum friozinho na barriga, ainda mais se o que ela tem para dizer é "não chegue tarde hoje que vamos jantar na mamãe".
Você ama o seu namorado, você ama a sua mulher.
Mais que isso: você os tem.
Mas a gente só deseja aquilo que não tem.
O problema da infidelidade passa por aqui.
Muitos acreditam que a pessoa que foi infiel não ama mais seu parceiro: não é verdade.
Ama e tem atração física, inclusive, mas não consegue mais desejá-lo, porque já o tem.
Fica então aquele vácuo, aquela lacuna, aquela maldita vontade de novamente desejar alguém e ser desejado, o que só é possível entre pessoas que ainda não se conquistaram.
Não é preciso arranjar um amante para resolver o problema.
Há recursos outros: flertes virtuais, fantasias eróticas, paqueras inconseqüentes.
Tem muita gente aí fora a fim de entrar nesse jogo sem se envolver, sem colocar em risco o amor conquistado, porque sabe que a troca não compensa.
Amor é jóia rara, o resto é diversão.
Mas uma diversão que precisa ter seu espaço, até para salvar o amor do cansaço.
Necessidade de amar x necessidade de desejar.
Os conservadores temem reconhecer as diferenças entre uma e outra.
Os galinhas agarram-se a essa justificativa.
E os moderados tratam de administrar essa arapuca.

Martha Medeiros

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Sou uma pessoa de bem com a vida e dificilmente você me verá de mau humor.Tento levar a risca o ditado "não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você". Procuro me rodear de pessoas alegres e que me olham nos olhos quando eu falo. Acredito que energia positiva atrai energia positiva.

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