sexta-feira, 30 de julho de 2010


Pedofilia , um crime abominável.
Será que há mais pedófilos agora do que em outros tempos?
Claro que não.
Desde que o mundo é mundo, tios seduzem sobrinhas, pais seduzem suas próprias filhas e sempre existiram casos escabrosos no seio da Santa Madre Igreja, só que dessas coisas não se falava.
Quem nunca ouviu contar que numa cidadezinha perdida uma adolescente teve um filho do seu próprio pai?
Uma criança que passa por esse tipo de abuso não entende o que está acontecendo, e se entendesse e contasse para a mãe, provavelmente seria chamada de mentirosa.
E contar o quê?
Que aquele homem tão respeitado tinha segurado ela no colo e acariciado suas perninhas, de maneira exatamente igual -para ela- à sua própria mãe, sua própria avó?
Pedofilia, para acontecer, costuma ter a ver com poder.
Diante de uma criança, o poder de um pai, de um médico, de um adulto conhecido, é imenso; imagina o de um padre.
O que é dito num confessionário pode ser muito erótico, sobretudo se o padre puxar pela língua da criança.
Mas uma coisa sempre me intrigou: nunca se ouve falar em crime de pedofilia praticado por mulher.
Há alguns anos houve um episódio nos EUA de uma professora que, acusada de manter relações com aluno de 16 anos, foi julgada e condenada.
Quando saiu da prisão, ele já era maior de idade; foram morar juntos, tiveram um filho, e só não sei se foram felizes para sempre.
Mas sinceramente: achar que um garotão de 16 anos foi seduzido por uma mulher de 28 é apenas ridículo.
Pelo que os fatos têm demonstrado, a pedofilia é doença, e doença incurável.
Não adianta achar que a solução é ser tratado por psicólogos.
É totalmente irreal imaginar que em um país como o nosso, onde as prisões são jaulas tenebrosas e superpopulosas, um pedófilo vai ser "tratado" e se curar; tanto quanto é delírio pensar em monitorar os presos que saem para passar o Natal com a família, fazendo com que eles usem a pulseirinha que permite o seu rastreamento.
Prepare-se: a licitação seria dispensada, as pulseirinhas custariam uma fortuna e pouco tempo depois estariam à venda nos camelôs da cidade, com o manual de instruções ensinando a como driblar a polícia.
Os padres têm sido muito acusados de pedofilia, ultimamente, mas pense um pouco: jogar num seminário um garoto de 16, 17 anos, com os hormônios explodindo, e pretender que ele se mantenha casto para o resto da vida -não, isso não pode dar certo.
É contra a natureza, e como é mais difícil para os padres seduzir mulheres, já que não convivem com elas, acaba sobrando para os garotos.
Um belo dia, muito tempo depois, um deles resolve contar o que aconteceu na penumbra de uma sacristia e vira um escândalo.
E os casos de que nunca vamos saber, que devem ser milhares?
Os padres precisam casar; não é justo deixá-los passar a vida em abstinência.
Mas como seria para um padre começar um namoro?
Convida para um chopinho, leva a garota para dançar?
E motel depois, pode?
Eu conheço uma moça que namorou um padre; tudo começou por telefone, e ela gostou tanto, mas tanto, que dizia, para quem quisesse ouvir, que nada como um padre que tivesse guardado a castidade durante anos para acalmar as tensões, digamos assim, de uma mulher solitária.
A única coisa que ela não me disse (e eu esqueci de perguntar) é se ele usava batina.
 
Danuza Leão


Todo maconheiro velho reclama da qualidade da maconha atual.
Perto da maconha daquele tempo, dizem, a de agora é uma palha sem graça.
A observação é paradoxal, porque a maconha de hoje tem concentrações muito mais altas de THC, o componente psicoativo da planta, do que as contidas nos baseados de 20 anos atrás.
A queixa procede, no entanto.
O THC inalado, ao chegar ao cérebro, libera quantidades suprafisiológicas de neurotransmissores -como a dopamina- associados às sensações de prazer e de recompensa.
Como tentativa de adaptação à agressão química representada pela repetição do estímulo, os circuitos de neurônios envolvidos na resposta, sobrecarregados, perdem gradativamente a sensibilidade à droga, produzindo concentrações cada vez mais baixas dos referidos neurotransmissores.
Nessa fase, a nostalgia toma conta do espírito do usuário.
É por causa desse mecanismo de tolerância ou dessensibilização que o prazer induzido não apenas pelo THC, mas por qualquer droga psicoativa diminui de intensidade com a administração prolongada.
Se é assim, por que o usuário crônico insiste na busca de uma recompensa que não mais encontrará?
Por que fraqueja depois de ter jurado parar?
Por que alguém cheira cocaína mesmo quando vive o terror das alucinações persecutórias toda vez que o faz?
A resposta está nos circuitos de neurônios responsáveis pela motivação, memória e aprendizado.
Estudos recentes mostram que a memória e o processo de aprendizado, bem como a exposição do cérebro a drogas psicoativas, modificam a arquitetura das sinapses (o espaço existente entre dois neurônios através do qual o estímulo é modulado ao passar), dando início a uma cadeia de eventos moleculares capazes de alterar o comportamento individual por muito tempo.
Esse mecanismo comum permite entender por que a "fissura" associada à abstinência costuma ser disparada por memórias ligadas ao consumo da droga.
Conscientemente, o usuário pode decidir tomar outra dose ao recordar a euforia ou a felicidade sentida anteriormente.
Outros estímulos podem causar efeito semelhante: a visão do cachimbo de crack, o tilintar do gelo no copo, o esconderijo para fumar maconha.
Mas existem lembranças mais abstratas (um cheiro, uma música, um fato, uma luminosidade) que podem induzir à procura da droga mesmo na ausência de percepção consciente.
Não faz sentido falar generalizadamente em "efeito das drogas", visto que cada uma age segundo mecanismos farmacológicos específicos.
Mas, se existe um efeito comum a todas elas, é a estimulação dos circuitos cerebrais de recompensa mediada pela liberação de dopamina, através da interação da droga com receptores localizados na superfície dos neurônios.
Está fartamente documentado que o bombardeio incessante desses neurônios reduz progressivamente o número de receptores que respondem à dopamina.
À medida que o cérebro fica menos sensível à dopamina, o usuário começa a perder a sensibilidade às alegrias cotidianas: namorar, assistir a um filme, ler um livro.
O único estímulo ainda suficientemente intenso para ativar-lhe os circuitos da motivação e do prazer é o impacto da droga nos neurônios.
Essa inversão de prioridades motivacionais torna seus atos incompreensíveis.
Não é verdade que o adolescente rouba o salário da mãe para comprar crack porque não tem amor por ela; ele o faz simplesmente porque gosta mais do crack.
A maioria dos ex-usuários que se libertaram da dependência de uma droga se queixa de que é preciso lutar pelo resto da vida contra a tentação de recair. .
Não conhecemos com exatidão os passos pelos quais as drogas psicoativas induzem alterações permanentes no cérebro.
Mas os especialistas suspeitam que a resposta esteja nas distorções que elas provocam na estrutura das sinapses.
Nos últimos anos, foi demonstrado que, durante o processo de memorização, surgem novas ramificações nos neurônios.
E que esses novos prolongamentos vão estabelecer sinapses duradouras com neurônios da vizinhança, aumentando a complexidade e a versatilidade da circuitaria nas áreas do cérebro que coordenam a memória.
Quando sensibilizamos camundongos à cocaína, ocorre fenômeno semelhante: surgem novas ramificações e novas sinapses, mas nos neurônios situados nas áreas que controlam os sistemas de recompensa e de tomada de decisões.
Os circuitos envolvidos no aprendizado e na memória estão sendo vasculhados pelos que estudam a neurobiologia da adição.
A partir deles, talvez possamos entender por que alguns experimentam drogas para viver uma experiência agradável e não se tornam dependentes, enquanto outros transformam seu uso em compulsão destruidora.

Drauzio Varella


Em média, somos mais altos e mais musculosos do que as mulheres.
Característico da maioria dos mamíferos, esse dimorfismo sexual é evidência indiscutível da seleção natural resultante da competição milenar entre os machos pela posse das fêmeas, sempre interessadas em se acasalar com os mais poderosos, capazes de proteger suas proles.
Nos últimos 50 anos, os neurocientistas têm demonstrado que o dimorfismo na espécie humana não se restringe à aparência física, mas está presente na configuração do cérebro.
Apesar de variações individuais, o cérebro masculino é cerca de 9% maior do que o feminino, graças às dimensões da substância branca, uma vez que a quantidade de massa cinzenta (associada às funções cognitivas superiores) é semelhante em ambos os sexos.
Por outro lado, o corpo caloso, estrutura que estabelece a conexão entre os hemisférios cerebrais direito e esquerdo, é proporcionalmente mais desenvolvido nas mulheres.
Os neurônios das mulheres parecem formar maior número de conexões (sinapses), essenciais do ponto de vista funcional, mas os homens têm em média 10 milhões a 20 milhões de neurônios a mais, e eles se encontram mais densamente empacotados na maior parte dos centros cerebrais.
Antes que você, leitora feminista, tenha um ataque de nervos, vamos deixar claro que, até hoje, nenhum estudo científico conseguiu demonstrar superioridade dos quocientes médios de inteligência em qualquer dos sexos.
Tomadas em conjunto, essas informações apenas explicam porque nós demonstramos mais habilidade na realização de tarefas restritas a um único hemisfério cerebral, como interpretar mapas geográficos, encontrar saídas em labirintos, lidar com máquinas, ao passo que elas levam vantagem em atividades que se beneficiam das conexões entre os dois lados do cérebro: interpretação de emoções alheias, sensibilidade social, fluência verbal.
Enquanto as áreas cerebrais controladoras da linguagem masculina estão limitadas ao hemisfério cerebral esquerdo, a mulher utiliza os dois hemisférios ao falar.
Graças a essa versatilidade, as meninas começam a falar mais cedo (e, segundo os maledicentes, não param mais) e se saem melhor nas atividades escolares que privilegiam a linguagem.
Comparadas com os meninos, elas nascem com uma diferença de maturação cerebral de quatro semanas, diferença mantida de tal forma até a idade escolar que o doutor José Salomão Schwartzman, um dos neuropediatras brasileiros mais conceituados, considera erro grosseiro levar em conta apenas o critério de idade para misturar crianças de ambos os sexos na mesma sala de aula.
Dados experimentais demonstram que essas características sexuais estão ligadas a fatores biológicos. Ratos machos realizam com mais facilidade os testes para encontrar saídas de labirintos, vantagem perdida quando as fêmeas são tratadas com testosterona no período neonatal.
Na infância, os machos de diversas espécies de macacos preferem brincar com carrinho, enquanto as fêmeas escolhem as bonecas.
Em trabalho publicado em 2001, no qual bebês de um dia de vida foram colocados diante da face de uma pessoa e de um objeto mecânico móvel, ficou demonstrado que as meninas passam mais tempo a olhar para a face; os meninos, para o objeto.
O mecanismo responsável por essas diferenças corre por conta da exposição do sistema nervoso à ação da testosterona produzida pelos testículos durante a vida embrionária e neonatal.
Meninas que nascem com hiperplasia adrenal congênita, condição genética em que ocorre aumento de produção de testosterona, exibem comportamento mais semelhante ao dos meninos.
É cada vez mais aceita na psicologia moderna a teoria da Empatia-Sistematização (E-S), segundo a qual os indivíduos podem ser classificados de acordo com sua maior habilidade de sistematizar ou estabelecer empatia.
Sistematizar é a capacidade de analisar um sistema com o objetivo de prever seu o comportamento. Empatia é a capacidade de identificar estados mentais alheios e de responder a eles com a emoção mais apropriada.
A teoria E-S propõe que as diferenças psicológicas entre os sexos sejam definidas pelo diferencial entre as dimensões da empatia (E) e da sistematização (S), uma vez que prever comportamentos e emoções alheias não obedece às regras que regem sistemas mecânicos, nos quais a resposta a um mesmo estímulo é sempre previsível.
O tipo psicológico ES é característico das mulheres; SE é mais encontrado nos homens.
De acordo com a teoria, o processo de masculinização cerebral, levado ao extremo, conduziria ao autismo, condição associada a comportamentos repetitivos, obsessão por sistemas previsíveis como decorar horários de trens e nomes de ruas, resistência às mudanças do ambiente, dificuldade de compreender metáforas, precocidade para decifrar funcionamento de máquinas e dificuldade de relacionamento afetivo.
O dimorfismo cerebral explica porque as mulheres tantas vezes nos surpreendem ao interpretar atitudes e prever intenções alheias e a habilidade demonstrada por elas na execução de tarefas simultâneas como dar banho nos filhos, falar ao telefone, avisar que a campainha está tocando e pedir para desligar o forno, enquanto dez homens na sala, assistindo ao futebol, perdem a concentração quando entra uma mulher para perguntar quem vai encomendar a pizza.

Drauzio Varella


Para algumas pessoas, a vergonha é tão forte que vira até um monstro, um obstáculo para atingir a felicidade.
Geralmente, ela aparece quando você é solicitada para alguma coisa e começa a ter medo do próprio desempenho.
Medo de fazer feio, de dar um fora e ser objeto de gozação.
Enfim, medo do ridículo.
O que muita gente não sabe é que a envergonhada tem a pretensão de ser a certinha.
Ela sempre quer agir de uma forma padrão, aquela que ninguém contesta.
Ou seja, é a nossa maldita vontade de ser a perfeitinha entrando em cena.
Quanta ignorância…
Olha, leitora, vergonha é a doença de gente pretensiosa, viu?
Aquela pessoa que pretende ser o que não é, que quer ter certa qualidade só para impressionar e ter a aprovação e o respeito de todos.
Sabe o que isso significa?
Que ela está dando muito poder a terceiros.
Nossa, que curioso, hein?
Já reparou que eu sempre comento sobre a importância que damos aos outros?
Se você sofre desse mal, proponho uma mudança.
Assuma a pessoa que você é.
Respeite-se.
Coloque-se em primeiro plano.
Quando a gente tem receio de dar um fora é sinal de que estamos nos vendo como uma porcaria, e isso não é verdade.
E outra, quem quer causar boa impressão nos outros geralmente se dá mal.
Quando está preocupada com seu desempenho, você se engasga, se atropela, se constrange e acaba produzindo o pior.
Por outro lado, quando se despreocupa da sua imagem, você se sente confortável, espontânea e criativa.
E algumas qualidades da sua essência vêm à tona, como o bom humor, a esperteza, as boas ideias, as tiradas engraçadas e inteligentes.
É como aquela pessoa simpática, interessante e apreciada por todos.
Quando você tem a ilusão de que agradando aos outros vai conquistar alguma coisa, na verdade está se negando.
E a vida lhe trata como você se trata.
Se quer realmente acabar com a vergonha, comprometa-se com a sua verdade.
Não dê poder aos outros, não se diminua, aprenda a dizer “não” sem receios.
No início é difícil, mas depois vai perceber como as pessoas vão passar a admirar você.
É isso mesmo!
Todo mundo admira aqueles que têm coragem de ser o que são.
Assuma o seu poder e a sua verdade e conquistará respeito e também dignidade!
 
Luiz Gasparetto


Como é horrível receber uma negativa, né?
E na paquera, então, quando o parceiro nem está aí pra gente…
Pois é, todos nós já sentimos rejeição em certo momento e isso é extremamente natural.
Ela é desagradável?
Sim, claro.
Mas precisamos saber lidar com a rejeição.
Quer ver?
Como costumamos reagir à rejeição?
Geralmente, com raiva, rancor e agressividade.
Agora, as piores manifestações são aquelas promessas: “Eu nunca mais vou amar ninguém”, “Nunca mais vou ser sincera”…
A rejeição leva as pessoas a negarem muitas coisas a si mesmas.
Ou até se fecharem para a felicidade, o que é um grande erro.
Quero ensinar aqui como tratar a rejeição para que ela não magoe nem destrua você.
Quando ficamos sensíveis às negativas, nos tornamos impotentes, covardes e nos trancamos.
Já quando a gente lida bem com o “não”, tudo à nossa volta flui melhor.
O “não” simplesmente existe.
Você mesma, várias vezes, foi obrigada a dizer alguns, especialmente àquelas pessoas que costumam passar dos limites.
E você só quer receber “sim”?
Ah, então você é uma mimada, toda machucável.
E terá uma vida frustrada e pequenina, porque dificilmente vai se jogar nos desafios que se apresentam, na conquista de um espaço melhor no profissional, pessoal ou emocional.
Sinto dizer, mas você não tem o menor futuro.
Olha, quem não se lança num novo relacionamento tem medo de ser enganada novamente e acha que está se defendendo.
Na verdade, não passa de uma tonta que está alimentando a própria fraqueza.
Sabe o que você precisa para encarar a rejeição sem se abalar?
Mudar a maneira de ver as coisas.
Vamos na inteligência!
E inteligência não é cultura, formação, diploma.
Mas saber viver a vida.
E está dentro de cada um, na atenção de observar as coisas, o que funciona ou não funciona.
Só com ela se consegue o melhor resultado.
A felicidade só existe quando a levamos a sério. Saia da ilusão.
Acorda!
Vamos exercitar a vida na realidade e assim saber lidar com tudo o que vier.
Não dá para viver sem esse desafio.
As pessoas pensam, agem e fazem aquilo que podem.
Nada está totalmente errado.
Abrace a realidade e aprenda a lidar com ela.
Encarar a rejeição de forma saudável será apenas uma consequência.

Luiz Gasparetto
quarta-feira, 28 de julho de 2010

1. O amor é um sentimento que faz parte da "felicidade democrática", aquela que é acessível a todos nós. É democrática a felicidade que deriva de nos sentirmos pessoas boas, corajosas, ousadas, etc.
A "felicidade aristocrática"deriva de sensações de prazer possíveis apenas para poucos: riqueza material, fama, beleza extraordinária.
Felicidade aristocrática tem a ver com a vaidade e é geradora inevitável de violência em virtude da inveja que a grande maioria sentirá da ínfima minoria.
2. É difícil definir felicidade: podemos, de modo simplificado, dizer que uma pessoa é feliz quando é capaz de usufruir sem grande culpa os momentos de prazer e de aceitar com serenidade as inevitáveis fases de sofrimento.
É impossível nos sentirmos felizes o tempo todo, mas os períodos de felicidade correspondem à sensação de que nada nos falta, de que o tempo poderia parar naquele ponto do filme da vida.

3. Apesar de ser acessível a todos, o fato é que são muito raras as pessoas que são bem sucedidas no amor.
Ou seja, devem existir um bom número de requisitos a serem preenchidos para que um bom encontro aconteça.
Não tem sentido pensar que a felicidade sentimental se dê por acaso; não é bom subestimar as dificuldades que podemos encontrar para chegar ao que pretendemos; as simplificações fazem parte das estratégias de enganar pessoas crédulas.

4. O primeiro passo para a felicidade sentimental consiste em aprendermos a ficar razoavelmente bem sozinhos.
Trata-se de um aprendizado e requer treinamento, já que nossa cultura não nos estimula a isso.
Temos que nos esforçar muito, já que os primeiros dias de solidão podem ser muito sofridos.
Com o passar do tempo aprendemos a nos entreter com nossos pensamentos, com leituras, música, filmes, internet, etc.
Aprendemos a nos aproximar de pessoas novas e até mesmo a comer sozinhos.
Pessoas capazes de ficar bem consigo mesmas são menos ansiosas e podem esperar com mais sabedoria a chegada de amigos e parceiros sentimentais adequados.

5. Temos que aprender a definir com precisão nossos sentimentos.
Nós pensamos por meio das palavras e se as usarmos com mais de um sentido poderemos nos enganar com grande facilidade.
Cito, a seguir, alguns dos conceitos que tenho usado e o sentido que a eles atribuo.
Amor é o sentimento que temos por alguém cuja presença nos provoca a sensação de paz e aconchego.
O aconchego representa a neutralização do vazio, da sensação de desamparo que vivenciamos desde o momento do nascimento.
O aconchego é um "prazer negativo", ou seja, a neutralização de uma dor que existia - nos leva de uma condição negativa para a de neutralidade.
Amizade é o sentimento que temos por alguém cuja presença nos provoca algum aconchego e cuja conversa e modo de ser nos encanta.
Segundo essa definição, a amizade é sentimento mais rico do que o amor, já que a pessoa que nos provoca o aconchego - apesar de que menos intenso e, por isso mesmo, gerador de menor dependência - é muito especial e desperta nossa admiração pelo modo como se comporta moral e intelectualmente.
Sexo é uma agradável sensação de excitação derivada da estimulação das zonas erógenas, de estímulos visuais e mesmo de devaneios envolvendo jogo de sedução e trocas de carícias tácteis.
É evidente que a sexualidade envolve questões muito complexas, que não cabe aqui discutir.
Quero apenas enfatizar que sexo e amor correspondem a fenômenos completamente diferentes, sendo que o amor está relacionado com o "prazer negativo" do aconchego e o sexo é "prazer positivo", já que nos excitamos e nos sentimos bem mesmo quando não estávamos mal; o amor nos leva do negativo para o zero, ao passo que o sexo nos leva do zero para o positivo.
Amor, sexo e amizade podem existir separadamente e também podem coexistir.
A mesma pessoa pode nos provocar aconchego e desejo sexual mesmo sem nos encantar intelectualmente; nesse caso, falamos de amor e de sexo.
Podemos estabelecer um elo de amizade e sexo sem o envolvimento maior do amor.
Podemos vivenciar o sexo em estado puro, assim como o amor - como é o caso do amor que podemos sentir por nossa mãe, que independe de suas peculiaridades intelectuais e não tem nada a ver com o sexo.

6. A escolha amorosa adequada se faz quando o outro nos desperta o amor, a amizade e o interesse sexual. A essa condição tenho chamado de +amor, mais do que amor.
Amigos são escolhidos de modo sofisticado e de acordo com afinidades de caráter, temperamento, interesses e projetos de vida (falo dos poucos amigos íntimos e não dos inúmeros conhecidos que temos).
A escolha amorosa deverá seguir os mesmos critérios, sendo que a escolha depende também de um ingrediente desconhecido e indecifrável - porque escolhemos esse e não aquele parceiro?
Não é raro que no início do processo de intimidade a sexualidade não se manifeste em toda sua intensidade.
Isso não deve ser motivo de preocupação, já que faz parte dos medos que todos temos quando estamos diante de alguém que nos encanta de modo especial.

7. O medo relacionado com o encantamento amoroso é que determina o estado que chamamos de paixão: paixão é amor mais medo!
Temos medo de perder aquela pessoa tão especial e do sofrimento que, nessa condição, teríamos.
Temos medo de nos aproximarmos muito dela e de nos diluirmos e nos perdermos de nós mesmos em virtude de seus encantos.
Temos enorme medo da felicidade, já que em todos nós os momentos extraordinários se associam imediatamente à sensação de que alguma tragédia irá nos alcançar - o que, felizmente, corresponde a uma fobia, ou seja, um medo sem fundamento real.
As fobias existem em função de condicionamentos passados e devem ser enfrentadas de modo respeitoso mas determinado.

8. Para ser feliz no amor é preciso ter coragem e enfrentar o medo que a ele se associa.
Esse é um exemplo da utilidade prática do conhecimento: ao sabermos que o amor - aquele de boa qualidade, que determina a tendência para a fusão e provoca a enorme sensação de felicidade - sempre vem associado ao medo, não nos sentimos fracos e anormais por sentirmos assim.
Ao mesmo tempo, adquirimos os meios para, aos poucos, ir ganhando terreno sobre os medos e agravando a intimidade com aquela pessoa que tanto nos encantou.

9. Quando o medo se atenua, desaparece a paixão. Isso não deve ser entendido como o enfraquecimento ou o fim do sentimento amoroso pleno.
Sobrou "apenas" o amor.
O que acaba é o tormento, o "filme de suspense".
Fica claro que a coragem é requisito básico para a vitória sobre o medo e a realização do encontro amoroso.
O encontro é menos ameaçador quando somos mais independentes e capazes para ficar sozinhos; nossa individualidade mais bem estabelecida nos faz menos disponíveis para a tendência à fusão que é usual no início dos relacionamentos mais intensos.
Quando o medo se atenua costuma aumentar o desejo sexual.
Se o parceiro escolhido for também um amigo não faltarão ingredientes para a perpetuação do encantamento.
Desaparece o medo mas não desaparecerá o encantamento, a menos que a única coisa interessante fosse o "filme de suspense" - e se for esse o caso é melhor que o relacionamento termine aí.
No amor assim constituído, o encantamento só desaparecerá se desaparecer a admiração.

10. A admiração só desaparecerá se houverem abalos graves na confiança ou se tiver havido grave engano na avaliação do parceiro.
É evidente que ao longo de um convívio íntimo com uma pessoa com a qual temos muita afinidade surgirão também diferenças de todo o tipo.
Não existem "almas gêmeas", de modo que nem todos os pontos de vista serão afinados, nem todos os hábitos serão compatíveis, etc.
É o momento em que surge uma certa decepção e dúvidas acerca do acerto da escolha.
É nesse ponto que percebemos que a escolha amorosa se faz tanto com o coração como com a razão: a admiração deriva de uma avaliação racional do outro, ainda que o façamos de modo camuflado porque aprendemos que o amor é uma mágica determinada pelas flechas do Cupido.
A avaliação da importância das diferenças que finalmente se revelaram determinará a evolução, ou não, do relacionamento.
A serenidade na análise de situações dessa natureza só pode acontecer com pessoas portadoras de boa tolerância a frustrações e contrariedades.
Assim, a maturidade emocional que se caracteriza pela capacidade de suportarmos bem as dores da vida é requisito indispensável para a felicidade amorosa.

11. É preciso muita atenção, pois o medo tende a se esconder atrás das dúvidas que derivam das diferenças no modo de ser do outro, do menor desejo sexual inicial e também das eventuais dificuldades práticas derivadas das circunstâncias da vida daqueles que se encontraram e se encantaram.
O medo é sempre presente e se formos mais honestos conosco mesmos saberemos melhor separá-lo de seus disfarces. É por isso que o conhecimento, que determina crescimento e fortalecimento da razão, é tão útil para que possamos avançar até mesmo nas questões emocionais.
A coragem é a força racional que pode se opor e vencer o medo.
Ela cresce com o saber e as convicções e também com a maturidade emocional que nos faz mais competentes para corrermos riscos e eventualmente tolerarmos alguns fracassos.

12. A maturidade moral dos que se amam é indispensável para que se estabeleça a mágica da confiança, indispensável para que tenhamos coragem de enfrentar o medo de sermos traídos ou enganados, o que geraria um dos maiores sofrimentos a que nós humanos estamos sujeitos.
Não podemos confiar a não ser em pessoas honestas, constantes e consistentes.
Assim sendo, este é mais um requisito para que possamos ser felizes no amor.
Temos que possuir esta virtude moral e valorizá-la como indispensável no amado.
Não há como estabelecermos um elo sólido e verdadeiro com um parceiro não confiável a não ser que queiramos viver sobre uma corda bamba.

13. São tantos os requisitos básicos para que o +amor se estabeleça que não espanta que ele seja tão incomum mesmo sendo uma felicidade possível para todos.
Temos que nos desenvolver emocionalmente até atingir a maturidade que nos permita competência para lidar com frustrações.
Temos que avançar moralmente para nos tornarmos confiáveis.
Temos que ganhar conhecimento mais sofisticado e útil sobre o amor para que possamos ter uma razão geradora da coragem necessária para ousarmos nessa aventura.
Temos que ter competência para ficar sozinhos para que possamos desenvolver melhor nossa individualidade e não nos deixarmos seduzir pela tentação da fusão romântica e a excessiva dependência, além de podermos esperar com paciência a chegada de um parceiro adequado.
As virtudes necessárias à felicidade sentimental são todas elas "virtudes democráticas", ou seja, acessíveis a todos e cuja presença em uns não impede que surjam nos outros - é sempre bom lembrar que o mesmo não acontece, por exemplo, com o dinheiro: para que uns tenham bastante é inevitável que muitos outros tenham pouco.
As virtudes democráticas podem existir em todos aqueles que se empenharem no caminho do crescimento interior.
Acontece que elas não são fáceis de serem conquistadas e nem se pode chegar a elas a não ser por meio de uma longa e persistente caminhada.
Não existem atalhos e o trajeto pode demorar anos.
O caminho é, por vezes, penoso mas ainda assim fascinante.
Trata-se de uma densa viagem para dentro de nós mesmos, na direção do auto-conhecimento.

14. Quando estamos prontos, o parceiro adequado acaba se mostrando diante de nossos olhos.
Não precisamos nos esforçar, sair de nossas rotinas de vida e buscar ativamente o encontro amoroso. Tudo irá acontecer quando for chegada a hora e sempre é bom ter paciência, já que esperar com serenidade é uma das condições mais difíceis de vivenciarmos.

15. Se tudo isso lhe pareceu muito racional, lógico e frio, engano seu.
Todos esses passos vão nos acontecendo sob a forma de emoções e vivências que se dão espontaneamente, sendo que as reflexões deverão servir apenas de roteiro para que não nos sintamos tão perdidos.
Desde a adolescência experimentamos vários tipos de relacionamentos e deveremos ir aprendendo a entender tudo o que está nos acontecendo e todas as nossas ações e reações.
Primeiro vivenciamos e depois devemos refletir sobre o que aconteceu.
Assim, não existe real antagonismo entre emoções e razão; uma complementa a outra.
Reflexões adequadas e consistentes determinam avanços emocionais, que permitem reflexões mais sofisticadas, geradoras de avanços emocionais ainda maiores, e assim por diante.
Estabelece-se um círculo virtuoso que deverá criar condições de felicidade sentimental para todos aqueles que se empenharem realmente na rota do crescimento emocional.
A felicidade sentimental é a recompensa acessível a todos os que completarem o ciclo mínimo de evolução emocional.

Flávio Gikovate


O que leva muitos homens (e mulheres) a aceitar as explicações do cônjuge que chega tarde do trabalho? Não seria mais natural esperar que o companheiro entendesse o nosso cansaço e nos recebesse com carinho redobrado?
Por que nos sentimos na obrigação de participar daquele almoço de domingo com a família se preferíamos ir ao cinema, acordar às 2 da tarde ou encontrar nossos amigos?
Que direito tem o namorado de censurar o comprimento do vestido da namorada?
E por que ela concorda em mudar de roupa, interpretando a implicância dele como uma prova de amor?
A reposta a todas essas perguntas é uma só: para evitar atritos com aqueles que amamos.
Fazemos muitas coisas contra nossa vontade porque não temos coragem de arcar com as conseqüências de um enfrentamento.
Tememos as rejeições, as críticas diretas, o julgamento moral.
Temos medo do abandono e da condenação à solidão.
Preferimos, então, catalogar essas pequenas concessões como perdas menores e seguimos a vida sem pensar muito nelas.
No entanto, ao longo dos anos, a soma de restrições à nossa modesta liberdade cotidiana se transforma num conjunto compacto de mágoa e frustração, que acaba deteriorando os relacionamentos.
Crescemos com a idéia de que ficar só é doloroso, além de socialmente reprovável (tente jantar desacompanhada num restaurante badalado!).
Esse equívoco tem levado muita gente a se prender a um casamento falido ou a um namoro doentio. Quando a relação acaba e somos impelidos a viver sozinhos, temos a oportunidade de experimentar pequenos prazeres solitários: tomar conta do controle remoto da televisão, dormir com três cobertores, ir ao cinema duas vezes num único domingo, usar aquele vestido bem decotado.
Muitas vezes só essa vivência nos dá a chance de avaliar o quanto eram duras as restrições que aceitávamos passivamente.
A descoberta nos deixa menos tolerantes às exigências possessivas, ciumentas e por vezes invejosas impostas pelos elos afetivos usuais.
Junto com a mudança vem a pergunta: “Será que estou ficando egoísta?”
Não.
Temos o direito de criar uma rotina própria e diferente da praticada por vários grupos familiares e sociais.
Quando somos capazes de compreender o lado rico de estar só, quando perdemos o medo de nos defrontar com nossa solidão, rebelamo-nos contra muitas das pequenas e múltiplas regras de convívio. Então nos tornamos mais livres, inclusive para recompor as bases dos relacionamentos que nos aprisionam.
As normas terão de se ajustar aos novos tempos, passando a respeitar mais a individualidade recém-adquirida e a liberdade que vem junto com ela. Impossível abrir mão de uma conquista tão prazerosa.

Flávio Gikovate

Entra ano, sai ano e a queixa é sempre a mesma.
Estou sem amor!
Mas o que será que acontece com algumas pessoas que não encontram o seu par?
No começo pensava que a integração familiar (terapia de canalização dos arquétipos pai/mãe/criança) poderia ajudar, como já ajuda em muitos casos.
Mas percebi que ainda não era suficiente.
A integração prepara para melhores relacionamentos, mas não retira o estrago feito por um desastroso casamento.
O que se passa, então?
Eu sempre disse que quando nos relacionamos sexualmente com alguém, estamos nos embaraçando karmicamente com este alguém.
Como se nós estivéssemos atraindo o foco de realidade dessa pessoa para nós.
Vence quem estiver mais forte nessa relação.
Numa quebra de convivência, a parte mais frágil ficará desestabilizada e o que é pior, com o arquétipo do(a) parceiro(a) dentro dele.
A partir de então parece que a fila dos mesmos relacionamentos começam a andar na nossa direção.
São padrões específicos do amor terreno.
Muitas pessoas ficam como viciadas nessa vivência em que só restam duas alternativas: uma é se fechar para o amor e outra é atrair pessoas iguais ao último e difícil relacionamento.
Para quem não quer se submeter a alguma terapia, aconselho a ficar diante da fotografia dele ou dela e dizer tudo o que não pode ou não conseguiu.
Pelo menos haverá a possibilidade de transformar todo o resultado negativo do relacionamento, em algo melhor.
Sempre retemos na memória a parte pior da relação.
Muita gente corre para outros relacionamentos com o intuito de “apagar” o último.
Como se quisesse expulsar as más lembranças ou o arquétipo do(a) parceiro(a) que ficou.
Cada relacionamento nos traz uma provocação sobre nós mesmos.
Atraímos pares que nos estimularão a mostrar nossos lados melhores e também piores.
Saímos muitas vezes desses casamentos como se estivéssemos numa verdadeira guerra, onde o que perdemos de mais valioso é a nossa auto-estima.
Nos entregamos na tentativa de suprir nossas maiores carências e muitos se tornam reféns de comportamentos manipuladores e até psicóticos.
Quando há filhos, pior fica.
Parece que não há solução.
Só resta agüentar.
Atendo pessoas recém-separadas e com os seus personagens(ego) totalmente destruídos.
Quando vamos verificar, tudo começou com um pai ausente, ditador ou cruel.
Isso serve para os homens que procuram menos a terapia, nesses casos.
Quando chegam a fazê-lo nos deparamos com uma mãe castradora, ausente ou até molestadora.
Atendi um paciente que, aos 62 anos, não sabia porque há 25 anos mantinha um relacionamento homossexual masoquista, onde o parceiro o agredia sistematicamente.
Um homem sensível, bondoso e triste.
Fomos buscar a informação em seus 2 anos de idade.
Seu pai o molestava, diariamente, ameaçando-o se contasse.
Nem precisa dizer o que aconteceu quando lhe disse o que via.
Chorou copiosamente como uma criança vilipendiada em sua inocência.
Entendera, finalmente, porque seu pai gritava, antes de morrer, que o perdoasse.
Hoje reconciliou-se com a família com quem não tinha mais contato fazia anos.
Somos condicionados pelos acontecimentos e nos viciamos a eles, atraindo situações que irão nos mostrar o que ainda temos que ver em nós mesmos.
Não deixemos as oportunidades irem embora sem um bom diagnóstico do que nos causou.
É a melhor garantia de que não mais precisaremos sofrer por amor.

Vera Ghimel


Todos nós nascemos emocionalmente saudáveis.
Nos amamos e nos aceitamos, sem julgar sobre quais são nossas partes boas ou ruins.
Nosso ser está integro, vive o momento e expressa livremente o “Eu”.
Ao crescermos, começamos a aprender com as pessoas à nossa volta que nos dizem como agir, quando comer, quando dormir, e começamos a fazer distinções, Percebemos quais são os comportamentos que nos garantem aceitação e quais os que provocam rejeição.
Com isso passamos a confiar ou odiar aqueles que nos rodeiam, de acordo com essas respostas.
Tudo isso nos desvia da possibilidade de viver o momento e impede que nos expressemos livremente.
Aprendemos que o amor é uma expressão apenas da compaixão e da generosidade.
Mas não é bem assim.
O amor se expressa também pelos sentimentos da raiva, do ódio, do desejo, do ciúme, da dissimulação da vingança. Jung uma vez disse: “Prefiro sentir-me inteiro do que ser bom”.
“A sombra é tudo aquilo que está em nós que não gostaríamos de ser.
A sombra se apresenta com muitas faces: aterrorizada, ambiciosa, zangada, vingativa, maligna, egoísta, manipulativa, preguiçosa, controladora, hostil, feia, subserviente, vulgar, fraca, crítica, censora... Devemos nos perdoar por sermos humanos, imperfeitos.”
Afirma Debbie Ford em seu livro O Lado Sombrio dos Buscadores da Luz, da editora Pensamento.
Percebi trabalhando em consultório que as pessoas se ressentiam por serem boas e fazerem bem os seus papéis de mães, esposas, funcionárias, filhas, etc. e que não obtinham resultados ou aprovação, muitas vezes se vendo criticadas por detalhes irrelevantes.
O primeiro impulso era sempre de culpar o outro por não lhe acolherem ou elogiarem, mas na verdade as pessoas do lado de fora apenas estão fazendo o seu papel de mostrarem a elas o quanto elas estão vivendo apenas uma parte delas mesmas.
Essas pessoas passaram um bom tempo de suas vidas ouvindo “não seja isso ou não faça aquilo.”
Essas “más qualidades” acabam constituindo sua sombra.
E, com o passar do tempo, toda essa repressão torna-se uma bomba-relógio ambulante esperando para explodir em cima de qualquer um que cruze o seu caminho.
Perde-se muito tempo tentando esconder o lado imperfeito de si mesmo que acaba não vivendo o lado bonito, Todos nós temos uma sombra que é parte da nossa realidade total, e essa sombra está presente para nos indicar em que ponto estamos incompletos.
Como consequencia, você não tem paciência com os outros que expõem suas imperfeições, tornando-se intolerante e crítico(a).
Diante do seu julgamento, ninguém é bom o bastante, o mundo é um lugar terrível e todos estão metidos em encrenca.
Você começa a achar que o seu problema surgiu porque nasceu na família errada, teve os amigos errados, seu rosto e seu corpo não são o que deveriam ser, e ainda por cima mora na cidade errada e freqüenta os lugares errados.
Você acredita que essas circunstâncias externas são a causa da sua solidão, da raiva e da insatisfação.
Nossa sombra nos ensina sobre o amor, a compaixão e o perdão.
Aqueles ingredientes necessários para tocarmos a nossa essência divina que por ser perfeita, convive bem com os dois lados de expressão.
Lembre-se que você ainda vive num sistema de dualidade, portanto precisa viver as 2 manifestações ditas do bem e do mal.
Mas a repressão dessa sombra também nos leva a reprimir a nossa luz.
Muitas vezes não deixamos sair os nossos melhores talentos pelo mesmo motivo.
O que reprimimos seja de bom ou de ruim, nos faz restritos, limitados em nossa vida.
Cada filamento do seu DNA carrega a história completa da evolução da vida e das características de toda a humanidade.
Isso significa que você, nesse momento, pode ser qualuqer coisa, basta focalizar dentro de você essa característica e ela se projetará em oportunidades externas.
Se você se vê como uma pessoa feliz, bem suceddida, realizada em seus projetos, isso se expressará do lado de fora, criando os caminhos pelos quais você trafegará.
Somos o que pensamos, por isso, o que pensamos encontra primeiro eco do lado de dentro para depois buscar o espelho do lado de fora e vice-versa.
Gunther Bernard disse: “Nós escolhemos esquecer quem somos e depois esquecer que esquecemos”.
Na infância temos as primeiras referencias que são pai e mãe.
Essas imagens ficam internalizadas em nós e passamos a admirá-los, respeitá-los, e também odiá-los.
A partir de então ou nos aproximamos deles copiando-lhes o comportamento ou nos distanciamos deles sendo diametralmente opostos.
De um jeito ou de outro, não somos nós mesmos.
Na terapia da integração familiar o que o paciente faz é conversar, através da minha canalização dessas imagens, com cada um deles e aceitá-los, acolhê-los e libertá-los, pois se eles são assim, é para espelhar o que somos e viemos aqui tratar em nosso projeto reencarnatório.
Se o pai é alcóolatra, ele veio para tratar do seu alcolismo, Se sua mãe é perversa, é para te ajudar a tratar de sua perversidade.
Quando acolhemos e perdoamos eles, na verdade estamos nos perdoando sobre aquilo que aqui viemos cuidar.
Amor e compaixão por nós mesmos é um sábio sentimento para que possamos viver plenamente o nosso Ser.
Não se chega à luz sem atravessar a sombra.
Todos os seres que atravessam o nosso caminho estão nos mostrando algo que se reagirmos mal, certamente ainda não está resolvido em nós ou mesmo consciente.
Quanto mais reprimimos o que nos parece feio em nossa personalidade, menos expressamos o que é considerado bonito nela.
Um exercício bom para isso é fazer uma lista do que não gostamos em nós, junto com as características que vivemos criticando nos outros.
Depois da lista pronta, inicie dizendo “eu reconheço e me aceito assim………… (comece pelo item 1) e me perdôo, pois tenho certeza que tornarei essa característica a meu favor.”
Faça para cada um deles, mesmo que seja difícil no começo, repita quantas vezes puder.
Verá que as pessoas que estão te provocando sobre as coisas que você não quer ver em você, mudam de atitude e até de sentimentos sobre você.
Tudo isso serve também com o lado considerado positivo.
Se você admira uma qualidade em alguém, ela estará reprimida em você também.
Repita o exercício acima para o positivo.
Deixe-o sair.
Se alguém traz algo para você ver e você fica fascinado(a), com certeza esse talento faz parte de você. Permita-o existir livremente, mas sem compará-lo, pois cada um de nós é talentoso de uma forma especial.
Todos somos o que todos são.
Por isso nada de julgar ou criticar.
Diga a você que se aceita com todas as partes boas ou ruins reconhecendo-as com o mesmo amor.
A partir dessa atitude você está pronto(a) para SER plenamente e inteiramente a expressão de DEUS.
 
Vera Ghimmel
quinta-feira, 22 de julho de 2010



Dentro de cada coração há um segredo guardado, um segredo que jamais será contado à melhor amiga, nem ao padre nem ao psicanalista.
Não que seja algo que deva ser escondido, mas é uma coisa que não poderá, jamais, ser dividida com ninguém: é uma coisa só sua.
Pode se tratar de um fato que aconteceu e que seria um escândalo se alguém soubesse, uma linda história de amor ou apenas um delírio de imaginação, mas dele ninguém vai saber, nunca.
Virou uma mania contar tudo que nos acontece; mas as mais graves, mais sérias, que vêm lá do fundo, essas não se conta a ninguém.
A gente pensa que certos pensamentos só acontecem com mulheres muito bonitas e homens muito interessantes, gente que já percorreu o mundo e passou por todas as experiências: ledo engano.
Na vida da mais humilde lavadeira da periferia podem ter acontecido coisas que fariam inveja à mais bela e elegante mulher da cidade, que talvez por cuidar tanto de sua beleza e de sua elegância nunca perdeu tempo olhando seu próprio coração.
Quando estiver num lugar cheio de gente, comece a prestar atenção às pessoas, mas uma atenção diferente, mais cuidadosa.
Vai perceber que a mais escandalosamente linda de todas, aquela cujo decote vai até o umbigo, e que a fenda da saia vai até a cintura, não está vestida dessa maneira para verdadeiramente conquistar um homem, mas sim para conquistar todos eles; e todos, nesse caso, quer dizer nenhum.
Em algum canto dessa festa vai haver uma mulher absolutamente normal, de uma idade mais pra lá do que pra cá, conversando com uma amiga; uma daquelas mulheres que se olha e sobre a qual não se pensa nada -ou se pensa, é que ela namorou, noivou, casou, teve filhos, foi fiel e que sua vida foi de um tédio atroz.
Pois é aí que pode -e geralmente está- o engano.
Essas, se é que viveram mesmo uma vida sem grandes e trepidantes histórias de amor, costumam ter tido desejos intensos e inconfessáveis, e quanto mais castas tiverem sido, maior a quantidade deles.
Vamos deixar bem claro que desejar não é cometer nenhuma infidelidade.
Por isso, nada mais natural que isso tenha acontecido com nossas mães, tias e avós.
Talvez, na época pré-Freud, elas não conseguissem identificar com clareza o que estava acontecendo, mas se pensarem agora sobre o medo que alguns homens lhes causavam, o pânico de ficar sozinha na sala com alguns deles e a aversão intensa que outros lhes provocavam, visto sob uma ótica mais moderna e esclarecida, poderia ser medo não deles, mas do desejo delas próprias; medo de se atirar no pescoço de um cunhado ou do filho do farmacêutico, que pela idade poderia ser seu próprio filho.
Quando estiver numa daquelas reuniões de família com aquelas tias que nunca perderam uma missa em toda sua existência, ofereça um licor e puxe pela sua língua.
Ela não vai dizer tudo, claro, até porque não sabe direito, mas não vai ser difícil para você desvendar os mistérios que se escondem naquele coração.
E se quiser ser bem pérfida, puxe pela vida das outras, procure -sutilmente, claro -saber dos podres da família.
Ou vai dizer que na sua nunca teve nenhum?
E quando olhar para sua avó, tão distinta, com os cabelos tão brancos, com um ar tão distante, imagine as loucuras que não devem ter passado pela cabeça dela.
Ou que talvez ainda estejam passando.
 
Danuza Leão


O que será  menos pior: ter uma morte relativamente em paz, com o auxílio de todos os procedimentos para evitar a dor, ou passar dias, semanas, talvez meses, rodeado de médicos e enfermeiras, cheio de tubos, com estranhos aparelhos em volta, lúcido, talvez -o que é bem pior-, para poder viver por mais alguns dias, semanas, talvez meses?
Difícil, a resposta.
Mesmo assim, merece palmas o novo Código de Ética Médica, que dá ao paciente o direito de decidir se o médico deve ou não continuar o tratamento para prolongar sua vida.
Esse paciente, em caso de impossibilidade, pode registrar em cartório o "testamento vital", delegando poderes a alguém para decidir quais os procedimentos que autoriza (ou não), sobretudo para cessar esforços inúteis para ter mais algum tempo de vida, sabe-se lá de que maneira.
A ideia é boa, mas não imagino alguém, em boa saúde, indo ao cartório para fazer esse testamento.
Se já estiver mal, a ideia de levar o tabelião ao hospital é terrível.
E afinal, delegar a alguém o direito de decisão sobre nossa vida é muito sério.
E essa pessoa, será que aceita tal responsabilidade?
É aí que começam os problemas, sobretudo se o doente for rico, pois deve ser alguém de total confiança, que não deixe a menor dúvida quanto à sua decisão.
E, de preferência, que não seja herdeiro.
Ainda vai haver muita briga em torno desse Código de Ética.
Os médicos, para cessarem com os procedimentos, vão querer ver o tal testamento (com firma reconhecida), e se o próprio doente disser que não quer que prolonguem sua vida, já que não existem esperanças, vão querer isso por escrito, para evitar um processo futuro.
Quem ainda não botou sua colher torta no assunto foi a Igreja.
É bem verdade que no momento ela está mal na foto, mas é claro que vai dar seus palpites e dizer que a vida é sagrada etc. e tal.
Tão sagrada que não é permitido aos católicos o uso de nenhum contraceptivo, mesmo em caso de risco de morte.
E a igreja está perdoando tanto -sem nem precisar pedir- que perdoou os Beatles pela blasfêmia ("somos mais famosos do que Jesus") e anos de sexo, drogas e rock and roll; já já estará perdoando os padres pedófilos.
A verdade é que essa história de morte é muito malfeita, e as pessoas não deveriam morrer, apenas tomar um avião e nunca mais dar notícias.
Os amigos poderiam até reclamar, "poxa, nem um telefonema, nem um e-mail com uma foto", mas com o tempo iriam se esquecendo.
Eu tinha um amigo que ficou longo tempo no hospital sofrendo por um monte de coisas.
Num determinado momento de um determinado dia, ele percebeu que estava chegando a hora -ou apenas cansou, nunca vamos saber.
Fez um sinal para a mulher, com quem já tinha combinado tudo, ela ligou o iPod com as músicas de que ele mais gostava, tirou da bolsa uma garrafa de uísque, serviu dois, um para cada um, em copos que havia trazido de casa, com gelo e soda, que vieram em um pequeno isopor.
Enquanto tomavam a primeira dose, ela, que o havia obrigado a deixar o vício de fumar há anos e que nem fumante era, abriu um maço de cigarros, tirou um, acendeu e pôs na mão dele, que sorriu como não fazia há tempos.
Assim passaram a tarde, driblando as enfermeiras, conversando e rindo.
No início da noite, ele se foi; ela, quase feliz, por terem usufruído, juntos, algumas horas de bem-estar.
Houve quem dissesse que eram dois loucos.
Algum tempo depois foi sua vez; passou por todos os sofrimentos de praxe dentro de um hospital, e imagino que tenha pensado em como seria bom ter alguém que lhe oferecesse uma bebida que a ajudasse a ficar levemente eufórica, só que num hospital essas coisas não existem.
Uma pena, aliás.
E essa história é verdadeira.
 
Danuza Leão
domingo, 18 de julho de 2010
Primeiro, devemos entender o significado da palavra feliz.
Muitas pessoas acham que ser feliz é entrar no universo daquilo que foi pré-estabelecido pela sociedade dominante.
No Brasil, parece que é alcançar um posto profissional invejável, ter um carro do ano que desperte admiração, se vestir com roupas aceitas pelas regras de um determinado grupo que a pessoa frequente, ir a lugares caros onde será visto e reconhecido por amigos comuns, viajar a locais da moda, e mais uma vasta quantidade de pré-quesitos sociais de sucesso e aparência para se sentir aceito e aprovado.
Que tormento!
Já atendi muita gente que cumpriu essa extensa lista de afazeres e continua infeliz.
O dinheiro nos traz comodidades, mas se for o objeto de nosso desejo, trará servidão e medo, basta visitar as manchetes dos jornais nos últimos meses.
A pessoa que passa boa parte do seu tempo tomando conta da “bolsa”, do “dólar”, da “onça”, pensa que está vivendo, até infartar ou se matar.
Estou falando de bem-estar interno.
De se gostar e se aceitar plenamente antes de se aventurar às mudanças de vida.
Não para perseguir um sonho que é mais uma satisfação social do que uma agradável jornada.
Não é para fazer feliz papai, mamãe, amigo, etc.
É para se sentir feliz com você.
Nossa história pessoal é apenas parte de nós.
Quando nos olhamos num espelho, temos que transcender a nossa porta de apresentação pessoal (aparência, currículo etc).
Somos maiores do que isso, basta não permitir o EGO tomar conta de tudo.
Ele faz com que nos vejamos limitados, medíocres, presos.
Não é preciso desconstruí-lo, pois ele também é importante para a devida auto-avaliação.
Não se pode é dar poder a ele.
É como se numa empresa de grande porte, chamassem o faxineiro para decidir sobre os rumos da instituição.
Cada um faz bem o que se propõe fazer.
O EGO é um subalterno numa macroestrutura que devemos entregar para quem entende.
Se formos deixar para ele as nossas grandes decisões, estaremos fadados não só ao insucesso como as más escolhas.
O grande diretor presidente de nossa estrutura é o nosso EU SUPERIOR que está “ali” pertinho de DEUS. Quando não temos direção, o melhor a fazer é parar, esvaziar a cabeça e submeter a apreciação d´ELE.
A pergunta é: o que eu estou repetindo que ainda não entendi o porquê?
Quando começou o que eu estou insistindo em fazer e para que propósito, o que está me ensinando?
Uma vez aprendida a lição extraída dessas perguntas, a vida tratará, espontaneamente, de trazer as soluções.
Somos seres duais, vivendo experiências que precisam ser aprendidas.
Não é necessário ficar julgando se fez ou não o que deveria, pois o que foi feito era o possível na hora. Livre-se da culpa, pois além de engessar, não traz nada de inteligente em nossa vida.
Pare de perseguir modelos que não são seus.
Você é único, portanto fará do seu jeito.
Deixe as emoções fluírem, pois elas represadas quando saem, são perigosas.
Não fique preocupado com o que os outros pensarão de você, pois não viemos aqui para sermos avaliados por ninguém, isso é outra cilada.
Ser livre é ter certeza que a sua vida está sendo dirigida pelo melhor pra você.
É poder ver o que aconteceu de trágico ou de bom e dali extrair o que podemos aprender sobre isso. Nenhum acontecimento é em vão.
Tudo está encadeado como numa trama de novela que dará um resultado.
Tenha paciência e não queira ver logo o último capítulo.
Não fique pensando que nada tem solução, isso é a sua voz interna (arquétipo) que está ali para te boicotar.
Quando ela aparecer, converse com ela e faça algumas perguntas tais como o que ela quer dizer com aquilo, de onde surgiu tal história, o que você precisa saber mais sobre isso, até que essa voz não tenha mais função e se transforme num aliado.
Aceite seu lado sombrio ou aquele do qual você não gostaria de expor ou mesmo lembrar.
Lembre-se que tudo faz parte do nosso todo e quanto mais você aceitar aquilo que te envergonha, mais rápido se transforma em algo produtivo.
A nossa vida é uma série de acontecimentos que se forem compreendidos (sem julgamento) após os sentimentos externados, podemos construir algo verdadeiro e só nosso, com o nosso jeito e entusiasmo. Não fique preso no seu drama.
Ele apenas serviu para te construir.
Você é mais do que sua história.
Aceite a sua grandeza.
Isso sim é ser feliz!

Vera Ghimmel - Terapeuta


Somos conduzidos a acreditar que a nossa infância foi uma fase que ficou para trás.
Ouvimos a todo instante que não podemos mais agir como criança.
Carregamos a idéia que somos agora adultos e que não nos cabem mais certas atitudes.
Com isso, engessamos o nosso emocional infantil no passado como se ele fosse algo impróprio.
Mas é aí que começam os problemas.
Nossa criança ainda está conosco.
É ela que se relaciona com a parte emocional das nossas relações como a educação dos filhos, convivência com os(as) companheiros(as), e tantas outras interações do nosso cotidiano.
Uma criança bem resolvida é um adulto equilibrado.
E para ilustrar melhor, tomo como exemplo um atendimento em que um homem que exercia chefia num jornal, não se continha quando alguém deixava de comparecer às suas festas, principalmente a dos seus filhos. Agredia verbalmente o “faltoso” sem entender bem porquê.
Veio me procurar quando viu a iminente possibilidade de sair no braço com um grande amigo e colega que faltara à festa de seu filho, sem dar nenhuma satisfação.
Ficou assustado com o ódio que lhe acometera diante daquele que nunca havia lhe feito nada de ruim.
Quando começamos a sessão, identifiquei, em seu campo energético, o registro de uma criança, de cerca de 2 anos, deprimida porque alguém tinha ido embora.
Ele me relatou que sua mãe teria saído de casa, sem dar nenhuma satisfação e voltara há pouco tempo (cerca de 40 anos depois), batendo em sua porta, como se nada tivesse acontecido, com um discurso de “vim para conhecer os meus netos”.
Ele a recebeu perplexo e, como todo “adulto equilibrado e maduro”, deixou-a participar de sua vida.
Mas a criança que habitava nesse homem não havia expressado a sua real tristeza, decepção e raiva pelo abandono e como não é “educado ou correto brigar com a mãe” ele descarregava a sua ira em cima de seus colegas e amigos que ousavam desaparecer sem dar satisfação.
Tão logo canalizei a imagem internalizada de sua mãe com o ar “blasé” de quem nada tinha a dizer, sua revolta e ódio se exteriorizaram.
Nem preciso dizer que se não tenho um “santo forte”, quase apanhava.
Era preciso expressar toda a sua tristeza, indignação e rejeição para que parasse de fazê-lo em situações outras.
Precisamos compreender que quando temos algo mal resolvido em infância, isso não ficará inerte em nossos arquivos.
A vida tratará de atrair situações para que essa criança interior seja acordada e provocada.
Na própria educação dos filhos, vemos eles repetirem as mesmas coisas que fazíamos quando criança. Essa é a prova de que passamos esse emocional infantil quando os educamos.
Quando reagimos com exagero diante de uma situação ou nos omitimos diante de responsabilidades, pode procurar que vai encontrar a sua criança interior com as mesmas reações.
Ela precisa ser acolhida e se sentir amada e somente você pode fazer isso.
Uma criança que foi castrada em sua espontaneidade, certamente será um adulto tímido, com medo de se expor, de se envolver afetivamente, insegura com seus próprios potenciais.
O adulto é quem racionaliza, mas é a nossa criança que sofre.
Soltar a criança não significa sair por aí fazendo bobagens ou cometendo irresponsabilidades.
Quando canalizo a criança do paciente e ele vê como verdadeiramente ela se encontra, é naquele momento que se tem a oportunidade de reeducá-la, ampará-la e lhe dar tudo aquilo que lhe faltou, resgatando a sua dignidade, sua emoção, sua alegria, sua auto-estima, sua criatividade e acima de tudo sua conexão natural com Deus.
Uma criança bem reprogramada, certamente será um adulto feliz!
 
Vera Ghimmel - Terapeuta


Eu acredito que existe um Deus que cuida bem de nós e sabe o que faz.
Eu acredito que a lógica de Deus é superior à minha capacidade de compreensão.
Eu acredito que Deus nunca erra, embora, às vezes, eu não seja capaz de entender a razão de meu sofrimento.
Tudo o que acontece com a gente tem um propósito, tem um porquê.
Basta olhar para trás, percorrendo nossa trajetória, para perceber quanto as experiências do passado – as dolorosas e as felizes – foram importantes para que chegássemos aonde estamos hoje.
Pessoas que tiveram doenças graves, um câncer, por exemplo, e precisaram fazer tratamentos dolorosos, como quimioterapia, normalmente passam a enxergar a vida de forma diferente depois que todo o sofrimento cessa.
Percebem então quanto essa experiência difícil foi importante para que aprendessem muitas coisas sobre a vida que ainda não sabiam.
As jornadas mais complicadas sempre são aquelas que nos trazem mais sabedoria.
Como nas histórias dos heróis de todos os tempos, há sempre o momento de enfrentar o grande desafio, de encarar a caverna mais profunda de toda a jornada.
É nesse instante que o herói deve provar que tem força para seguir em frente.
O jornalista Mario Rosa mostra, em seu livro A Síndrome de Aquiles (Gente, 2001), uma imagem muito bonita do significado dos incêndios em nossa vida:
“Quem já foi a um parque como o Yosemite, na Califórnia, teve o raro privilégio de ver de perto o maior monumento vivo do reino vegetal: as legendárias sequóias.
Essas árvores alcançam alturas impressionantes e chegam a viver até 4 mil anos.
É quando se está diante de um portento tão poderoso como uma sequóia, vendo-a viva, tocando essa testemunha da História de nosso planeta, que quarenta séculos de vida deixam de ser apenas um número e passam a evocar uma forte emoção e algumas reflexões.
Uma sequóia já estava naquele mesmo lugar há 2 mil anos, quando Jesus nasceu.
Quando a civilização egípcia estava terminando a construção da Grande Pirâmide de Gizé, as sequóias que hoje vemos vivas e pujantes já haviam brotado da terra.
Se compararmos a duração da vida de uma sequóia com a de um ser humano, descobriremos que cinco anos dessa árvore representam em relação ao todo de sua existência o mesmo que um mês significa para um ser humano.
Assim, a explosão nuclear que devastou Hiroshima e Nagasaki e pôs fim à Segunda Guerra Mundial, vista sob a perspectiva da vida de uma sequóia, ocorreu não faz um ano.
O fim da Guerra do Vietnã se deu no semestre passado.
E a morte de Lady Di, há dois fins de semana.
Intrigados com tanta força e resistência, os cientistas, com o passar do tempo, foram descobrindo os fatores que fazem com que as sequóias sejam esse fenômeno de sobrevivência.
Um dos segredos da vida de uma sequóia é o fato de que, por ser tão alta, atrai raios durante as tempestades.
São justamente os raios que provocam incêndios que, por sua vez, destroem os galhos mais pesados da árvore, possibilitando-lhe que concentre sua seiva nos galhos realmente indispensáveis.
Em sua vida, raios, tempestades e incêndios são crises que, em vez de destruição, permitem purificação. Fazem com que ela não desperdice seiva, concentrando-se nos ramos essenciais.
Isso permite que continue crescendo.
E sobrevivendo”.
Tal como as sequóias, nós somos seres com poderes infinitos, precisamos apenas que alguns raios nos ataquem para conhecermos nossa força.
Muitas vezes a dor parecerá insuportável, as perdas, insuperáveis, os obstáculos, intransponíveis.
Mas, com fé e determinação, descobriremos que somos maiores que tudo isso e, no final,celebraremos nossas vitórias.

Roberto Shinyashiki

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“As palavras são a voz do coração. Onde quer que você vá,vá com todo o coração. Por muito longe que o espírito alcance,nunca irá tão longe como o coração.”(Confúcio)

Quem sou eu

Sou uma pessoa de bem com a vida e dificilmente você me verá de mau humor.Tento levar a risca o ditado "não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você". Procuro me rodear de pessoas alegres e que me olham nos olhos quando eu falo. Acredito que energia positiva atrai energia positiva.

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