sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Mudanças nos ensinam que nada é permanente.
Incitam-nos a crescer e nos capacitam a lidar com as adversidades da vida.
Por mais terríveis e dramáticas que realmente possam ser, se bem trabalhadas, podem ajudar no autoconhecimento, promovendo o fortalecimento do Eu real.
Uma possibilidade de saber quem se é no íntimo, do que se deseja como objetivo de vida, quando o passado não mais é possível de retornar.
Mudanças de vida, na maioria das vezes, são de difícil assimilação; nossa personalidade repentinamente se vê empurrada para viver o impensável.
A emergência e a rapidez desses tipos de dinâmica costumam dificultar o acesso imediato aos recursos naturais que nos garantem sobrevivência de modo equilibrado, afinal, adaptar-se ao novo sempre exige tempo para processar.
Por outro lado, abre-se oportunidade para se pôr em ação habilidades nunca antes acordadas.
Mudanças e rupturas no estilo de vida usual quebram a nossa onipotência em achar que estamos no controle de tudo.
Absolutamente ninguém está isento de entrar em contato com o inesperado, com o inexorável, com frustrações.
Um dos exemplos mais clássicos e muitas vezes traumáticos fica naqueles que se vêem obrigados a mudar de escola, cidade, emprego ou mesmo de país.
Nestes é comum o surgimento de resistências emocionais, onde protagonistas vêem-se em dificuldades de iniciar novos contatos que certamente os fariam crescer.
Mudanças sempre trazem inovações, novas idéias, novos ideais.
Ter isso em mente é o início para aventurar-se no novo e desconhecido momento.
Abrir-se para novas possibilidades de modo positivo e buscar surpreender-se, com a mente aberta para o inusitado, abre espaço para que a nossas habilidades se desenvolvam na maestria.
Em muitos casos, há receio e medo de se afastar das pessoas queridas, mesmo que seja impossível o retorno das mesmas.
É possível, porém, driblar a saudade tendo novos laços de amizade ainda que cultivando antigos, apesar da distância, quando este for o caso.
Quando se muda de cidade, de escola ou mesmo de país, passamos por um distanciamento concreto das pessoas que amamos, das pessoas que estamos acostumados a conviver.
Mas, nos dias de hoje, parece que o mundo literalmente encolheu.
Em instantes, podemos ver as pessoas que amamos pela tela de um computador e mesmo saber de tudo o que se passa com os outros, por conta das redes sociais.
Fazer uso destes aparatos tem efeito contundente no abrandamento da dor da ausência.
A vida real, porém, ocorre fora das telas do computador.
Saber mesclar os momentos de saudade refrescados pelos contatos virtuais com os novos, de fora da tela, ajuda os sentimentos a ficarem no tamanho certo e na medida adequada, abrindo espaço para um desenvolvimento de vida saudável.
O que fazer nos primeiros dias pós-mudança, quando a tristeza e a angústia são mais intensos?
Como aliviar essas sensações tão ruins?
Olhar para fora literalmente e ver a natureza, entrar em contato com a respiração.
Intencione sentir-se vivo nas coisas que lhe dão prazer.
Se estiver num local de sol, sinta intensamente o calor do sol, a brisa, o frio ou calor.
Busque sentir-se integrado à atmosfera do lugar para começar.
Caminhe pelos órgãos dos sentidos e acolha as recordações sem rejeitar e sem ficar por tempo demasiado nelas.
Acolher porque se o direito de sentir saudades, tristeza e angústia, mas não se deixar levar por isso para que estes sentimentos não disparem o estado de melancolia.
Nos momentos mais difíceis, fazer esforço consciente para conectar-se com o que proporciona prazer concreto.
Evitar ter pena de si mesmo pela situação imposta, pois que esse tipo de sentimento será seu pior inimigo e só o levara para baixo.
Sempre existe a oportunidade de conhecer pessoas e vivenciar situações novas nunca experimentadas anteriormente.
Fazer um esforço consciente para sair de dentro de si apreciando a realidade presente.
Dificuldades em superar as mudanças podem acontecer com qualquer pessoa, em qualquer época da vida.
Isso é plenamente humano e às vezes, dependendo da situação, transcender estes momentos, não é nada fácil.
Se, porém, os dias vão passando e mesmo com todo esforço, a tristeza e a saudade tomam conta, se este cinza fica dentro de modo insuportável, é hora de buscar ajuda externa.
Um processo terapêutico de auxílio sempre é bem-vindo e pode ajudar a transformar para muito melhor a percepção de tudo o que envolve a mudança.
Desde fatores emocionais que não estão claros e que podem ser totalmente resolvidos, como ansiedade frente ao presente e ao futuro.
Existe uma terapia que se chama EMDR e que é eficientíssima, inclusive nestes casos.
Se a mudança de algum modo foi traumática, a abordagem do EMDR faz como e a pessoa tirasse uma foto (mentalmente) da imagem, do momento mais perturbador que signifique a mudança, por exemplo, e a partir daí essa metodologia que trabalha com movimentos bilaterais, entre outras coisas e do protocolo, esta faz com que a pessoa reprocesse absolutamente todo o conteúdo emocional que a deixa triste e com dificuldades de transcender este difícil momento.
O interessante dessa abordagem é que no momento do reprocessamento, quando se escolhe uma experiência perturbadora, todas as situações da vida da pessoa que têm ligação e que de algum modo contribuíram para esse tipo de situação surgem como algo holográfico, sem tempo, porém atual na questão, visando a promoção do bem-estar emocional.
Funcionamos assim, está no nosso DNA, somos fadados à cura.
Veja: se você se corta, seu organismo visa recuperar os tecidos, visa a autocura, no psiquismo; se bem direcionadas, questões que não deram conta de serem reprocessadas com total eficiência, também têm a oportunidade de terem uma nova saudável resolução, o EMDR promove este espaço.
Dor e tristeza em excesso pela mudança são aspectos de um suposto cenário que contém todo um histórico de situações emocionais mal resolvidas e que foram disparadas pelo fator mudança.
O EMDR pode ir pela imagem que ocasionou o sintoma caminhando até as origens, reprocessando todo conteúdo emocional até transformar o mal-estar do presente, aliviando crenças negativas que invadem um futuro incerto.
Ao reprocessar contextos internos, a realidade externa efetivamente pode ser vista e redesenhada com todo o colorido que merece.


Silvia Malumud - Psicóloga


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